"Ontem chorei, vi nos olhos de uma criança, um olhar sem amanhã."

* Mostrar a realidade

A minha intenção ao colocar estas postagens é de mostrar todos os problemas que envolvem as crianças abandonadas.
Tanto os problemas relacionados ao abandono, como também os traumas, as mentiras, os preconceitos. O que envolve os pais que abandonam, os pais que adotam e os filhos adotivos.
Quando se toma uma decisão de adotar é uma responsabilidade muito grande,pois se trata de um ser humano, e as marcas e recordações ficaram pra vida toda.

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Irene Rizzini (trecho do livro:Vida nas ruas...)

Irene Rizzini

“Vida nas ruas: Trajetórias de vida de crianças e adolescentes nas ruas do Rio de Janeiro” é o novo livro da professora e pesquisadora Irene Rizzini, da PUC – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Diretora do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância. Formada nas áreas de Psicologia, Serviço Social e Sociologia - Universidade de Chicago (School of Social Service Administration - Masters’ degree) e Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ - Doutorado), Rizzini preside a Rede Internacional de Intercâmbio de Pesquisa na Área da Infância (Childwatch International Research Network, Oslo, Noruega) e é co-editora da Revista Childhood, Sage Publications (Trondheim, Noruega/Londres, UK). Entre outros temas, Rizzini nos fala nesta entrevista do aumento da violência e da desigualdade social.

E por que estão nas ruas?
Pouco se sabe sobre todos os motivos que levam essas crianças para as ruas. Depoimentos das próprias crianças revelam que, além da necessidade de ganhar dinheiro, há outras pressões que mereceriam ser aprofundadas. Elas relatam graves conflitos em suas relações mais próximas intra e extra familiares, envolvendo, com freqüência, episódios de abuso sexual e diversas formas de violência. A acusação de que a família é negligente por permitir e até incentivar que seus filhos permaneçam nas ruas é simplista e insuficiente para explicar a origem do problema. Ela é, na verdade, parte constitutiva do problema, que se reproduz em ciclos geracionais, à medida em que a violência também esteve muito presente nas infâncias dos membros adultos das famílias.
Num estudo realizado em Goiânia, com o apoio da FLACSO e do UNICEF, um grupo de pesquisadores analisou diversos aspectos da vida familiar, entrevistando as famílias. Os pesquisadores apontaram elementos importantes das relações familiares que contribuíam para a permanência ou para o afastamento de uma criança ou um jovem do seu lar. Uma das principais conclusões do estudo referiu-se ao fato de que, apesar de terem abordado famílias muito pobres e que enfrentavam muitos dos mesmos problemas em ambos os grupos, as famílias dos meninos de rua tendiam a se mostrar menos afetivas com as crianças e a apresentar menos envolvimento e solidariedade no grupo familiar.

Com que vivências essas crianças e jovens deparam-se na rua?
Obviamente, nem todas as crianças limitam-se a ganhar dinheiro via trabalho. Muitas contam que, além das atividades que exercem, também abordam pessoas para pedir dinheiro. No entanto, as mesmas crianças já não admitem com a mesma facilidade, embora umas denunciem as outras, que lançam mão, ainda que esporadicamente, de atividades consideradas ilegais para "fazer um extra", como por exemplo o furto, o tráfico de drogas e a prostituição. Ao que se sabe, há uma movimentação intensa de dinheiro envolvido em transações de pornografia e sexo turismo, com requintes de detalhes circulando via internet.
A pesquisadora carioca Esther Arantes destaca em recente pesquisa o aumento de mais de 60% de atos infracionais cometidos por adolescentes relacionados a entorpecentes em certos meses do ano de 1998. A autora cita um estudo no qual se perguntou aos meninos de rua porque consumiam tantas drogas. Suas respostas foram reveladoras do sofrimento do qual buscam fugir: "para ter bons sonhos" (47,5%); "para ficarem loucos" (18%) e "porque essa era sua sina" (9,8%).
A questão da contaminação crescente de jovens pelo vírus da Aids constitui outro aspecto do quadro de violência que aflige esta população. Em algumas das instituições que abrigam grupos de adolescentes a incidência de casos de DST/Aids chega a 40%.

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