"Ontem chorei, vi nos olhos de uma criança, um olhar sem amanhã."
* Mostrar a realidade
A minha intenção ao colocar estas postagens é de mostrar todos os problemas que envolvem as crianças abandonadas.
Tanto os problemas relacionados ao abandono, como também os traumas, as mentiras, os preconceitos. O que envolve os pais que abandonam, os pais que adotam e os filhos adotivos.
Quando se toma uma decisão de adotar é uma responsabilidade muito grande,pois se trata de um ser humano, e as marcas e recordações ficaram pra vida toda.
Tanto os problemas relacionados ao abandono, como também os traumas, as mentiras, os preconceitos. O que envolve os pais que abandonam, os pais que adotam e os filhos adotivos.
Quando se toma uma decisão de adotar é uma responsabilidade muito grande,pois se trata de um ser humano, e as marcas e recordações ficaram pra vida toda.
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quarta-feira, 3 de julho de 2013
O peso do segredo na adoção
"Todo ser humano precisa da verdade sobre a sua existência para apropriar-se desta e organizar-se dentro de sua própria vida". (Cintia Liana)
A chegada do filho, que é trazido pelos pais adotivos, é tão perfeita como no parto. Na adoção existe a substituição completa da família de origem, exceto a nível biológico. (FLARTMAN, 1994)
O Segredo na adoção pode significar sinal de insegurança dos pais ou de que nem eles mesmos vêem ou acreditam na beleza da relação adotiva. Medo? Vontade de encobrir uma possível infertilidade? Receio do filho sofrer preconceito? Sim, isso é real, mas é algo que precisa ser trabalhado e não levar os pais a trazerem um outro problema para o filho, ou seja, colocarem nas costas dele "o peso insuportável e incômodo do segredo".
A criança já cresce sentindo um mal estar, um tabu relacionado a sua existência, algo que não é falado, pois é entendido como "feio". O problema que não é falado é a história dela, da criança. Mais que complicado crescer sem saber o que te aflige inconscientemente é esse mal estar voltado para a sua própria história de vida, para o seu nascimento, ou seja, o sentimento em torno de sua vida e a forma em como chegou está contaminado por algo que não é dito, que nem os pais, que deveriam ser fortes o suficiente e enfrentar os seus fantasmas, estão dando conta.
No fundo, essa história pode ser um eterno fantasma, um peso para toda a família, motivo de repúdio e fazer com que a criança cresça sentindo um mal estar que ela nunca conseguirá decifrar, só sentirá que sua vida está ligada a um segredo indesvendável, segredo este que envolve a forma como ela foi gerada e que compromete a relação de respeito e confiança com as pessoas que ele deveria mais confiar, os pais adotivos.
Um ser humano estigmatizado é protegido por um segredo, mas o segredo também promove a estigmatização. (FLARTMAN, 1994)
Os pais acham que sabem esconder bem, mas a linguagem vai muito além da falada, da consciente. Há a linguagem do olhar, do toque, dos gestos e toda a infinidade de linguagens inconscientes que vão além de nosso controle e entendimento.
Como será tocar no filho e pensar, "eu não te conto que você nasceu de outra barriga porque tenho medo de você não me amar como uma mãe de verdade". Ela mesma já se sente a "mãe de mentira". E quem é a mãe de verdade? Não é aquela que está junto? Deve ser muito mais difícil pensar isso todas as vezes que abraçar o filho e crescer nesta culpa, ao invés de abrir a alma, o corpo, a voz e todas as portas do universo para a verdade mais justa e tranquila, a verdade que o filho merece, a verdade que não pode ser roubada dele.
Será que é mais fácil omitir, mentir ou preparar o filho para ser um grande homem, enxergando todo o lado positivo da adoção e lamentar o que se deve de fato? O segredo serve para quê, proteger o filho de sua própria história?
A verdade ninguém muda, por pior que ela seja é a única que existe, o que pode mudar é a nossa postura diante dela, assim tudo pode ficar mais leve e mais bonito.
Se alimantarmos o segredo, além de plantarmos em nosso lar a desconfiança estamos, desta forma, aceitando o preconceito de achar que a relação adotiva é inferior a biológica.
Sobre o segredo e a dificuldade em dar o espaço merecido à verdade, o adotado fala de uma sensação de vazio, de um vácuo que causa perturabação e dor. Deve mesmo ser muito assustador e desnorteante não fazer contato consciente com a sua própria história de vida. Muitas coisas parecem não fazer sentido. A identidade do adotado estará intimamente ligada ao segredo.
As pesquisas científicas revelam que pais adotivos que discutem abertamente e compartilham informações criam adultos mais seguros e com um senso firme de self. (FLARTMAN, 1994)
A aceitação da diferença é uma variável importante na previsão de adoções bem sucedidas. Isso é também de grande importância aos olhos do técnicos que avaliam os candidatos a habilitação.
Sobre todos os aspectos da adoção, a crianças deve sentir que sua chegada ao mundo foi um acontecimemto especial e que a sua vida vale a pena ser contada.
Referência:
FLARTMAN, A. Segredos na família e na terapia familiar. Porto Alegre: Artes Médicas,
terça-feira, 11 de junho de 2013
Cadastro Nacional de Adoção completa cinco anos sem atingir seus objetivos
O Cadastro Nacional de Adoção acaba de completar cinco anos, mas ainda está longe de atingir seus objetivos: agilizar processos na Justiça e reduzir o número de crianças em abrigos.
Criado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o cadastro tem 29.284 adultos em busca de um filho e 5.471 menores aptos a serem adotados. Pouco para um universo de mais de 45 mil crianças e jovens à espera de um lar.
Há quase 40 mil crianças em abrigos que não estão no cadastro nacional porque ainda têm algum vínculo com a família biológica.
É uma segurança: a criança só é cadastrada quando há uma sentença de destituição do poder familiar e não há mais qualquer possibilidade de a família recorrer, explica o advogado Antonio Carlos Berlini, presidente da comissão de adoção da OAB-SP.
“Tem muito processo parado, muita criança crescendo em abrigos. Os números oficiais dizem cerca de 40 mil, mas estima-se que mais de 60 mil estejam em instituições hoje”, afirma Berlini.
Esse problema é anterior ao CNA (sigla para cadastro nacional), diz a advogada Silvana do Monte Moreira, presidente da comissão de adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família.
“Falta equipe técnica nas Varas da Infância e da Juventude. Isso faz com que todos os processos demorem. A habilitação dos pretendentes, que depende de entrevistas e visitas domiciliares, atrasa.”
A gerente executiva do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo, Mônica Natale, conhece pretendentes que esperam há dois anos para entrar na fila. “A situação é pior no interior”, avalia.
CAIXA -PRETA
Uma das vantagens trazidas pelo cadastro nacional foi a “abertura da caixa-preta dos abrigos”, segundo Maria Bárbara Toledo, presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção.
Mesmo sem incluir todos os processos, os números registrados pelo CNA nesses cinco anos formam um retrato mais preciso da situação da adoção no Brasil e permitem uma análise do que melhorou e de onde estão os principais gargalos.
Preconceito de cor, por exemplo, ainda atrapalha, mas vem caindo: em 2010, apenas 31% dos pretendentes afirmavam não se importar com a cor da pele da criança; hoje, 40% atestam isso no formulário do cadastro.
O perfil da criança buscada já mudou muito, segundo Moreira. A mudança começou a partir de 2009, quando passou a ser obrigatório para os candidatos a pais adotivos fazer um curso na Vara da Infância ou em grupos de apoio.
“Nesses cursos são debatidos aspectos da adoção inter-racial, de crianças mais velhas e de grupos de irmãos.”
TEMPO E GENTE
Idade é o gargalo. Nove em dez pessoas querem crianças de até cinco anos, faixa que corresponde a menos de 10% das cadastradas. Para 90% entre oito e 17 anos, o percentual de adultos dispostos a adotá-las é em torno de 2%.
Bárbara Toledo afirma que os grupos de apoio fazem um trabalho de persuasão em favor das “adoções necessárias”. Mas não dá para atribuir aos candidatos a pais adotivos toda a responsabilidade para resolver a questão.
“Falar que os pretendentes são preconceituosos por não quererem crianças mais velhas é covardia”, diz ela.
A solução, para Silvana Moreira, passa pela contratação de profissionais para tornar os processos rápidos, sem arranhar os direitos das famílias. “Hoje muitas crianças ficam no limbo jurídico e acabam sendo filhas do abrigo.”
Há quase 40 mil crianças em abrigos que não estão no cadastro nacional porque ainda têm algum vínculo com a família biológica.
É uma segurança: a criança só é cadastrada quando há uma sentença de destituição do poder familiar e não há mais qualquer possibilidade de a família recorrer, explica o advogado Antonio Carlos Berlini, presidente da comissão de adoção da OAB-SP.
“Tem muito processo parado, muita criança crescendo em abrigos. Os números oficiais dizem cerca de 40 mil, mas estima-se que mais de 60 mil estejam em instituições hoje”, afirma Berlini.
Esse problema é anterior ao CNA (sigla para cadastro nacional), diz a advogada Silvana do Monte Moreira, presidente da comissão de adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família.
“Falta equipe técnica nas Varas da Infância e da Juventude. Isso faz com que todos os processos demorem. A habilitação dos pretendentes, que depende de entrevistas e visitas domiciliares, atrasa.”
A gerente executiva do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo, Mônica Natale, conhece pretendentes que esperam há dois anos para entrar na fila. “A situação é pior no interior”, avalia.
CAIXA -PRETA
Uma das vantagens trazidas pelo cadastro nacional foi a “abertura da caixa-preta dos abrigos”, segundo Maria Bárbara Toledo, presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção.
Mesmo sem incluir todos os processos, os números registrados pelo CNA nesses cinco anos formam um retrato mais preciso da situação da adoção no Brasil e permitem uma análise do que melhorou e de onde estão os principais gargalos.
Preconceito de cor, por exemplo, ainda atrapalha, mas vem caindo: em 2010, apenas 31% dos pretendentes afirmavam não se importar com a cor da pele da criança; hoje, 40% atestam isso no formulário do cadastro.
O perfil da criança buscada já mudou muito, segundo Moreira. A mudança começou a partir de 2009, quando passou a ser obrigatório para os candidatos a pais adotivos fazer um curso na Vara da Infância ou em grupos de apoio.
“Nesses cursos são debatidos aspectos da adoção inter-racial, de crianças mais velhas e de grupos de irmãos.”
TEMPO E GENTE
Idade é o gargalo. Nove em dez pessoas querem crianças de até cinco anos, faixa que corresponde a menos de 10% das cadastradas. Para 90% entre oito e 17 anos, o percentual de adultos dispostos a adotá-las é em torno de 2%.
Bárbara Toledo afirma que os grupos de apoio fazem um trabalho de persuasão em favor das “adoções necessárias”. Mas não dá para atribuir aos candidatos a pais adotivos toda a responsabilidade para resolver a questão.
“Falar que os pretendentes são preconceituosos por não quererem crianças mais velhas é covardia”, diz ela.
A solução, para Silvana Moreira, passa pela contratação de profissionais para tornar os processos rápidos, sem arranhar os direitos das famílias. “Hoje muitas crianças ficam no limbo jurídico e acabam sendo filhas do abrigo.”
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Mãe de recém-nascido resgatado em encanamento na China aparece
Um recém-nascido sobreviveu após ficar mais de duas horas preso em um encanamento de esgoto na cidade de Jinhua, na China.Segundo o “Zhejiang Online”, o bebê ainda estava ligado à placenta quando foi resgatado pelos bombeiros, que demoraram uma hora para cortar o cano de dez centímetros de diâmetro que prendia a criança. Apenas após chegar ao hospital, sob supervisão médica, ela foi retirada da tubulação.
O menino sofreu alguns ferimentos, mas está fora de perigo. Ele recebeu o apelido de “Bebê 59”, por conta do número da incubadora onde está no hospital. O vídeo do resgate, que inclui cenas do bebê sendo retirado do encanamento por uma equipe médica, foi exibido em diversos programas de televisão chineses e está disponível na Internet. Pelo microblog chinês Weibo, a polícia informou que havia localizado a mãe da criança e que o caso seria investigado, sem dar detalhes.
Versões
Ainda não está claro se o caso foi um acidente ou algo proposital. Segundo um policial ouvido pela agência France Presse, a mãe da criança, que tem 22 anos e é solteira, havia ocultado a gravidez dos vizinhos para não ser vítima de ostracismo. Ela teria dito que o parto ocorreu de maneira inesperada enquanto usava um banheiro turco. Segundo essa versão, a mãe teria sido a primeira a acionar as autoridades e acompanhou todo o processo de resgate.
Já a Associated Press disse que os policiais foram acionados pelos vizinhos, que ouviram choros da criança no banheiro público do prédio.A história causou comoção no país e levou a uma enxurrada de doações de fraldas, roupas e leite em pó para o bebê. Diversos casais já se prontificaram a adotá-lo.
O abandono de criança no país se dá por mães muito jovens, a valorização de meninos, ou as regras de controle familiar.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Recém-nascido resgatado de um cano esgoto na China
28 Mai, 2013, 08:29
No leste da China, bombeiros resgataram com vida um recém-nascido que estava num tubo de esgoto de um prédio de habitação. Os moradores ouviram a criança chorar e deram o alerta. Os bombeiros acorreram ao local e encontraram o bebé ileso ainda com a placenta. A operação de resgate demorou cerca de uma hora. A criança foi levada para o hospital e está bem de saúde. Não se sabe quem são os pais. A polícia está a investigar o caso.
No leste da China, bombeiros resgataram com vida um recém-nascido que estava num tubo de esgoto de um prédio de habitação. Os moradores ouviram a criança chorar e deram o alerta. Os bombeiros acorreram ao local e encontraram o bebé ileso ainda com a placenta. A operação de resgate demorou cerca de uma hora. A criança foi levada para o hospital e está bem de saúde. Não se sabe quem são os pais. A polícia está a investigar o caso.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Mães que matam ou abandonam os próprios filhos
Cresce no país o número de crianças abandonadas logo após o nascimento.
Bernardo Campos Carvalho*
Cresce no País o número de crianças abandonadas ou mortas logo após o nascimento. Ultimamente, os noticiários têm relatado inúmeros casos do gênero, o que choca a sociedade. Abandono ou assassinato de recém-nascidos pelas genitoras é uma espécie de crime especial, contendo instituto próprio (artigo 123 do Código Penal) e denominado infanticídio, já que somente pode ser praticado pela mãe, em estado agudo de depressão, durante o parto ou no pós-parto, face ao denominado estado puerperal, período compreendido entre a expulsão da placenta e a volta do organismo da mãe para o estado anterior a gravidez.
A mãe, em geral, no estado puerperal, apresenta um quadro crônico de depressão, não aceitando a criança, não desejando amamentá-la e, normalmente, também fica sem se alimentar, entrando em crise psicótica, podendo chegar a matar o próprio filho. O infanticídio tem tratamento diferente do homicídio comum, pois é diferenciado, principalmente, pela pena, já que no crime comum (artigo 121 do Código Penal) é de reclusão, de seis a 20 anos, ao passo que crime de Infanticídio (artigo 123 da Lei Penal) a pena é mais branda, com detenção de dois a seis anos.
Não existe um prazo matemático para a ocorrência ou para ficar patente o diagnóstico psicodinâmico de transtorno de estresse agudo no estado puerperal, tendo o Código Penal de 1940 transferido sabiamente à perícia médica legal a responsabilidade pela comprovação material desse delito, já que existem muitas correntes a respeito, umas delimitando o prazo de um dia e, em outras, estendendo em meses.
As variações psíquicas, decorrentes do estado puerperal, são tão intensas que os crimes cometidos sob esse estado são frios e cruéis, como, por exemplo, o ocorrido na Comarca de Guaratinguetá (SP), testemunhado por uma médica que relatou ter sido chamada para atender um caso hemorragia. De acordo com a médica, a mulher estava vestida com uma calça de lycra e não teria como saber se a roupa tinha elasticidade que possibilitasse a criança nascer e ficar sob o corpo dela. A médica pediu que a mulher tirasse a roupa para examiná-la e a criança caiu. A profissional comentou com a mulher que ela tinha dado à luz a uma criança e estava sentada sobre ela e a mulher respondeu que "a criança não era nem para ser nascida".
Com esse caso para ilustrar, é preciso esclarecer que tanto o infanticídio, o homicídio, quanto o aborto, por força de lei são julgados pelo Tribunal do Júri, ou seja, são julgados pelo povo. É a forma mais democrática e limpa de fazer Justiça. Por isso, esta instituição é tão importante e ressalte-se, o jurado brasileiro, por ser leigo, é muito humano, mas em momento algum é omisso ou irresponsável. A verdadeira democracia, necessariamente, passa pelo Tribunal do Júri.
Bernardo Campos Carvalho*
Cresce no País o número de crianças abandonadas ou mortas logo após o nascimento. Ultimamente, os noticiários têm relatado inúmeros casos do gênero, o que choca a sociedade. Abandono ou assassinato de recém-nascidos pelas genitoras é uma espécie de crime especial, contendo instituto próprio (artigo 123 do Código Penal) e denominado infanticídio, já que somente pode ser praticado pela mãe, em estado agudo de depressão, durante o parto ou no pós-parto, face ao denominado estado puerperal, período compreendido entre a expulsão da placenta e a volta do organismo da mãe para o estado anterior a gravidez.
A mãe, em geral, no estado puerperal, apresenta um quadro crônico de depressão, não aceitando a criança, não desejando amamentá-la e, normalmente, também fica sem se alimentar, entrando em crise psicótica, podendo chegar a matar o próprio filho. O infanticídio tem tratamento diferente do homicídio comum, pois é diferenciado, principalmente, pela pena, já que no crime comum (artigo 121 do Código Penal) é de reclusão, de seis a 20 anos, ao passo que crime de Infanticídio (artigo 123 da Lei Penal) a pena é mais branda, com detenção de dois a seis anos.
Não existe um prazo matemático para a ocorrência ou para ficar patente o diagnóstico psicodinâmico de transtorno de estresse agudo no estado puerperal, tendo o Código Penal de 1940 transferido sabiamente à perícia médica legal a responsabilidade pela comprovação material desse delito, já que existem muitas correntes a respeito, umas delimitando o prazo de um dia e, em outras, estendendo em meses.
As variações psíquicas, decorrentes do estado puerperal, são tão intensas que os crimes cometidos sob esse estado são frios e cruéis, como, por exemplo, o ocorrido na Comarca de Guaratinguetá (SP), testemunhado por uma médica que relatou ter sido chamada para atender um caso hemorragia. De acordo com a médica, a mulher estava vestida com uma calça de lycra e não teria como saber se a roupa tinha elasticidade que possibilitasse a criança nascer e ficar sob o corpo dela. A médica pediu que a mulher tirasse a roupa para examiná-la e a criança caiu. A profissional comentou com a mulher que ela tinha dado à luz a uma criança e estava sentada sobre ela e a mulher respondeu que "a criança não era nem para ser nascida".
Com esse caso para ilustrar, é preciso esclarecer que tanto o infanticídio, o homicídio, quanto o aborto, por força de lei são julgados pelo Tribunal do Júri, ou seja, são julgados pelo povo. É a forma mais democrática e limpa de fazer Justiça. Por isso, esta instituição é tão importante e ressalte-se, o jurado brasileiro, por ser leigo, é muito humano, mas em momento algum é omisso ou irresponsável. A verdadeira democracia, necessariamente, passa pelo Tribunal do Júri.
O Brasil.
Por Roberto Tardelli
O Brasil está chato demais. É o Brasil de bandido bom ser o bandido morto, é o Brasil da cadeia, da prisão como forma de solução de conflitos sociais, é o Brasil que repele a ascensão social, que odeia ver ...pretos em faculdades públicas, é o Brasil que retrocede e que vai alinhando o apartheid como forma de organização social, made in Brazil.
O Brasil está entorpecido, intolerante, raivoso, matador, ressentido, vingativo, cruel, racista. Nas redes sociais, as fotos dos "bandidos", sempre negros armados, crianças negras armadas, atores mirins, em cena de filme brutalmente sequestrada para a realidade. Queremos prender crianças, queremos bater, defendemos torturar criminosos, defendemos invadir bairros pretos, defendemos grampos clandestinos, defendemos matar, defendemos chuva de tiros...
O Brasil tem os olhos crispados de ódio. Na TV, na histeria eletrônica, uma prova de resistência física: um repórter, meio galã, meio jornalista, deveria subir uma simulação de escadaria de uma favela com um pesadíssimo equipamento de ataque e morte nas costas. Por não conseguir, enaltece os agentes da lei que o conseguem. A finalidade passou despercebida: invadir favelas, lugar habitado por pretos e quase pretos de tão pobres, como os definiu genialmente Caetano Veloso.
Em qualquer programa, revista, jornal, a impunidade. Um menino de dezesseis anos atropelou uma senhora porque está impune; o outro bebeu e brigou com feridos e palavras obscenas aos policiais, certamente porque impune; a mãe reclama que não mais pode bater no filho, no tempo dela havia respeito porque ela podia ser espancada pela mãe amorosa. O crime horrendo e barbado somente ocorreu porque está impune, como se fosse possível punir-se antes do crime.
O Governador do estado mais rico, com um senso de oportunismo digno de um centro avante, corre na frente e apresenta um projeto de lei para aumentar a pena, para aumentar o castigo. Um preto é morto numa caçada, sob aplausos febris da população que queria mais pretos mortos. “Menos um”, é o sentimento de todos.
Minha cabeça vai explodir, não era e não é esse o país que imaginei legar para meus filhos. Nas ruas, leio uma sucessão de bilhetes zangados aos donos de cães, enquanto passeio com minha cachorra.
Porém, de repente, um ar maravilhosamente fresco, a me dar a perceber que a manhã está radiante, linda, clara. A poucos metros de mim, a mãe caminha com seu filhinho para escola. Em dado momento, inesperadamente eles dançam e é nítida sua felicidade com o garotinho que ri aberto, que ri solto e livre. Dançam com uma pequena bola que ela tirou da mochila. Ele tenta a embaixada, ela consegue e lhe devolve a pelota, guardada como se fosse um tesouro. “Esse promete”...
Ele não se contém de felicidade. O Brasil deles é o outro. Esse um que pretendem expulsar. São, claro, repreendidos por alguém que passa por ali e não se conforma de ver a liberdade livre e solta na rua. Dão de ombros e continuam incompreensivelmente felizes.
Por mais que se tente, por mais que se tenha eficiência, por mais que se queira impor o terror e o sectarismo, há um Brasil resiste, brinca, dança e faz embaixadas. E que é livre e feliz, apesar das adversidades tantas que tem.
É desse Brasil que eu espero ver meus filhos construindo suas vidas e suas aventuras.
Plural e fraterno. Sem preconceitos e justo. Fundado na dignidade humana. Em que estejamos voltados a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos.
Enfim, como o garotinho e sua mãe, livre e feliz, apesar das adversidades tantas que tem.
O Brasil está chato demais. É o Brasil de bandido bom ser o bandido morto, é o Brasil da cadeia, da prisão como forma de solução de conflitos sociais, é o Brasil que repele a ascensão social, que odeia ver ...pretos em faculdades públicas, é o Brasil que retrocede e que vai alinhando o apartheid como forma de organização social, made in Brazil.
O Brasil está entorpecido, intolerante, raivoso, matador, ressentido, vingativo, cruel, racista. Nas redes sociais, as fotos dos "bandidos", sempre negros armados, crianças negras armadas, atores mirins, em cena de filme brutalmente sequestrada para a realidade. Queremos prender crianças, queremos bater, defendemos torturar criminosos, defendemos invadir bairros pretos, defendemos grampos clandestinos, defendemos matar, defendemos chuva de tiros...
O Brasil tem os olhos crispados de ódio. Na TV, na histeria eletrônica, uma prova de resistência física: um repórter, meio galã, meio jornalista, deveria subir uma simulação de escadaria de uma favela com um pesadíssimo equipamento de ataque e morte nas costas. Por não conseguir, enaltece os agentes da lei que o conseguem. A finalidade passou despercebida: invadir favelas, lugar habitado por pretos e quase pretos de tão pobres, como os definiu genialmente Caetano Veloso.
Em qualquer programa, revista, jornal, a impunidade. Um menino de dezesseis anos atropelou uma senhora porque está impune; o outro bebeu e brigou com feridos e palavras obscenas aos policiais, certamente porque impune; a mãe reclama que não mais pode bater no filho, no tempo dela havia respeito porque ela podia ser espancada pela mãe amorosa. O crime horrendo e barbado somente ocorreu porque está impune, como se fosse possível punir-se antes do crime.
O Governador do estado mais rico, com um senso de oportunismo digno de um centro avante, corre na frente e apresenta um projeto de lei para aumentar a pena, para aumentar o castigo. Um preto é morto numa caçada, sob aplausos febris da população que queria mais pretos mortos. “Menos um”, é o sentimento de todos.
Minha cabeça vai explodir, não era e não é esse o país que imaginei legar para meus filhos. Nas ruas, leio uma sucessão de bilhetes zangados aos donos de cães, enquanto passeio com minha cachorra.
Porém, de repente, um ar maravilhosamente fresco, a me dar a perceber que a manhã está radiante, linda, clara. A poucos metros de mim, a mãe caminha com seu filhinho para escola. Em dado momento, inesperadamente eles dançam e é nítida sua felicidade com o garotinho que ri aberto, que ri solto e livre. Dançam com uma pequena bola que ela tirou da mochila. Ele tenta a embaixada, ela consegue e lhe devolve a pelota, guardada como se fosse um tesouro. “Esse promete”...
Ele não se contém de felicidade. O Brasil deles é o outro. Esse um que pretendem expulsar. São, claro, repreendidos por alguém que passa por ali e não se conforma de ver a liberdade livre e solta na rua. Dão de ombros e continuam incompreensivelmente felizes.
Por mais que se tente, por mais que se tenha eficiência, por mais que se queira impor o terror e o sectarismo, há um Brasil resiste, brinca, dança e faz embaixadas. E que é livre e feliz, apesar das adversidades tantas que tem.
É desse Brasil que eu espero ver meus filhos construindo suas vidas e suas aventuras.
Plural e fraterno. Sem preconceitos e justo. Fundado na dignidade humana. Em que estejamos voltados a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos.
Enfim, como o garotinho e sua mãe, livre e feliz, apesar das adversidades tantas que tem.
Brasileiro.
Como idolatrar uma bandeira que traz no verso sua indignação.
Onde estão os filhos abandonados pela descrença de ser Brasileiro?
A dor imputada pelo racismo, pelo bulling, pelo preconceito, pela impunidade.
Só os negros , pobres e deficientes sentem na pele ser Brasileiro!
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