Todo ano, nessa época, a casa da aposentada Elaine Rosa, 47 anos, e do metalúrgico José Carlos dos Santos, 64, se transforma. Brinquedos, papéis de presente e fitas se misturam em um quarto da casa humilde na Boa Vista. São os preparativos do Papai Noel e da Mamãe Noel, que todo sábado antes do Natal distribuem presentes e alegria para as crianças dos bairros carentes de Rio Preto.
Uma promessa pela filha que ainda não tinha nascido. Foi assim que começou o trabalho voluntário do casal. “Eu engravidei com 41 anos e, não bastando a gravidez de risco pela idade, passei por exames como tomografia sem saber que estava esperando um bebê. O médico disse que minha filha provavelmente teria sequelas, então começamos a rezar”, conta Elaine.
Seguindo o espiritismo, os dois prometeram que se a filha nascesse com saúde perfeita, começariam um trabalho com crianças, e há 15 anos nunca deixaram de fazer a felicidade dos pequenos cujos pais não têm condições financeiras. No começo a iniciativa era tímida. Eles arrecadavam brinquedos com os vizinhos, consertavam o que vinha quebrado e distribuíam em bairros próximos ao antigo Cadeião. Aos poucos foram ampliando e hoje, além do Natal, organizam ações na Páscoa, Dia das Crianças e também trabalham com idosos.
Retribuição
Para Elaine, além do agradecimento pela boa saúde da filha caçula (eles também são pais de uma jovem de 32 anos), o trabalho com as crianças reflete sua infância difícil. “Meus pais se separaram quando eu tinha 4 anos e minha mãe me criou sozinha. Sempre passamos muita necessidade, então eu me vejo no lugar desses pequenos. Queria eu que alguém tivesse me dado um presente no Natal”, afirma a aposentada.
O Papai Noel, que durante o dia trabalha em uma metalúrgica, garante que não se cansa da dupla jornada. “A gente faz por amor, então não cansa. Ver a alegria no rostinho deles não tem preço, isso revigora a alma”, declara Santos. Eles raramente reencontram crianças que receberam os brinquedos, mas nunca se esquecem do momento que compartilharam. “Uma vez um menino estava passando com um triciclo e eu pedi para dar uma volta, vestido de Papai Noel.
Ele disse que não podia porque a bicicletinha não era dele. Abri o porta-malas do carro e tirei uma bicicleta. Ele nem acreditou quando viu, me perguntava se era dele mesmo, se eu não tomaria de volta. Foi emocionante”, conta Santos. Quem ajuda o casal uma vez, ajuda sempre. “Recebemos doações de Rio Preto, Mirassol, Monte Aprazível e outras cidades. Já estou tendo que recusar doações porque não temos onde colocar. A casa da minha mãe já está cheia de brinquedos”, afirma Elaine, que contabiliza pelo menos 500 presentes arrecadados.
Eles ainda recuperam presentes usados que chegam quebrados
Iniciativa inspira a filha
Razão do trabalho voluntário dos pais, a jovem Joselaine Aparecida dos Santos, 15 anos, também participa das ações realizadas pela Ong Estrela Guia, criada pelos pais. “Esse trabalho deles é muito importante. Me ajuda a crescer espiritualmente e materialmente. Às vezes, quando estou em um momento de dificuldade, me lembro das pessoas que ajudamos e vejo que tem muita gente com mais dificuldades do que eu”, conta. Responsável pelo registro das ações voluntárias, Joselaine grava DVDs com fotos e filmagens para os pais levarem a possíveis colaboradores. “A gente sempre quer mostrar que trabalha sério.”
Para economizar e facilitar o acesso de todos às informações sobre a Ong e o trabalho do casal, a adolescente teve a ideia de criar um blog - www.ongestrelaguia.blogspot.com.br. “Assim, quando eles vão pedir alguma doação, ajuda, ou quando quem doou quer saber para onde foi seu auxílio, é só acessar a página na internet. Tornou tudo mais barato e prático”, conta orgulhosa. Além da manutenção do blog, Joselaine conta que gosta de ajudar os pais no conserto e embalagem dos brinquedos. “Me identifico mais com a parte de manutenção dos brinquedos. Adoro consertar, montar, acho prazeroso.”
Joselaine ajuda os pais e criou blog para atrair colaboradores
Ação inclui visita a entidades
Além do trabalho de arrecadação de brinquedos, ovos de páscoa, kits de higiene e outras diversas ações que Elaine Rosa e José Carlos dos Santos realizam, o casal também doa seu tempo, atenção e companhia. Prova disso é que a família nunca passa domingos de Páscoa, dias de Natal ou outras datas comemorativas em casa, reunida. “A gente sempre procura uma entidade onde as pessoas precisem de atenção, como asilos, orfanatos e afins”, explica Elaine.
O trabalho voluntário começou por uma promessa pela saúde da filha Joselaine, que ainda não tinha nascido, mas a iniciativa de passar essas datas comemorativas com quem precisa de carinho foi de Elaine. “Eu sempre fui muito pobre e vivia sozinha com minha mãe. Quando era pequena, via as pessoas reunidas para o Natal e outras datas e achava muito bonito. Sempre quis ter isso, mas acabava sendo rejeitada porque não fazia parte das famílias”, conta a aposentada.
Para eles, esse trabalho tão próximo de crianças e idosos é prazeroso, mas pode ser também muito triste. “Principalmente com os idosos, temos que nos controlar, porque enquanto alguns riem de felicidade pela nossa presença, outros choram e isso corta o coração. É pesado, mas gratificante”, diz Santos.
"Ontem chorei, vi nos olhos de uma criança, um olhar sem amanhã."
* Mostrar a realidade
A minha intenção ao colocar estas postagens é de mostrar todos os problemas que envolvem as crianças abandonadas.
Tanto os problemas relacionados ao abandono, como também os traumas, as mentiras, os preconceitos. O que envolve os pais que abandonam, os pais que adotam e os filhos adotivos.
Quando se toma uma decisão de adotar é uma responsabilidade muito grande,pois se trata de um ser humano, e as marcas e recordações ficaram pra vida toda.
Tanto os problemas relacionados ao abandono, como também os traumas, as mentiras, os preconceitos. O que envolve os pais que abandonam, os pais que adotam e os filhos adotivos.
Quando se toma uma decisão de adotar é uma responsabilidade muito grande,pois se trata de um ser humano, e as marcas e recordações ficaram pra vida toda.
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