"Ontem chorei, vi nos olhos de uma criança, um olhar sem amanhã."
* Mostrar a realidade
A minha intenção ao colocar estas postagens é de mostrar todos os problemas que envolvem as crianças abandonadas.
Tanto os problemas relacionados ao abandono, como também os traumas, as mentiras, os preconceitos. O que envolve os pais que abandonam, os pais que adotam e os filhos adotivos.
Quando se toma uma decisão de adotar é uma responsabilidade muito grande,pois se trata de um ser humano, e as marcas e recordações ficaram pra vida toda.
Tanto os problemas relacionados ao abandono, como também os traumas, as mentiras, os preconceitos. O que envolve os pais que abandonam, os pais que adotam e os filhos adotivos.
Quando se toma uma decisão de adotar é uma responsabilidade muito grande,pois se trata de um ser humano, e as marcas e recordações ficaram pra vida toda.
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quarta-feira, 3 de julho de 2013
O peso do segredo na adoção
"Todo ser humano precisa da verdade sobre a sua existência para apropriar-se desta e organizar-se dentro de sua própria vida". (Cintia Liana)
A chegada do filho, que é trazido pelos pais adotivos, é tão perfeita como no parto. Na adoção existe a substituição completa da família de origem, exceto a nível biológico. (FLARTMAN, 1994)
O Segredo na adoção pode significar sinal de insegurança dos pais ou de que nem eles mesmos vêem ou acreditam na beleza da relação adotiva. Medo? Vontade de encobrir uma possível infertilidade? Receio do filho sofrer preconceito? Sim, isso é real, mas é algo que precisa ser trabalhado e não levar os pais a trazerem um outro problema para o filho, ou seja, colocarem nas costas dele "o peso insuportável e incômodo do segredo".
A criança já cresce sentindo um mal estar, um tabu relacionado a sua existência, algo que não é falado, pois é entendido como "feio". O problema que não é falado é a história dela, da criança. Mais que complicado crescer sem saber o que te aflige inconscientemente é esse mal estar voltado para a sua própria história de vida, para o seu nascimento, ou seja, o sentimento em torno de sua vida e a forma em como chegou está contaminado por algo que não é dito, que nem os pais, que deveriam ser fortes o suficiente e enfrentar os seus fantasmas, estão dando conta.
No fundo, essa história pode ser um eterno fantasma, um peso para toda a família, motivo de repúdio e fazer com que a criança cresça sentindo um mal estar que ela nunca conseguirá decifrar, só sentirá que sua vida está ligada a um segredo indesvendável, segredo este que envolve a forma como ela foi gerada e que compromete a relação de respeito e confiança com as pessoas que ele deveria mais confiar, os pais adotivos.
Um ser humano estigmatizado é protegido por um segredo, mas o segredo também promove a estigmatização. (FLARTMAN, 1994)
Os pais acham que sabem esconder bem, mas a linguagem vai muito além da falada, da consciente. Há a linguagem do olhar, do toque, dos gestos e toda a infinidade de linguagens inconscientes que vão além de nosso controle e entendimento.
Como será tocar no filho e pensar, "eu não te conto que você nasceu de outra barriga porque tenho medo de você não me amar como uma mãe de verdade". Ela mesma já se sente a "mãe de mentira". E quem é a mãe de verdade? Não é aquela que está junto? Deve ser muito mais difícil pensar isso todas as vezes que abraçar o filho e crescer nesta culpa, ao invés de abrir a alma, o corpo, a voz e todas as portas do universo para a verdade mais justa e tranquila, a verdade que o filho merece, a verdade que não pode ser roubada dele.
Será que é mais fácil omitir, mentir ou preparar o filho para ser um grande homem, enxergando todo o lado positivo da adoção e lamentar o que se deve de fato? O segredo serve para quê, proteger o filho de sua própria história?
A verdade ninguém muda, por pior que ela seja é a única que existe, o que pode mudar é a nossa postura diante dela, assim tudo pode ficar mais leve e mais bonito.
Se alimantarmos o segredo, além de plantarmos em nosso lar a desconfiança estamos, desta forma, aceitando o preconceito de achar que a relação adotiva é inferior a biológica.
Sobre o segredo e a dificuldade em dar o espaço merecido à verdade, o adotado fala de uma sensação de vazio, de um vácuo que causa perturabação e dor. Deve mesmo ser muito assustador e desnorteante não fazer contato consciente com a sua própria história de vida. Muitas coisas parecem não fazer sentido. A identidade do adotado estará intimamente ligada ao segredo.
As pesquisas científicas revelam que pais adotivos que discutem abertamente e compartilham informações criam adultos mais seguros e com um senso firme de self. (FLARTMAN, 1994)
A aceitação da diferença é uma variável importante na previsão de adoções bem sucedidas. Isso é também de grande importância aos olhos do técnicos que avaliam os candidatos a habilitação.
Sobre todos os aspectos da adoção, a crianças deve sentir que sua chegada ao mundo foi um acontecimemto especial e que a sua vida vale a pena ser contada.
Referência:
FLARTMAN, A. Segredos na família e na terapia familiar. Porto Alegre: Artes Médicas,
terça-feira, 11 de junho de 2013
Cadastro Nacional de Adoção completa cinco anos sem atingir seus objetivos
O Cadastro Nacional de Adoção acaba de completar cinco anos, mas ainda está longe de atingir seus objetivos: agilizar processos na Justiça e reduzir o número de crianças em abrigos.
Criado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o cadastro tem 29.284 adultos em busca de um filho e 5.471 menores aptos a serem adotados. Pouco para um universo de mais de 45 mil crianças e jovens à espera de um lar.
Há quase 40 mil crianças em abrigos que não estão no cadastro nacional porque ainda têm algum vínculo com a família biológica.
É uma segurança: a criança só é cadastrada quando há uma sentença de destituição do poder familiar e não há mais qualquer possibilidade de a família recorrer, explica o advogado Antonio Carlos Berlini, presidente da comissão de adoção da OAB-SP.
“Tem muito processo parado, muita criança crescendo em abrigos. Os números oficiais dizem cerca de 40 mil, mas estima-se que mais de 60 mil estejam em instituições hoje”, afirma Berlini.
Esse problema é anterior ao CNA (sigla para cadastro nacional), diz a advogada Silvana do Monte Moreira, presidente da comissão de adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família.
“Falta equipe técnica nas Varas da Infância e da Juventude. Isso faz com que todos os processos demorem. A habilitação dos pretendentes, que depende de entrevistas e visitas domiciliares, atrasa.”
A gerente executiva do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo, Mônica Natale, conhece pretendentes que esperam há dois anos para entrar na fila. “A situação é pior no interior”, avalia.
CAIXA -PRETA
Uma das vantagens trazidas pelo cadastro nacional foi a “abertura da caixa-preta dos abrigos”, segundo Maria Bárbara Toledo, presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção.
Mesmo sem incluir todos os processos, os números registrados pelo CNA nesses cinco anos formam um retrato mais preciso da situação da adoção no Brasil e permitem uma análise do que melhorou e de onde estão os principais gargalos.
Preconceito de cor, por exemplo, ainda atrapalha, mas vem caindo: em 2010, apenas 31% dos pretendentes afirmavam não se importar com a cor da pele da criança; hoje, 40% atestam isso no formulário do cadastro.
O perfil da criança buscada já mudou muito, segundo Moreira. A mudança começou a partir de 2009, quando passou a ser obrigatório para os candidatos a pais adotivos fazer um curso na Vara da Infância ou em grupos de apoio.
“Nesses cursos são debatidos aspectos da adoção inter-racial, de crianças mais velhas e de grupos de irmãos.”
TEMPO E GENTE
Idade é o gargalo. Nove em dez pessoas querem crianças de até cinco anos, faixa que corresponde a menos de 10% das cadastradas. Para 90% entre oito e 17 anos, o percentual de adultos dispostos a adotá-las é em torno de 2%.
Bárbara Toledo afirma que os grupos de apoio fazem um trabalho de persuasão em favor das “adoções necessárias”. Mas não dá para atribuir aos candidatos a pais adotivos toda a responsabilidade para resolver a questão.
“Falar que os pretendentes são preconceituosos por não quererem crianças mais velhas é covardia”, diz ela.
A solução, para Silvana Moreira, passa pela contratação de profissionais para tornar os processos rápidos, sem arranhar os direitos das famílias. “Hoje muitas crianças ficam no limbo jurídico e acabam sendo filhas do abrigo.”
Há quase 40 mil crianças em abrigos que não estão no cadastro nacional porque ainda têm algum vínculo com a família biológica.
É uma segurança: a criança só é cadastrada quando há uma sentença de destituição do poder familiar e não há mais qualquer possibilidade de a família recorrer, explica o advogado Antonio Carlos Berlini, presidente da comissão de adoção da OAB-SP.
“Tem muito processo parado, muita criança crescendo em abrigos. Os números oficiais dizem cerca de 40 mil, mas estima-se que mais de 60 mil estejam em instituições hoje”, afirma Berlini.
Esse problema é anterior ao CNA (sigla para cadastro nacional), diz a advogada Silvana do Monte Moreira, presidente da comissão de adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família.
“Falta equipe técnica nas Varas da Infância e da Juventude. Isso faz com que todos os processos demorem. A habilitação dos pretendentes, que depende de entrevistas e visitas domiciliares, atrasa.”
A gerente executiva do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo, Mônica Natale, conhece pretendentes que esperam há dois anos para entrar na fila. “A situação é pior no interior”, avalia.
CAIXA -PRETA
Uma das vantagens trazidas pelo cadastro nacional foi a “abertura da caixa-preta dos abrigos”, segundo Maria Bárbara Toledo, presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção.
Mesmo sem incluir todos os processos, os números registrados pelo CNA nesses cinco anos formam um retrato mais preciso da situação da adoção no Brasil e permitem uma análise do que melhorou e de onde estão os principais gargalos.
Preconceito de cor, por exemplo, ainda atrapalha, mas vem caindo: em 2010, apenas 31% dos pretendentes afirmavam não se importar com a cor da pele da criança; hoje, 40% atestam isso no formulário do cadastro.
O perfil da criança buscada já mudou muito, segundo Moreira. A mudança começou a partir de 2009, quando passou a ser obrigatório para os candidatos a pais adotivos fazer um curso na Vara da Infância ou em grupos de apoio.
“Nesses cursos são debatidos aspectos da adoção inter-racial, de crianças mais velhas e de grupos de irmãos.”
TEMPO E GENTE
Idade é o gargalo. Nove em dez pessoas querem crianças de até cinco anos, faixa que corresponde a menos de 10% das cadastradas. Para 90% entre oito e 17 anos, o percentual de adultos dispostos a adotá-las é em torno de 2%.
Bárbara Toledo afirma que os grupos de apoio fazem um trabalho de persuasão em favor das “adoções necessárias”. Mas não dá para atribuir aos candidatos a pais adotivos toda a responsabilidade para resolver a questão.
“Falar que os pretendentes são preconceituosos por não quererem crianças mais velhas é covardia”, diz ela.
A solução, para Silvana Moreira, passa pela contratação de profissionais para tornar os processos rápidos, sem arranhar os direitos das famílias. “Hoje muitas crianças ficam no limbo jurídico e acabam sendo filhas do abrigo.”
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Mãe de recém-nascido resgatado em encanamento na China aparece
Um recém-nascido sobreviveu após ficar mais de duas horas preso em um encanamento de esgoto na cidade de Jinhua, na China.Segundo o “Zhejiang Online”, o bebê ainda estava ligado à placenta quando foi resgatado pelos bombeiros, que demoraram uma hora para cortar o cano de dez centímetros de diâmetro que prendia a criança. Apenas após chegar ao hospital, sob supervisão médica, ela foi retirada da tubulação.
O menino sofreu alguns ferimentos, mas está fora de perigo. Ele recebeu o apelido de “Bebê 59”, por conta do número da incubadora onde está no hospital. O vídeo do resgate, que inclui cenas do bebê sendo retirado do encanamento por uma equipe médica, foi exibido em diversos programas de televisão chineses e está disponível na Internet. Pelo microblog chinês Weibo, a polícia informou que havia localizado a mãe da criança e que o caso seria investigado, sem dar detalhes.
Versões
Ainda não está claro se o caso foi um acidente ou algo proposital. Segundo um policial ouvido pela agência France Presse, a mãe da criança, que tem 22 anos e é solteira, havia ocultado a gravidez dos vizinhos para não ser vítima de ostracismo. Ela teria dito que o parto ocorreu de maneira inesperada enquanto usava um banheiro turco. Segundo essa versão, a mãe teria sido a primeira a acionar as autoridades e acompanhou todo o processo de resgate.
Já a Associated Press disse que os policiais foram acionados pelos vizinhos, que ouviram choros da criança no banheiro público do prédio.A história causou comoção no país e levou a uma enxurrada de doações de fraldas, roupas e leite em pó para o bebê. Diversos casais já se prontificaram a adotá-lo.
O abandono de criança no país se dá por mães muito jovens, a valorização de meninos, ou as regras de controle familiar.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Recém-nascido resgatado de um cano esgoto na China
28 Mai, 2013, 08:29
No leste da China, bombeiros resgataram com vida um recém-nascido que estava num tubo de esgoto de um prédio de habitação. Os moradores ouviram a criança chorar e deram o alerta. Os bombeiros acorreram ao local e encontraram o bebé ileso ainda com a placenta. A operação de resgate demorou cerca de uma hora. A criança foi levada para o hospital e está bem de saúde. Não se sabe quem são os pais. A polícia está a investigar o caso.
No leste da China, bombeiros resgataram com vida um recém-nascido que estava num tubo de esgoto de um prédio de habitação. Os moradores ouviram a criança chorar e deram o alerta. Os bombeiros acorreram ao local e encontraram o bebé ileso ainda com a placenta. A operação de resgate demorou cerca de uma hora. A criança foi levada para o hospital e está bem de saúde. Não se sabe quem são os pais. A polícia está a investigar o caso.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Mães que matam ou abandonam os próprios filhos
Cresce no país o número de crianças abandonadas logo após o nascimento.
Bernardo Campos Carvalho*
Cresce no País o número de crianças abandonadas ou mortas logo após o nascimento. Ultimamente, os noticiários têm relatado inúmeros casos do gênero, o que choca a sociedade. Abandono ou assassinato de recém-nascidos pelas genitoras é uma espécie de crime especial, contendo instituto próprio (artigo 123 do Código Penal) e denominado infanticídio, já que somente pode ser praticado pela mãe, em estado agudo de depressão, durante o parto ou no pós-parto, face ao denominado estado puerperal, período compreendido entre a expulsão da placenta e a volta do organismo da mãe para o estado anterior a gravidez.
A mãe, em geral, no estado puerperal, apresenta um quadro crônico de depressão, não aceitando a criança, não desejando amamentá-la e, normalmente, também fica sem se alimentar, entrando em crise psicótica, podendo chegar a matar o próprio filho. O infanticídio tem tratamento diferente do homicídio comum, pois é diferenciado, principalmente, pela pena, já que no crime comum (artigo 121 do Código Penal) é de reclusão, de seis a 20 anos, ao passo que crime de Infanticídio (artigo 123 da Lei Penal) a pena é mais branda, com detenção de dois a seis anos.
Não existe um prazo matemático para a ocorrência ou para ficar patente o diagnóstico psicodinâmico de transtorno de estresse agudo no estado puerperal, tendo o Código Penal de 1940 transferido sabiamente à perícia médica legal a responsabilidade pela comprovação material desse delito, já que existem muitas correntes a respeito, umas delimitando o prazo de um dia e, em outras, estendendo em meses.
As variações psíquicas, decorrentes do estado puerperal, são tão intensas que os crimes cometidos sob esse estado são frios e cruéis, como, por exemplo, o ocorrido na Comarca de Guaratinguetá (SP), testemunhado por uma médica que relatou ter sido chamada para atender um caso hemorragia. De acordo com a médica, a mulher estava vestida com uma calça de lycra e não teria como saber se a roupa tinha elasticidade que possibilitasse a criança nascer e ficar sob o corpo dela. A médica pediu que a mulher tirasse a roupa para examiná-la e a criança caiu. A profissional comentou com a mulher que ela tinha dado à luz a uma criança e estava sentada sobre ela e a mulher respondeu que "a criança não era nem para ser nascida".
Com esse caso para ilustrar, é preciso esclarecer que tanto o infanticídio, o homicídio, quanto o aborto, por força de lei são julgados pelo Tribunal do Júri, ou seja, são julgados pelo povo. É a forma mais democrática e limpa de fazer Justiça. Por isso, esta instituição é tão importante e ressalte-se, o jurado brasileiro, por ser leigo, é muito humano, mas em momento algum é omisso ou irresponsável. A verdadeira democracia, necessariamente, passa pelo Tribunal do Júri.
Bernardo Campos Carvalho*
Cresce no País o número de crianças abandonadas ou mortas logo após o nascimento. Ultimamente, os noticiários têm relatado inúmeros casos do gênero, o que choca a sociedade. Abandono ou assassinato de recém-nascidos pelas genitoras é uma espécie de crime especial, contendo instituto próprio (artigo 123 do Código Penal) e denominado infanticídio, já que somente pode ser praticado pela mãe, em estado agudo de depressão, durante o parto ou no pós-parto, face ao denominado estado puerperal, período compreendido entre a expulsão da placenta e a volta do organismo da mãe para o estado anterior a gravidez.
A mãe, em geral, no estado puerperal, apresenta um quadro crônico de depressão, não aceitando a criança, não desejando amamentá-la e, normalmente, também fica sem se alimentar, entrando em crise psicótica, podendo chegar a matar o próprio filho. O infanticídio tem tratamento diferente do homicídio comum, pois é diferenciado, principalmente, pela pena, já que no crime comum (artigo 121 do Código Penal) é de reclusão, de seis a 20 anos, ao passo que crime de Infanticídio (artigo 123 da Lei Penal) a pena é mais branda, com detenção de dois a seis anos.
Não existe um prazo matemático para a ocorrência ou para ficar patente o diagnóstico psicodinâmico de transtorno de estresse agudo no estado puerperal, tendo o Código Penal de 1940 transferido sabiamente à perícia médica legal a responsabilidade pela comprovação material desse delito, já que existem muitas correntes a respeito, umas delimitando o prazo de um dia e, em outras, estendendo em meses.
As variações psíquicas, decorrentes do estado puerperal, são tão intensas que os crimes cometidos sob esse estado são frios e cruéis, como, por exemplo, o ocorrido na Comarca de Guaratinguetá (SP), testemunhado por uma médica que relatou ter sido chamada para atender um caso hemorragia. De acordo com a médica, a mulher estava vestida com uma calça de lycra e não teria como saber se a roupa tinha elasticidade que possibilitasse a criança nascer e ficar sob o corpo dela. A médica pediu que a mulher tirasse a roupa para examiná-la e a criança caiu. A profissional comentou com a mulher que ela tinha dado à luz a uma criança e estava sentada sobre ela e a mulher respondeu que "a criança não era nem para ser nascida".
Com esse caso para ilustrar, é preciso esclarecer que tanto o infanticídio, o homicídio, quanto o aborto, por força de lei são julgados pelo Tribunal do Júri, ou seja, são julgados pelo povo. É a forma mais democrática e limpa de fazer Justiça. Por isso, esta instituição é tão importante e ressalte-se, o jurado brasileiro, por ser leigo, é muito humano, mas em momento algum é omisso ou irresponsável. A verdadeira democracia, necessariamente, passa pelo Tribunal do Júri.
O Brasil.
Por Roberto Tardelli
O Brasil está chato demais. É o Brasil de bandido bom ser o bandido morto, é o Brasil da cadeia, da prisão como forma de solução de conflitos sociais, é o Brasil que repele a ascensão social, que odeia ver ...pretos em faculdades públicas, é o Brasil que retrocede e que vai alinhando o apartheid como forma de organização social, made in Brazil.
O Brasil está entorpecido, intolerante, raivoso, matador, ressentido, vingativo, cruel, racista. Nas redes sociais, as fotos dos "bandidos", sempre negros armados, crianças negras armadas, atores mirins, em cena de filme brutalmente sequestrada para a realidade. Queremos prender crianças, queremos bater, defendemos torturar criminosos, defendemos invadir bairros pretos, defendemos grampos clandestinos, defendemos matar, defendemos chuva de tiros...
O Brasil tem os olhos crispados de ódio. Na TV, na histeria eletrônica, uma prova de resistência física: um repórter, meio galã, meio jornalista, deveria subir uma simulação de escadaria de uma favela com um pesadíssimo equipamento de ataque e morte nas costas. Por não conseguir, enaltece os agentes da lei que o conseguem. A finalidade passou despercebida: invadir favelas, lugar habitado por pretos e quase pretos de tão pobres, como os definiu genialmente Caetano Veloso.
Em qualquer programa, revista, jornal, a impunidade. Um menino de dezesseis anos atropelou uma senhora porque está impune; o outro bebeu e brigou com feridos e palavras obscenas aos policiais, certamente porque impune; a mãe reclama que não mais pode bater no filho, no tempo dela havia respeito porque ela podia ser espancada pela mãe amorosa. O crime horrendo e barbado somente ocorreu porque está impune, como se fosse possível punir-se antes do crime.
O Governador do estado mais rico, com um senso de oportunismo digno de um centro avante, corre na frente e apresenta um projeto de lei para aumentar a pena, para aumentar o castigo. Um preto é morto numa caçada, sob aplausos febris da população que queria mais pretos mortos. “Menos um”, é o sentimento de todos.
Minha cabeça vai explodir, não era e não é esse o país que imaginei legar para meus filhos. Nas ruas, leio uma sucessão de bilhetes zangados aos donos de cães, enquanto passeio com minha cachorra.
Porém, de repente, um ar maravilhosamente fresco, a me dar a perceber que a manhã está radiante, linda, clara. A poucos metros de mim, a mãe caminha com seu filhinho para escola. Em dado momento, inesperadamente eles dançam e é nítida sua felicidade com o garotinho que ri aberto, que ri solto e livre. Dançam com uma pequena bola que ela tirou da mochila. Ele tenta a embaixada, ela consegue e lhe devolve a pelota, guardada como se fosse um tesouro. “Esse promete”...
Ele não se contém de felicidade. O Brasil deles é o outro. Esse um que pretendem expulsar. São, claro, repreendidos por alguém que passa por ali e não se conforma de ver a liberdade livre e solta na rua. Dão de ombros e continuam incompreensivelmente felizes.
Por mais que se tente, por mais que se tenha eficiência, por mais que se queira impor o terror e o sectarismo, há um Brasil resiste, brinca, dança e faz embaixadas. E que é livre e feliz, apesar das adversidades tantas que tem.
É desse Brasil que eu espero ver meus filhos construindo suas vidas e suas aventuras.
Plural e fraterno. Sem preconceitos e justo. Fundado na dignidade humana. Em que estejamos voltados a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos.
Enfim, como o garotinho e sua mãe, livre e feliz, apesar das adversidades tantas que tem.
O Brasil está chato demais. É o Brasil de bandido bom ser o bandido morto, é o Brasil da cadeia, da prisão como forma de solução de conflitos sociais, é o Brasil que repele a ascensão social, que odeia ver ...pretos em faculdades públicas, é o Brasil que retrocede e que vai alinhando o apartheid como forma de organização social, made in Brazil.
O Brasil está entorpecido, intolerante, raivoso, matador, ressentido, vingativo, cruel, racista. Nas redes sociais, as fotos dos "bandidos", sempre negros armados, crianças negras armadas, atores mirins, em cena de filme brutalmente sequestrada para a realidade. Queremos prender crianças, queremos bater, defendemos torturar criminosos, defendemos invadir bairros pretos, defendemos grampos clandestinos, defendemos matar, defendemos chuva de tiros...
O Brasil tem os olhos crispados de ódio. Na TV, na histeria eletrônica, uma prova de resistência física: um repórter, meio galã, meio jornalista, deveria subir uma simulação de escadaria de uma favela com um pesadíssimo equipamento de ataque e morte nas costas. Por não conseguir, enaltece os agentes da lei que o conseguem. A finalidade passou despercebida: invadir favelas, lugar habitado por pretos e quase pretos de tão pobres, como os definiu genialmente Caetano Veloso.
Em qualquer programa, revista, jornal, a impunidade. Um menino de dezesseis anos atropelou uma senhora porque está impune; o outro bebeu e brigou com feridos e palavras obscenas aos policiais, certamente porque impune; a mãe reclama que não mais pode bater no filho, no tempo dela havia respeito porque ela podia ser espancada pela mãe amorosa. O crime horrendo e barbado somente ocorreu porque está impune, como se fosse possível punir-se antes do crime.
O Governador do estado mais rico, com um senso de oportunismo digno de um centro avante, corre na frente e apresenta um projeto de lei para aumentar a pena, para aumentar o castigo. Um preto é morto numa caçada, sob aplausos febris da população que queria mais pretos mortos. “Menos um”, é o sentimento de todos.
Minha cabeça vai explodir, não era e não é esse o país que imaginei legar para meus filhos. Nas ruas, leio uma sucessão de bilhetes zangados aos donos de cães, enquanto passeio com minha cachorra.
Porém, de repente, um ar maravilhosamente fresco, a me dar a perceber que a manhã está radiante, linda, clara. A poucos metros de mim, a mãe caminha com seu filhinho para escola. Em dado momento, inesperadamente eles dançam e é nítida sua felicidade com o garotinho que ri aberto, que ri solto e livre. Dançam com uma pequena bola que ela tirou da mochila. Ele tenta a embaixada, ela consegue e lhe devolve a pelota, guardada como se fosse um tesouro. “Esse promete”...
Ele não se contém de felicidade. O Brasil deles é o outro. Esse um que pretendem expulsar. São, claro, repreendidos por alguém que passa por ali e não se conforma de ver a liberdade livre e solta na rua. Dão de ombros e continuam incompreensivelmente felizes.
Por mais que se tente, por mais que se tenha eficiência, por mais que se queira impor o terror e o sectarismo, há um Brasil resiste, brinca, dança e faz embaixadas. E que é livre e feliz, apesar das adversidades tantas que tem.
É desse Brasil que eu espero ver meus filhos construindo suas vidas e suas aventuras.
Plural e fraterno. Sem preconceitos e justo. Fundado na dignidade humana. Em que estejamos voltados a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos.
Enfim, como o garotinho e sua mãe, livre e feliz, apesar das adversidades tantas que tem.
Brasileiro.
Como idolatrar uma bandeira que traz no verso sua indignação.
Onde estão os filhos abandonados pela descrença de ser Brasileiro?
A dor imputada pelo racismo, pelo bulling, pelo preconceito, pela impunidade.
Só os negros , pobres e deficientes sentem na pele ser Brasileiro!
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Caso monte santo, entenda como acobnteceu.
15/10às 0:30:2012Caso de adoção ilegal faz Monte Santo destacar-se no FantásticoMonte Santo é destaque em matéria sobre adoção ilegal no Fantástico, Pais não puderam se defender. Para juiz, se trata de uma quadrilha que atua para traficar crianças pobres no sertão da Bahia de forma planejada, profissional e habitual.
Após ter sido destacado no site www.montesanto.net e ser transmitido no Fantástico na rede globo o caso já ganho repercussão nacional e passa a todo momento em jornais regionais da Bahia e também irá se transmitido no Jornal Hoje e Jornal Nacional dentre outras emissoras como a Rede-Record, confira abaixo a matéria na íntegra do Fantástico.
Entenda como aconteceu: (mas hoje há controversas)
A batalha já dura um ano e três meses. O lavrador Gerôncio Brito de Souza e a dona de casa Silvânia Mota da Silva, pais de cinco crianças, tentam através de órgãos de defesa da criança e do adolescente de Salvador reaver os filhos retirados de casa para adoção, por determinação da Justiça, da cidade baiana de Monte Santo (352 quilômetros de Salvador).
As crianças, uma menina de um ano e três meses e quatro meninos -de sete, cinco, quatro e dois anos-, foram retiradas de casa em junho do ano passado através de uma liminar para adoção e encaminhados a famílias diferentes do Estado de São Paulo.
De acordo com o coordenador do Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA/Bahia), Edmundo Ribeiro, apesar de o caso ter sido iniciado em 2011, somente há dois meses os órgãos de defesa dos direitos de crianças e adolescentes receberam a denúncia de moradores da cidade.
Desde a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, a situação de pobreza de uma família não é motivo para retirar as crianças de seus lares, disse Ribeiro ao UOL. As crianças foram retiradas dos pais em dois momentos.
Primeiro, levaram a caçula recém-nascida, que é filha de outra relação de Silvânia com José Mario de Jesus Silva, mas vivia com o casal. Em uma segunda intervenção, levaram os demais. O filho mais velho do casal ainda tentou fugir, mas foi encontrado e encaminhado para São Paulo.
Pareceres não eram pela adoção
A decisão da Justiça se baseou em laudos sobre a situação da família elaborados pelo Conselho Tutelar e pelo Centro de Referência Especializada da Assistência Social (Creas), ambos de Monte Santo.
Em vez de retirar as crianças, a Justiça e o Estado tinham que dar condições para que os pais vivessem com seus filhos, afirmou Ribeiro.
Segundo informações do Cedeca, o laudo se resumia a apenas metade de uma página e destacava que, na visita, uma criança acordou com fome e que a mãe deu leite. Informava também que o banheiro da casa onde as crianças moravam ficava na parte externa.
Apoio da polícia
Os pais estão desesperados. Eles são pobres e com baixa escolaridade e estão tendo que enfrentar juízes, advogados, o Estado. As famílias que adotaram as crianças são ricas e têm bons advogados, afirmou Ribeiro. O coordenador do Fórum disse que as crianças foram retiradas na ausência do pai, com apoio da polícia.
Ao saber do ocorrido, o pai das crianças foi até o Conselho Tutelar da cidade. Ele dizia que os filhos dele não eram filhos de urubu para serem levados desta forma. Ele perdeu o controle e assustou as conselheiras, que chamaram a polícia, disse Ribeiro. Ele foi preso, e a fiança para ser solto foi de R$ 5.000. A família vendeu a casa dos avós para soltá-lo.
Segundo informações do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca-BA), cujos advogados estão acompanhando o caso, o processo, que corre em segredo de Justiça, estava parado e só teve andamento em junho. Com o processo novamente em curso, os pais e avós já foram ouvidos. No próximo dia 8 de outubro, será realizada uma nova audiência.
O coordenador executivo do Cedeca, Valdemar Oliveira, informou que os irmãos foram separados e divididos entre quatro famílias paulistas. O Estatuto da Criança e do Adolescente deixa claro que a pobreza não é motivo por si só para se promover a adoção. Eles foram divididos, e isso é irregular, fere a lei da adoção. Estamos tentando reverter o processo. Fizeram o pedido de liminar de guarda provisória sem que os pais fossem citados para se defender. Essa liminar foi legitimada pelo Ministério Público da Bahia, diz.
Mulher suspeita
Coordenadores do Cedeca e do Fórum suspeitam de uma mulher conhecida como Galega, que frequenta a cidade à procura de pais que queiram entregar seus filhos para a adoção. Ela estaria sempre acompanhada do marido, de nacionalidade alemã. Essa mulher teve contato com os pais dessas cinco crianças e eles recusaram. Mas desconfiamos que ela de alguma forma ajudou, disse Oliveira.
A mulher, identificada apenas como Carmen, é apontada como aliciadora e teria casa nas cidades baianas de Pojuca e Lauro de Freitas. Segundo relato da mãe das crianças, em maio de 2011, Carmen a teria procurado, perguntando se não queria encaminhar os filhos para a adoção, mas Silvânia recusou. Em seguida, a mulher teria feito uma denúncia no Conselho Tutelar.
Eu acho que esse caso pode ser a ponta de um iceberg. Ficamos sabendo que essa mulher já atua há alguns anos assim. Podemos estar diante de um grupo que promove adoção irregular, disse o coordenador do Cedeca.
Outro lado
Através da assessoria de comunicação, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) informou que desde o mês de julho de 2012, os processos citados estão sendo acompanhados e reavaliados.
A pedido do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), segundo a assessoria, a Justiça está revendo os casos e ouvindo os pais biológicos das crianças adotadas. Foram solicitados também relatórios sociais aos juízes das Comarcas onde residem as crianças atualmente.
Os relatórios vão apontar a real situação dos menores nas casas dos pais adotivos e informar se as crianças estão bem tratadas e adaptadas, informa a assessoria.
Questionada sobre o laudo que facilitou a adoção, Ana Daria Pereira, uma das cinco integrantes do Conselho Tutelar, diz que só poderá falar sobre o caso com autorização da Justiça. Tudo o que foi feito está na promotoria, e a gente não pode adiantar nada sem ordem judicial. Nós não temos nada a esconder, disse.
A coordenadora do Creas de Monte Santo e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente da cidade, Juliana Pinheiro, foi procurada, mas o UOL obteve a informação de que ela está de férias.
A assessoria do Ministério Público da Bahia informa também que, devido ao processo correr em segredo de Justiça, o promotor de Monte Santo, Carlos Augusto Machado de Brito, não comentará o caso.
Não sabemos exatamente que esta certo. Mas tenho certeza que as mães adotivas não tem nada com isso. Errado é o Juiz de tirar 5 crinaçs de uma só familia. Por pobreza?Maus tratos?Onde estamos. Ninguém tem o direito de desfazer uma familia. O estado tem por obrigação acompanhar e orientar essa familia. Deixar os filhos talvez por um tempo no conselho tutelar e promover a convivência assistida. Mas nunca agir como se fosse Deus, julgar e desimar.
Após ter sido destacado no site www.montesanto.net e ser transmitido no Fantástico na rede globo o caso já ganho repercussão nacional e passa a todo momento em jornais regionais da Bahia e também irá se transmitido no Jornal Hoje e Jornal Nacional dentre outras emissoras como a Rede-Record, confira abaixo a matéria na íntegra do Fantástico.
Entenda como aconteceu: (mas hoje há controversas)
A batalha já dura um ano e três meses. O lavrador Gerôncio Brito de Souza e a dona de casa Silvânia Mota da Silva, pais de cinco crianças, tentam através de órgãos de defesa da criança e do adolescente de Salvador reaver os filhos retirados de casa para adoção, por determinação da Justiça, da cidade baiana de Monte Santo (352 quilômetros de Salvador).
As crianças, uma menina de um ano e três meses e quatro meninos -de sete, cinco, quatro e dois anos-, foram retiradas de casa em junho do ano passado através de uma liminar para adoção e encaminhados a famílias diferentes do Estado de São Paulo.
De acordo com o coordenador do Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA/Bahia), Edmundo Ribeiro, apesar de o caso ter sido iniciado em 2011, somente há dois meses os órgãos de defesa dos direitos de crianças e adolescentes receberam a denúncia de moradores da cidade.
Desde a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, a situação de pobreza de uma família não é motivo para retirar as crianças de seus lares, disse Ribeiro ao UOL. As crianças foram retiradas dos pais em dois momentos.
Primeiro, levaram a caçula recém-nascida, que é filha de outra relação de Silvânia com José Mario de Jesus Silva, mas vivia com o casal. Em uma segunda intervenção, levaram os demais. O filho mais velho do casal ainda tentou fugir, mas foi encontrado e encaminhado para São Paulo.
Pareceres não eram pela adoção
A decisão da Justiça se baseou em laudos sobre a situação da família elaborados pelo Conselho Tutelar e pelo Centro de Referência Especializada da Assistência Social (Creas), ambos de Monte Santo.
Em vez de retirar as crianças, a Justiça e o Estado tinham que dar condições para que os pais vivessem com seus filhos, afirmou Ribeiro.
Segundo informações do Cedeca, o laudo se resumia a apenas metade de uma página e destacava que, na visita, uma criança acordou com fome e que a mãe deu leite. Informava também que o banheiro da casa onde as crianças moravam ficava na parte externa.
Apoio da polícia
Os pais estão desesperados. Eles são pobres e com baixa escolaridade e estão tendo que enfrentar juízes, advogados, o Estado. As famílias que adotaram as crianças são ricas e têm bons advogados, afirmou Ribeiro. O coordenador do Fórum disse que as crianças foram retiradas na ausência do pai, com apoio da polícia.
Ao saber do ocorrido, o pai das crianças foi até o Conselho Tutelar da cidade. Ele dizia que os filhos dele não eram filhos de urubu para serem levados desta forma. Ele perdeu o controle e assustou as conselheiras, que chamaram a polícia, disse Ribeiro. Ele foi preso, e a fiança para ser solto foi de R$ 5.000. A família vendeu a casa dos avós para soltá-lo.
Segundo informações do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca-BA), cujos advogados estão acompanhando o caso, o processo, que corre em segredo de Justiça, estava parado e só teve andamento em junho. Com o processo novamente em curso, os pais e avós já foram ouvidos. No próximo dia 8 de outubro, será realizada uma nova audiência.
O coordenador executivo do Cedeca, Valdemar Oliveira, informou que os irmãos foram separados e divididos entre quatro famílias paulistas. O Estatuto da Criança e do Adolescente deixa claro que a pobreza não é motivo por si só para se promover a adoção. Eles foram divididos, e isso é irregular, fere a lei da adoção. Estamos tentando reverter o processo. Fizeram o pedido de liminar de guarda provisória sem que os pais fossem citados para se defender. Essa liminar foi legitimada pelo Ministério Público da Bahia, diz.
Mulher suspeita
Coordenadores do Cedeca e do Fórum suspeitam de uma mulher conhecida como Galega, que frequenta a cidade à procura de pais que queiram entregar seus filhos para a adoção. Ela estaria sempre acompanhada do marido, de nacionalidade alemã. Essa mulher teve contato com os pais dessas cinco crianças e eles recusaram. Mas desconfiamos que ela de alguma forma ajudou, disse Oliveira.
A mulher, identificada apenas como Carmen, é apontada como aliciadora e teria casa nas cidades baianas de Pojuca e Lauro de Freitas. Segundo relato da mãe das crianças, em maio de 2011, Carmen a teria procurado, perguntando se não queria encaminhar os filhos para a adoção, mas Silvânia recusou. Em seguida, a mulher teria feito uma denúncia no Conselho Tutelar.
Eu acho que esse caso pode ser a ponta de um iceberg. Ficamos sabendo que essa mulher já atua há alguns anos assim. Podemos estar diante de um grupo que promove adoção irregular, disse o coordenador do Cedeca.
Outro lado
Através da assessoria de comunicação, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) informou que desde o mês de julho de 2012, os processos citados estão sendo acompanhados e reavaliados.
A pedido do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), segundo a assessoria, a Justiça está revendo os casos e ouvindo os pais biológicos das crianças adotadas. Foram solicitados também relatórios sociais aos juízes das Comarcas onde residem as crianças atualmente.
Os relatórios vão apontar a real situação dos menores nas casas dos pais adotivos e informar se as crianças estão bem tratadas e adaptadas, informa a assessoria.
Questionada sobre o laudo que facilitou a adoção, Ana Daria Pereira, uma das cinco integrantes do Conselho Tutelar, diz que só poderá falar sobre o caso com autorização da Justiça. Tudo o que foi feito está na promotoria, e a gente não pode adiantar nada sem ordem judicial. Nós não temos nada a esconder, disse.
A coordenadora do Creas de Monte Santo e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente da cidade, Juliana Pinheiro, foi procurada, mas o UOL obteve a informação de que ela está de férias.
A assessoria do Ministério Público da Bahia informa também que, devido ao processo correr em segredo de Justiça, o promotor de Monte Santo, Carlos Augusto Machado de Brito, não comentará o caso.
Não sabemos exatamente que esta certo. Mas tenho certeza que as mães adotivas não tem nada com isso. Errado é o Juiz de tirar 5 crinaçs de uma só familia. Por pobreza?Maus tratos?Onde estamos. Ninguém tem o direito de desfazer uma familia. O estado tem por obrigação acompanhar e orientar essa familia. Deixar os filhos talvez por um tempo no conselho tutelar e promover a convivência assistida. Mas nunca agir como se fosse Deus, julgar e desimar.
Afastamento do Juiz da Bahia, Luiz Roberto Cappio
Foi aprovada, por unanimidade, no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o afastamento do juiz Luiz Roberto Cappio. Ele foi responsável pela ordem de retorno das cinco crianças retiradas da família em Monte Santo, nordeste baiano, que foram postas em guarda provisória a famílias paulistas. O afastamento, de 90 dias, foi motivado por uma denúncia do Ministério Público da Bahia por possíveis problemas de relacionamento e baixa produtividade do magistrado. Cappio atuava na comarca de Euclides da Cunha e é autor da revisão dos processos de adoção do juiz Vitor Bezerra, onde encontrou diversas irregularidades. Em entrevista ao G1, ele afirmou que a decisão está baseada em provas forjadas.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
A Maioria das Crianças Adotadas é Feliz e Saudável
Pesquisa Constata: A Maioria das Crianças Adotadas é Feliz e Saudável
Artigos10 de abril de 2013
Como fica a criança após a adoção? Um estudo, realizado nos Estados Unidos, constatou que 88% delas se adaptaram muito bem a nova família
Julia Benvenuto
A adoção ainda pode ser um assunto delicado principalmente para muitos pais. Isso porque há sempre uma preocupação com a adaptação da criança ao convívio familiar. Mas uma nova pesquisa mostra que, ao contrário do que se pensava, muitas delas estão satisfeitas em seus novos lares.
O estudo, realizado em conjunto pela Child Trends e o Departamento de Saúde dos Estados Unidos, analisou 2 mil famílias com filhos maiores de 6 anos. Entre as descobertas, está a que 80% dos pais disseram ter filhos felizes e saudáveis.
O mesmo foi constatado em relação às crianças: 88% delas têm mostrado um comportamento harmonioso em casa e 50% não encontram problemas na escola. Além disso, a maioria (97%) diz saber que foi adotada desde pequena.
Para Magdalena Mercedes Ramos, terapeuta de casal e família e autora do livro E Agora o que fazer? – A difícil tarefa de criar os filhos(Ed. Ágora), a adoção é quase sempre uma situação difícil tanto para os pais como para os filhos. “A criança irá se sentir diferente e é aconselhável que ela tenha um espaço seguro para falar das suas angústias, em casa ou na terapia”, diz.
Contar à criança sua verdadeira origem é um dos fatores que, segundo Magdalena, facilitam essa aceitação ao novo lar. “Eles devem se sentir encorajados a saber mais sobre os seus pais biológicos”.
Fonte: Revista Crescer http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI108468-10514,00.html
Artigos10 de abril de 2013
Como fica a criança após a adoção? Um estudo, realizado nos Estados Unidos, constatou que 88% delas se adaptaram muito bem a nova família
Julia Benvenuto
A adoção ainda pode ser um assunto delicado principalmente para muitos pais. Isso porque há sempre uma preocupação com a adaptação da criança ao convívio familiar. Mas uma nova pesquisa mostra que, ao contrário do que se pensava, muitas delas estão satisfeitas em seus novos lares.
O estudo, realizado em conjunto pela Child Trends e o Departamento de Saúde dos Estados Unidos, analisou 2 mil famílias com filhos maiores de 6 anos. Entre as descobertas, está a que 80% dos pais disseram ter filhos felizes e saudáveis.
O mesmo foi constatado em relação às crianças: 88% delas têm mostrado um comportamento harmonioso em casa e 50% não encontram problemas na escola. Além disso, a maioria (97%) diz saber que foi adotada desde pequena.
Para Magdalena Mercedes Ramos, terapeuta de casal e família e autora do livro E Agora o que fazer? – A difícil tarefa de criar os filhos(Ed. Ágora), a adoção é quase sempre uma situação difícil tanto para os pais como para os filhos. “A criança irá se sentir diferente e é aconselhável que ela tenha um espaço seguro para falar das suas angústias, em casa ou na terapia”, diz.
Contar à criança sua verdadeira origem é um dos fatores que, segundo Magdalena, facilitam essa aceitação ao novo lar. “Eles devem se sentir encorajados a saber mais sobre os seus pais biológicos”.
Fonte: Revista Crescer http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI108468-10514,00.html
Filhos adotados e seu futuro.
Embora tema pelo amanhã, hoje meus filhos são felizes. A pouco tempo descobriram que eram adotados. Temi por eles, pensei que iria perde-los pelo caminho do ódio. Mas não foi assim. Recebi um longo abraço e um eu te mo, vc é minha mãe. Que delicia, que momento inesquecivel. Mas sei que é minha obrigação com o decorrer do tempo esclarecer de forma ocorreu a adoção. Embora eles não questionem, não quero que tenham uma imagem desumana de duas mães biológicas. Todos tem o direito de errar. E o que digo sempre, a pobreza é desumana e leva a cometer atos que talvez se arrependam mais tarde. importante é que consegui com a graça de Deus,cria-los com muito amor, assim tornando-os adultos responsaveis e principalmente felizes.
Consegui colaborar em salvar 3 vidas. A dos meus filhos e a minha, porque te-los ao meu lado foi a melhor parte da minha vida.
Consegui colaborar em salvar 3 vidas. A dos meus filhos e a minha, porque te-los ao meu lado foi a melhor parte da minha vida.
1) DESTINO DAS CRIANÇAS ADOTADAS
1) DESTINO DAS CRIANÇAS ADOTADAS
Tradução e resenha :Eliezer de Hollanda Cordeiro
Referências: Christine Angiolini : Jornal Le Monde (10.12.2011) ; L'origine de l'histoire - Paroles d'adoptés from Njaylarage on Vimeo.
Muitos psicólogos , psiquiatras e psicanalistas já estudaram ‘’os ferimentos das crianças adotadas e as dificuldades das familias adotantes. Mas o que se passa com essas crianças quando alcançam a idade adulta? Uma possibilidade é que a ferida original, provocada pelo abandono, cicatrize graças ao amor da família adotiva e ao sentimento de filiação que ela engendra’’. Viadeo Cet élément a bien été ajouté aux favoris de votre classeur. Cet élément a bien été supprimé des favoris de votre classeur.A ferida original d
Outra possibilidade é que ‘’ os segredos de famílias tornem as feridas ainda mais dolorosas e lancinantes’’ Para os que foram adotados, a questão é melindrosa. Muitos temem nunca poderem se livrar da etiqueta de criança abandonada. Como se a sociedade considerassem-nos como seres diferentes,marcados na carne com ferro quente.’’
"Quando conto a alguém que fui adotada,isto provoca frequentement um mal-estar’’, diz Hélène J., 34 anos de idade, de pais desconhecidos, adotada aos 3 meses e meio. As pessoas curiosas respondem quase sempre : Desculpe-me, sinto muito, eu não sabia.Ora, tive muita sorte de ter sido adotada. Não foi um abandono, mas uma dádiva". No LeMonde.fr, Laurent , 38 anos, testemunha : "Fui realmente adotado. Isto me honra e eu não dissimulo este fato, muito pelo contrário. Mas sobretudo, nunca agradecerei suficientemente minha mãe por me ter dado uma família verdadeira. Hoje,sou casado,tenho tres filhos.E sou são de espírito."
Diane Drory, psicóloga, psicanalista co-autora com Colette Frère do livro Le Complexe de Moïse. Paroles d'adoptés devenus adultes (O Complexo de Moisés. Palavras de adotados que se tornaram adultos) , realça a importância de não se estigmatizar as pessoas adotadas. "Se elas puderam superar as duras provas da adoção, foi graças a incrivel energia vital que possuem. É preciso ter muita confiança nelas , não considerá-las como vítimas. E não atribuir-lhes todas as dificuldades que encontram na adoção."
"DUPLA LEALDADE"
As crianças adotadas são confrontadas a uma dívida dupla, que os psicoterapeutas de família chamam "dupla lealadade ". Como explica Nicole Prieur, psicoterapeuta, filósofa e autora de Raconte-moi d'où je viens (Bayard Jeunesse, 2007) (Conte-me de onde venho), elas recebem a vida da mãe biológica, e os meios de vivê-la de maneira digna de sua família adotiva, o que provoca conflitos. "Frequentemente, a criança adotada quer ser leal à sua família adotiva, respondendo até demais, às espectativas existentes nas outras famílias’’, ajunta Nicole Prieur.
Esta exacerbação da lealdade nos adotados pode se traduzir em escolhas profissionais contrariadas,correspondendo mais aos desejos dos pais do que aos seus próprios desejos. "Conseguir tornar-se um traidor feliz não é nada fácil",salienta Nicole Prieur. As vezes,as relações dos adotados com os outros sofrem porque eles precisam evitar conflitos. Enfim, sobre o aspecto amoroso, alguns vão se interessar por seres que têm as mesmas feridas, esperando assim reparar suas próprias histórias dolorosas. Entretanto, Nicole Prieur salienta o perigo de um investimento excessivo do casal e dos filhos pela pessoa adotada, prejudicando os ajustes necessários ao equilíbrio familiar.
A questão das origens pode ressurgir com muita força, quando ocorrem certos acontecimentos na vida destas pessoas: nascimentos, luto, fracasso profissional, ruptura amorosa... No livro, L’enfant et la séparations parentale’’, Diane DRORY descreve O complexo de Mosés., Ela conta o exemplo de Marie-Claire, que sentiu muito a ausência de sua mãe biológica quando ela ficou grávida : "Tua ausência, eu domino, eu a sufoco. Porém ,quando meu ventre se torna mais redondo,eu não suporto mais.. A vida mexe em mim da mesma maneira que ela mexeu contigo. E você não a enfrentou, você desapareceu." Uma etapa dolorosa, mas às vezes salvadora : "O fato de ser mãe e de não abandonar o seu bebê, repara alguma coisa da história dessas mulheres."
Sem dúvida, os homens vivem menos intensamente uma situação de abandono(...) mas, quando o pai olha o rosto de sua criança, ele acha por exemplo que ela parece com ele. Isto lhe faz lembrar, naturalmente, suas origens’’, diz Diane Drory.
UNE IDENTIDADE EM PERMANENTE CONSTRUÇÃO
Quando envelhecemos, a questão de saber donde viemos se torna mais insistente. No LeMonde.fr, Claude , 70 anos, adotado aos 2 anos, evoca sua história. "Minha vida tornou-se agora permanentemente dolorosa, embora eu nunca tivesse pensado nisso no passado. Não suporto mais o grito, o riso, a movimentação duma criança no terraço de um café", contou. Colocamos tais questões existenciais nesta idade da vida. Ora, na história dos adotados, existe um pedaço amputado que é preciso restaurar.
Os adotados interessam muito a fotógrafa Hélène Jayet, que criou um projeto fotográfico cujo objetivo é uma exposição , um webdocumentário e um livro. O projeto busca apoios para terminar a produção das imagens. Desde a escola das Belas-Artes (Beaux-Arts), seus dezenhos já falavam de identidade. Ela fotografava e filmava os adotados, dáva-lhes a palavra. Ela continua lutando para criar um documentário sobre o assunto. Seus objetivos ? Acabar com certos clichês ("Os adotados são sempre infelizes"), ajudar famílias adotivas e, sobretudo, oferecer aos adotados a possibilidade de falar sobre suas histórias. De fato, os adotados evocam com muita dificuldades o que ressentem.A resiliência, esta capacidade das pessoas a se recobrar ou se adaptar às provações da vida, depende também da criatividade. Entretanto, a resiliência não é adquirida de maneira definitiva.Nossa identidade está sempre em construção. "A resiliência do adotado é sem dúvida a aceitação, como todo o mundo, que a identidade é movediça", salienta ainda Diane Drory.A " ferida do abandono deu-me muita força, revindica Hélène Jayet. É esta força que dá uma grande sensibilidade aos adotados e uma abertura ao mundo."
2.A CLÍNICA DEVE SEMPRE PRIMAR SOBRE A PARACLÍNICA
O Doutor Luc Diaz, psiquiatra exercendo na cidade de Montpellier, destacou-se ao escrever um pequeno mas convincente e refletido comentário sobre o exercício da psiquiatria e a formação dos psiquiatras.Isto aconteceu em La Lettre de Psychiatrie Française, N°206, Março de 2012. Doutor Luc DIAZ,Que diz o Doutor? Que, ‘’ao longo de seus estudos de medicina, seus professores diziam sempre duas coisas aos alunos:em primeiro lugar, naturalmente, o primum non nocere(primeiro, não prejudicar a saúde) e logo depois: a primazia da clínica sobre a paraclínica.’’ De fato, a medicina é uma arte que não se pode reduzir facilmente a uma técnica. A arte é sem dúvida longa, a vida curta, a ocasião fugitiva, a experiência enganadora, o julgamento difícil..., ensinou também Hipócrates, cujo juramento constitue a divisa de nossa faculdade.A juridicidade da sociedade, e por conseguinte da medicina, amplifiou o efeito dos progressos tecnológicos. Doravante, a clínica deixou de primar sobre a paraclínica. Quem nunca passou por uma ecografia (ultrassonografia), por um IRM? A própria psiquiatria, levada pela saúde mental, está se tornando técnica de maneira muito veloz: preenchimento de casas diversas e variadas, técnicas psicoterapêuticas, estimulação magnéticas transcraniana.
Tradução e resenha :Eliezer de Hollanda Cordeiro
Referências: Christine Angiolini : Jornal Le Monde (10.12.2011) ; L'origine de l'histoire - Paroles d'adoptés from Njaylarage on Vimeo.
Muitos psicólogos , psiquiatras e psicanalistas já estudaram ‘’os ferimentos das crianças adotadas e as dificuldades das familias adotantes. Mas o que se passa com essas crianças quando alcançam a idade adulta? Uma possibilidade é que a ferida original, provocada pelo abandono, cicatrize graças ao amor da família adotiva e ao sentimento de filiação que ela engendra’’. Viadeo Cet élément a bien été ajouté aux favoris de votre classeur. Cet élément a bien été supprimé des favoris de votre classeur.A ferida original d
Outra possibilidade é que ‘’ os segredos de famílias tornem as feridas ainda mais dolorosas e lancinantes’’ Para os que foram adotados, a questão é melindrosa. Muitos temem nunca poderem se livrar da etiqueta de criança abandonada. Como se a sociedade considerassem-nos como seres diferentes,marcados na carne com ferro quente.’’
"Quando conto a alguém que fui adotada,isto provoca frequentement um mal-estar’’, diz Hélène J., 34 anos de idade, de pais desconhecidos, adotada aos 3 meses e meio. As pessoas curiosas respondem quase sempre : Desculpe-me, sinto muito, eu não sabia.Ora, tive muita sorte de ter sido adotada. Não foi um abandono, mas uma dádiva". No LeMonde.fr, Laurent , 38 anos, testemunha : "Fui realmente adotado. Isto me honra e eu não dissimulo este fato, muito pelo contrário. Mas sobretudo, nunca agradecerei suficientemente minha mãe por me ter dado uma família verdadeira. Hoje,sou casado,tenho tres filhos.E sou são de espírito."
Diane Drory, psicóloga, psicanalista co-autora com Colette Frère do livro Le Complexe de Moïse. Paroles d'adoptés devenus adultes (O Complexo de Moisés. Palavras de adotados que se tornaram adultos) , realça a importância de não se estigmatizar as pessoas adotadas. "Se elas puderam superar as duras provas da adoção, foi graças a incrivel energia vital que possuem. É preciso ter muita confiança nelas , não considerá-las como vítimas. E não atribuir-lhes todas as dificuldades que encontram na adoção."
"DUPLA LEALDADE"
As crianças adotadas são confrontadas a uma dívida dupla, que os psicoterapeutas de família chamam "dupla lealadade ". Como explica Nicole Prieur, psicoterapeuta, filósofa e autora de Raconte-moi d'où je viens (Bayard Jeunesse, 2007) (Conte-me de onde venho), elas recebem a vida da mãe biológica, e os meios de vivê-la de maneira digna de sua família adotiva, o que provoca conflitos. "Frequentemente, a criança adotada quer ser leal à sua família adotiva, respondendo até demais, às espectativas existentes nas outras famílias’’, ajunta Nicole Prieur.
Esta exacerbação da lealdade nos adotados pode se traduzir em escolhas profissionais contrariadas,correspondendo mais aos desejos dos pais do que aos seus próprios desejos. "Conseguir tornar-se um traidor feliz não é nada fácil",salienta Nicole Prieur. As vezes,as relações dos adotados com os outros sofrem porque eles precisam evitar conflitos. Enfim, sobre o aspecto amoroso, alguns vão se interessar por seres que têm as mesmas feridas, esperando assim reparar suas próprias histórias dolorosas. Entretanto, Nicole Prieur salienta o perigo de um investimento excessivo do casal e dos filhos pela pessoa adotada, prejudicando os ajustes necessários ao equilíbrio familiar.
A questão das origens pode ressurgir com muita força, quando ocorrem certos acontecimentos na vida destas pessoas: nascimentos, luto, fracasso profissional, ruptura amorosa... No livro, L’enfant et la séparations parentale’’, Diane DRORY descreve O complexo de Mosés., Ela conta o exemplo de Marie-Claire, que sentiu muito a ausência de sua mãe biológica quando ela ficou grávida : "Tua ausência, eu domino, eu a sufoco. Porém ,quando meu ventre se torna mais redondo,eu não suporto mais.. A vida mexe em mim da mesma maneira que ela mexeu contigo. E você não a enfrentou, você desapareceu." Uma etapa dolorosa, mas às vezes salvadora : "O fato de ser mãe e de não abandonar o seu bebê, repara alguma coisa da história dessas mulheres."
Sem dúvida, os homens vivem menos intensamente uma situação de abandono(...) mas, quando o pai olha o rosto de sua criança, ele acha por exemplo que ela parece com ele. Isto lhe faz lembrar, naturalmente, suas origens’’, diz Diane Drory.
UNE IDENTIDADE EM PERMANENTE CONSTRUÇÃO
Quando envelhecemos, a questão de saber donde viemos se torna mais insistente. No LeMonde.fr, Claude , 70 anos, adotado aos 2 anos, evoca sua história. "Minha vida tornou-se agora permanentemente dolorosa, embora eu nunca tivesse pensado nisso no passado. Não suporto mais o grito, o riso, a movimentação duma criança no terraço de um café", contou. Colocamos tais questões existenciais nesta idade da vida. Ora, na história dos adotados, existe um pedaço amputado que é preciso restaurar.
Os adotados interessam muito a fotógrafa Hélène Jayet, que criou um projeto fotográfico cujo objetivo é uma exposição , um webdocumentário e um livro. O projeto busca apoios para terminar a produção das imagens. Desde a escola das Belas-Artes (Beaux-Arts), seus dezenhos já falavam de identidade. Ela fotografava e filmava os adotados, dáva-lhes a palavra. Ela continua lutando para criar um documentário sobre o assunto. Seus objetivos ? Acabar com certos clichês ("Os adotados são sempre infelizes"), ajudar famílias adotivas e, sobretudo, oferecer aos adotados a possibilidade de falar sobre suas histórias. De fato, os adotados evocam com muita dificuldades o que ressentem.A resiliência, esta capacidade das pessoas a se recobrar ou se adaptar às provações da vida, depende também da criatividade. Entretanto, a resiliência não é adquirida de maneira definitiva.Nossa identidade está sempre em construção. "A resiliência do adotado é sem dúvida a aceitação, como todo o mundo, que a identidade é movediça", salienta ainda Diane Drory.A " ferida do abandono deu-me muita força, revindica Hélène Jayet. É esta força que dá uma grande sensibilidade aos adotados e uma abertura ao mundo."
2.A CLÍNICA DEVE SEMPRE PRIMAR SOBRE A PARACLÍNICA
O Doutor Luc Diaz, psiquiatra exercendo na cidade de Montpellier, destacou-se ao escrever um pequeno mas convincente e refletido comentário sobre o exercício da psiquiatria e a formação dos psiquiatras.Isto aconteceu em La Lettre de Psychiatrie Française, N°206, Março de 2012. Doutor Luc DIAZ,Que diz o Doutor? Que, ‘’ao longo de seus estudos de medicina, seus professores diziam sempre duas coisas aos alunos:em primeiro lugar, naturalmente, o primum non nocere(primeiro, não prejudicar a saúde) e logo depois: a primazia da clínica sobre a paraclínica.’’ De fato, a medicina é uma arte que não se pode reduzir facilmente a uma técnica. A arte é sem dúvida longa, a vida curta, a ocasião fugitiva, a experiência enganadora, o julgamento difícil..., ensinou também Hipócrates, cujo juramento constitue a divisa de nossa faculdade.A juridicidade da sociedade, e por conseguinte da medicina, amplifiou o efeito dos progressos tecnológicos. Doravante, a clínica deixou de primar sobre a paraclínica. Quem nunca passou por uma ecografia (ultrassonografia), por um IRM? A própria psiquiatria, levada pela saúde mental, está se tornando técnica de maneira muito veloz: preenchimento de casas diversas e variadas, técnicas psicoterapêuticas, estimulação magnéticas transcraniana.
Você já pensou em adotar uma criança…com HIV?
Você já pensou em adotar uma criança…com HIV?
Postado por Vinícius Farias em 16/05/2011 Publicado em: Atualidade. Marcado: Adoção, AIDS, Crianças, Estados Unidos, HIV, Preconceito.
[Achei um texto suuuuper legal sobre adoção de crianças com HIV. Eu me senti um completo tolo diante das informações apresentadas. O artigo é da Jennifer Fulwiler e contém informações do contexto norte-americano, mas pode servir muito bem para os brasileiros também! São 8 tópicos para que fiquemos ligados neste assunto que é de extrema importância social, diga-se de passagem. Espero que gostem:]
[NCR; Tradução: Sentinela no escuro] É sempre bom quando nos deparamos com notícias que provocam mudanças. Assim, eu fiquei muito empolgada ao ver este artigo sobre como mais famílias estão adotando crianças HIV-positivas. Até recentemente eu não sabia que alguém poderia ou adotava crianças HIV-positivas. Eu presumi que isto seria muito difícil, muito perigoso, muito caro e, talvez, até mesmo ilegal; e, infelizmente, eu era também ignorante do número total de crianças HIV-positivas por aí que precisavam de um lar.
Foi aí que encontrei um casal daqui que após um longo e cuidadoso discernimento sentiu-se chamado a dar as boas-vindas a duas crianças HIV-positivas em suas casas. Desde que passei a acompanhar alguns blogueiros e as vidas de uns amigos daqui, descobri que está aumentando o número de crianças HIV-positivas e por meio de suas histórias eu aprendi muito sobre o assunto. Observar as vidas destas famílias dissipou um monte de equívocos que eu costumava ter sobre o assunto. Desta forma, achei que seria útil escrever um resumo de alguns dos fatos que eu achei mais impressionantes e interessantes para aqueles que não são familiarizados com o assunto como eu era:
1. Órfãos HIV-positivos frequentemente não têm quase nenhuma chance de serem adotados em seus países de origem
Ainda que continue havendo uma profusão de informações incorretas sobre o assunto aqui nos Estados Unidos, nosso conhecimento sobre HIV/AIDS é bem maior que em muitos países. Infelizmente muitas das áreas do mundo que têm os maiores índices de crianças HIV-positivas precisando de um lar são áreas onde as pessoas com a doença enfrentam os maiores estigmas.
2. Crianças com HIV que têm acesso a cuidados médicos de qualidade normalmente têm uma expectativa de vida normal
O HIV já não é mais considerado uma doença terminal. O HIV é tratado pela comunidade médica mais como uma condição crônica como a diabetes tipo 1. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde, a expectativa de vida das pessoas HIV-positivas com acesso a cuidados médicos é quase o mesmo de pessoas não-infectadas.
3. Nunca houve um caso de alguém que contraiu HIV por contato doméstico normal
Você não pode pegar HIV compartilhando comidas e bebidas ou usando a mesma cama ou banheiro que uma pessoa HIV-positiva. Você também não pode contrair o vírus trocando fraudas, abraçando, beijando ou ainda tomando banho ou nadando com alguém infectado pelo vírus.
4. Terapias com medicamentos modernos podem tornar o vírus HIV quase indetectável
Minha amiga que é mãe de de duas crianças HIV-positivas me disse que: “Em média, uma semana após o início da TAAA (Terapia Antiretroviral Altamente Ativa), 90% de todo o HIV no corpo se foi; dentro de um mês, 99% se foi.” Relacionado ao que foi dito, a TAAA também faz com que a doença se torne muito menos transmissível, ainda que haja contato sanguíneo.
5. Também é plenamente possível conseguir seguro-saúde para crianças HIV-positivas
Na maioria dos casos, a cobertura do seguro-saúde é requerida por lei para crianças adotadas da mesma forma que para os filhos biológicos, independentemente de condições pré-estabelecidas. Planos empresariais para grupos normalmente cobrem HIV. Além disso, a maioria dos estados oferece assistência médica para o cuidado de crianças e adultos HIV-positivos.
6. As leis foram recentemente modificadas para facilitar a adoção de crianças HIV-positivas no país
Foi-se o tempo em que adotar uma criança HIV-positiva era algo complicado pela necessidade de obter uma renuncia I-601 (Renuncia por Dificuldades Extremas). Uma recente mudança nas leis retirou o HIV da lista de Doenças Comunicáveis de Significância para a Saúde Pública do Centro de Controle de Doenças. Isto quer dizer que os pais que adotarem uma criança HIV-positiva podem esperar um prazo similar no processo como ocorre com qualquer outra adoção.
7. Você pode ver fotos de crianças HIV-positivas necessitadas de um lar atualmente
Uma coisa que realmente em fez começa a prestar atenção neste tema foram as fotos de crianças com HIV necessitadas de um lar, como as do Project Hopeful. Olhar nos olhos de um pequeno ser humano, mais do que simplesmente ler sobre dados estatísticos me fez entender porque um crescente número de pessoas estão abrindo seus corações e suas casas para este desafiador, mas recompensante chamado.
8. Pessoas normais (não só santos) adotam crianças HIV-positivas
Uma coisa que eu reparei sobre todas estas famílias é o quão normal elas são. Muitos dos pais de crianças infectadas nunca haviam cogitado fazer algo deste tipo antes e tiveram muito medo e hesitações. Meu amigo me contou uma vez sobre a sua decisão de ir por este caminho: “Eu aprendi que enquanto a fidelidade perfeita deveria ser algo a que todos aspiramos, a fidelidade por “um-pé-na-frente-do-outro” é geralmente o melhor que eu posso dar e, afortunadamente, na maioria das vezes basta. Você não precisa ser extraordinário; você só tem que seguir o rumo. Como eu relembro diariamente, eu posso não saber onde os meus passos vão dar, eu posso estar apreensivo no caminho, mas eu sei Quem anda ao meu lado. E todas as estradas caminhadas na fidelidade levam a Ele.
Obviamente adotar uma criança com qualquer tipo de necessidades médicas significantes, precisam de um chamado especial. Não é algo que toda família está destinada a fazer. Porém, eu fico contente de ver as palavras “estou fora” (sobre a possibilidade de adotar uma criança HIV-positiva) se não houver uma negligencia desta escolha por uma simples falta de informação.
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Postado por Vinícius Farias em 16/05/2011 Publicado em: Atualidade. Marcado: Adoção, AIDS, Crianças, Estados Unidos, HIV, Preconceito.
[Achei um texto suuuuper legal sobre adoção de crianças com HIV. Eu me senti um completo tolo diante das informações apresentadas. O artigo é da Jennifer Fulwiler e contém informações do contexto norte-americano, mas pode servir muito bem para os brasileiros também! São 8 tópicos para que fiquemos ligados neste assunto que é de extrema importância social, diga-se de passagem. Espero que gostem:]
[NCR; Tradução: Sentinela no escuro] É sempre bom quando nos deparamos com notícias que provocam mudanças. Assim, eu fiquei muito empolgada ao ver este artigo sobre como mais famílias estão adotando crianças HIV-positivas. Até recentemente eu não sabia que alguém poderia ou adotava crianças HIV-positivas. Eu presumi que isto seria muito difícil, muito perigoso, muito caro e, talvez, até mesmo ilegal; e, infelizmente, eu era também ignorante do número total de crianças HIV-positivas por aí que precisavam de um lar.
Foi aí que encontrei um casal daqui que após um longo e cuidadoso discernimento sentiu-se chamado a dar as boas-vindas a duas crianças HIV-positivas em suas casas. Desde que passei a acompanhar alguns blogueiros e as vidas de uns amigos daqui, descobri que está aumentando o número de crianças HIV-positivas e por meio de suas histórias eu aprendi muito sobre o assunto. Observar as vidas destas famílias dissipou um monte de equívocos que eu costumava ter sobre o assunto. Desta forma, achei que seria útil escrever um resumo de alguns dos fatos que eu achei mais impressionantes e interessantes para aqueles que não são familiarizados com o assunto como eu era:
1. Órfãos HIV-positivos frequentemente não têm quase nenhuma chance de serem adotados em seus países de origem
Ainda que continue havendo uma profusão de informações incorretas sobre o assunto aqui nos Estados Unidos, nosso conhecimento sobre HIV/AIDS é bem maior que em muitos países. Infelizmente muitas das áreas do mundo que têm os maiores índices de crianças HIV-positivas precisando de um lar são áreas onde as pessoas com a doença enfrentam os maiores estigmas.
2. Crianças com HIV que têm acesso a cuidados médicos de qualidade normalmente têm uma expectativa de vida normal
O HIV já não é mais considerado uma doença terminal. O HIV é tratado pela comunidade médica mais como uma condição crônica como a diabetes tipo 1. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde, a expectativa de vida das pessoas HIV-positivas com acesso a cuidados médicos é quase o mesmo de pessoas não-infectadas.
3. Nunca houve um caso de alguém que contraiu HIV por contato doméstico normal
Você não pode pegar HIV compartilhando comidas e bebidas ou usando a mesma cama ou banheiro que uma pessoa HIV-positiva. Você também não pode contrair o vírus trocando fraudas, abraçando, beijando ou ainda tomando banho ou nadando com alguém infectado pelo vírus.
4. Terapias com medicamentos modernos podem tornar o vírus HIV quase indetectável
Minha amiga que é mãe de de duas crianças HIV-positivas me disse que: “Em média, uma semana após o início da TAAA (Terapia Antiretroviral Altamente Ativa), 90% de todo o HIV no corpo se foi; dentro de um mês, 99% se foi.” Relacionado ao que foi dito, a TAAA também faz com que a doença se torne muito menos transmissível, ainda que haja contato sanguíneo.
5. Também é plenamente possível conseguir seguro-saúde para crianças HIV-positivas
Na maioria dos casos, a cobertura do seguro-saúde é requerida por lei para crianças adotadas da mesma forma que para os filhos biológicos, independentemente de condições pré-estabelecidas. Planos empresariais para grupos normalmente cobrem HIV. Além disso, a maioria dos estados oferece assistência médica para o cuidado de crianças e adultos HIV-positivos.
6. As leis foram recentemente modificadas para facilitar a adoção de crianças HIV-positivas no país
Foi-se o tempo em que adotar uma criança HIV-positiva era algo complicado pela necessidade de obter uma renuncia I-601 (Renuncia por Dificuldades Extremas). Uma recente mudança nas leis retirou o HIV da lista de Doenças Comunicáveis de Significância para a Saúde Pública do Centro de Controle de Doenças. Isto quer dizer que os pais que adotarem uma criança HIV-positiva podem esperar um prazo similar no processo como ocorre com qualquer outra adoção.
7. Você pode ver fotos de crianças HIV-positivas necessitadas de um lar atualmente
Uma coisa que realmente em fez começa a prestar atenção neste tema foram as fotos de crianças com HIV necessitadas de um lar, como as do Project Hopeful. Olhar nos olhos de um pequeno ser humano, mais do que simplesmente ler sobre dados estatísticos me fez entender porque um crescente número de pessoas estão abrindo seus corações e suas casas para este desafiador, mas recompensante chamado.
8. Pessoas normais (não só santos) adotam crianças HIV-positivas
Uma coisa que eu reparei sobre todas estas famílias é o quão normal elas são. Muitos dos pais de crianças infectadas nunca haviam cogitado fazer algo deste tipo antes e tiveram muito medo e hesitações. Meu amigo me contou uma vez sobre a sua decisão de ir por este caminho: “Eu aprendi que enquanto a fidelidade perfeita deveria ser algo a que todos aspiramos, a fidelidade por “um-pé-na-frente-do-outro” é geralmente o melhor que eu posso dar e, afortunadamente, na maioria das vezes basta. Você não precisa ser extraordinário; você só tem que seguir o rumo. Como eu relembro diariamente, eu posso não saber onde os meus passos vão dar, eu posso estar apreensivo no caminho, mas eu sei Quem anda ao meu lado. E todas as estradas caminhadas na fidelidade levam a Ele.
Obviamente adotar uma criança com qualquer tipo de necessidades médicas significantes, precisam de um chamado especial. Não é algo que toda família está destinada a fazer. Porém, eu fico contente de ver as palavras “estou fora” (sobre a possibilidade de adotar uma criança HIV-positiva) se não houver uma negligencia desta escolha por uma simples falta de informação.
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segunda-feira, 15 de abril de 2013
Decisões polêmicas na Justiça tiram filhos de pais e entregam para adoção
Edição do dia 24/03/2013
Depois de sofrer uma depressão, mulher tem as três filhas tiradas de casa. Por causa do marido alcoólatra, outra mulher perde sete filhos de uma vez.
Depois de sofrer uma depressão, uma mulher tem as três filhas tiradas de casa por ordem da Justiça. Por causa do marido alcoólatra, outra mulher perde sete filhos de uma vez.
Quando os pais não conseguem cuidar de suas crianças, qual a melhor saída? Afastar imediatamente os filhos ou manter a família unida e buscar uma solução?
Você vai conhecer agora histórias comoventes, que dividem as opiniões de especialistas.
Elaine: Eu tive depressão pós-parto depois da minha última menina, a Evelyn, de três anos.
Elaine trabalhava numa fábrica e cuidava de outras três filhas. Evelyn, hoje com 3 anos, era a menor. Mas, quando Elaine começou a tratar da depressão, a vida em família virou um inferno.
Elaine: O tratamento, em algum período, fez efeito. Mas depois foi tudo ao contrário.
Remédio, bebida. Elaine passava mal. E ficou mal vista na cidade onde mora, Gaspar, em Santa Catarina. Como se não tivesse condições de criar as filhas, ela foi denunciada à juíza da comarca. De uma hora para outra, policiais e conselheiras bateram na casa dela.
Fantástico: As crianças estavam em casa?
Elaine: Estavam em casa, elas estavam dormindo. Elas pegaram as meninas e saíram.
As crianças foram levadas para um abrigo público. Elaine conseguia visitá-las toda semana. De repente, as visitas foram proibidas.
Elaine: Chegamos no abrigo e disseram: ‘vocês não vão ver mais as meninas’.
No abrigo, disseram que a proibição de ver as filhas tinha um motivo.
Elaine: Disseram que o meu marido estava andando na rua bêbado, não estava trabalhando e estava pedindo comida na estrada, na rua e morando embaixo da ponte.
Fantástico: E isso era verdade?
Elaine: Não, não era. Não era.
Hoje, André trabalha na construção civil, como ajudante de pedreiro.
Andre: Minhas filhas são minha vida. Minha vida. Eu batalho para conseguir as coisas, para adquirir as coisas para elas. Todo dia de manhã, elas me beijavam, me abraçavam: ‘pai, tchau, pai. Vai com Deus trabalhar’.
Lá se vão oito meses e Elaine não consegue nem notícia das filhas.
Elaine: Como eu estou passando por esse processo todo, todas as crianças que a gente vê na rua é a minha menina mais nova, é a minha menina mais velha, é a minha menina de 6 anos.
Gaspar tem 60 mil habitantes, um quinto da população de Blumenau, cidade vizinha. Mas a relação nos números de adoção é bem diferente. Nos últimos seis anos, 37 crianças de Gaspar foram adotadas. Em Blumenau, foram 34.
Elaine: E as minhas meninas, só porque eu tive essa doença e não consegui me erguer muito rápido, eles foram lá, tiraram as meninas.
A ordem de tirar os filhos de Elaine foi da juíza Ana Paula Amaro da Silveira. Durante 11 anos, até dezembro de 2012, ela atuou na comarca de Gaspar, onde se dedicou a acelerar os processos de destituição do poder familiar. O primeiro passo para a adoção.
“Nós sabemos que o nosso cadastro de adoção, 90% das pessoas querem recém-nascidos até 2 anos. Nós começamos então a fazer com que os processos de destituição fossem mais rápidos e, aí, a dar uma chance real dessa criança ter uma família”, declara a juíza.
Zilda Giacomoni: A gente começou a correr. E pega advogado aqui e ‘pelo amor de Deus, não deixa a criança ir embora, não deixa a criança ir embora’.
Zilda e Manoel são donos de uma creche em Gaspar. Cuidam de 70 crianças. Uma delas era a filha recém-nascida de um sobrinho de Manoel.
Manoel Giacomoni: Eles nos convidaram para ser padrinho e colocaram a menina na creche. Eu ia buscar ela no dia a dia, o transporte de leva e trás da creche. E a gente começou a se apegar com ela.
A mãe da menina era uma jovem de 16 anos e com problemas psicológicos. Embora a criança estivesse sob os cuidados do tio, a destituição familiar foi pedida e cumprida na porta da creche.
Manoel Giacomoni: Nós viemos buscar a Maria Eduarda e vamos levar para o abrigo.
Zilda: No mesmo dia a gente entrou com um pedido de guarda.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, a preferência para a adoção é da família extensa. Quer dizer, dos parentes: tios, avós. Nem assim Manoel e Zilda conseguiram dar início ao processo.
Zilda: Ela alegou que a gente não tava inscrito no cadastro de adoção e por isso a gente não tinha direito na adoção dela.
Fantástico: A família extensa não é prioridade em um processo de adoção?
“Ela é prioridade desde que essa família extensa demonstre também que tenha atenção, carinho e cuidado com essa criança”, afirma a juíza.
Manoel: Ninguém da assistente social, do fórum, veio até nós fazer uma entrevista na nossa casa, ver que tipo de pessoas que a gente era.
Zilda: A gente tem uma filha, ela tem 20 anos. Está ela está estudando arquitetura, está no terceiro semestre. E, além de estudar, ela trabalha também ajudando a gente na creche.
Letícia Giacomoni: A minha mãe, meu pai, são uma família honesta, nunca aconteceu nada assim. E eu escutava a minha mãe chorar no banheiro. Meu pai foi ficando doente.
Depois que a menina foi levada para o abrigo, não foram poucas as vezes em que Manoel e Zilda tentaram visitá-la. Mas nunca conseguiram passar do portão.
O Fantástico foi conversar com a responsável pelo abrigo, Gislane dos Santos. “Tem situações que às vezes há proibição de visitas porque realmente o processo já está se levando pra uma destituição do poder familiar. Então a gente começa a fazer o rompimento dessa vinculação com a família”, ela diz.
Acelerar processos de adoção, em muitos casos, pode levar a Justiça a cometer equívocos, diz a promotora Ellen Sanchez.
“É o tempo que tem que orientar o processo. É o tempo que tem que orientar o bom senso. Porque, se a ação foi ajuizada, se todo mundo olhou, Ministério Público, advogados, equipe técnica, aí é uma decisão que traz uma segurança jurídica pra todos os envolvidos”, avalia a promotora.
Hellen Sanchez é coordenadora, no Ministério Público de Santa Catarina, do Centro de Apoio à Infância e Juventude. Segundo ela, alguns processos de destituição em Gaspar têm que ser revistos.
Ellen: Os procedimentos que estão previstos na lei, em muitos casos, não foram observados. Por isso que o Ministério Público está recorrendo.
Fantástico: Não foram observados em que sentido?
Ellen: No sentido de oportunizar a manifestação do Ministério Público, de ouvir as testemunhas que tivessem ou os familiares que tivessem o interesse em poder acolher essa criança.
Juíza: Todas as destituições são propostas pelo Ministério Público. Todas elas têm que ter o contraditório, todas.
O Ministério Público diz que, em algumas adoções e em algumas destituições, não foi ouvido. O Ministério Público não confirma essa informação.
Juíza: Então o Ministério Público está mentindo.
Fantástico: É verdade que muitos desses processos não foram sequer comunicados ao Ministério Público?
Ellen: Alguns processos em que isso aconteceu, estão sendo tomadas essas medidas judiciais para anular essa decisões.
O delicado problema da destituição familiar chama também a atenção em outras cidades do Sul do Brasil.
O Fantástico esteve em São João do Triunfo, no interior do Paraná. Há nove anos, Rivonete e Toninho tiveram sete filhos tirados de casa.
Rivonete: A pequenininha eles me tiraram do peito. Não gosto de me lembrar disso, Deus me livre.
Eram nove filhos. Apenas o mais velho, já adolescente, estava fora do alvo da Justiça. Luís, que é o segundo mais velho, diz que só não foi levado porque fugiu.
Fantástico: Você fugiu para onde?
Luis: Para o mato.
Fantástico: Mas eles foram atrás de você?
Luis: Foram atrás de mim.
Fantástico: Eles quem?
Luis: A polícia e o Conselho.
Fantástico: Conselho Tutelar.
Luis: Conselho Tutelar.
A ordem de levar as crianças era da promotora de Triunfo, Tarcila Teixeira, que, em seguida, conseguiu a destituição familiar.
Fantástico: Que tipo de risco essas crianças corriam?
Promotora: Risco de toda sorte, risco de doenças, risco de um problema com alimentação porque tinha um envolvimento com situações de uma alimentação não adequada que eu não quero entrar em detalhes.
O alcoolismo do pai seria uma das causas. Hoje, ele está em recuperação. E, apesar do problema em casa, Rivonete tentava manter a rotina dos filhos: deixá-los na creche municipal enquanto trabalhava como faxineira.
Fantástico: E a Rivonete trazia essas crianças todo dia pra cá?
Denise: Todo dia.
Fantástico: E essas crianças apresentavam algum sinal de maus-tratos?
Denise: Não. Que eu me lembre, não mesmo.
Fantástico: E a Rivonete cuidava dos filhos direitinho?
Denise: Não sei se era o cuidado adequado para todos. Mas cuidava.
Depois que os filhos foram levados, Rivonete os visitava no abrigo público. Ela diz que foram muitos os pedidos, feitos inclusive à promotora, para tê-los de volta.
Rivonete: Eu ia lá, eu conversava, às vezes ela mandava trancar a porta. A secretária até falava: ‘olha, me desculpe, mas a doutora Tarsila falou que não tem mais nada para conversar com você sobre suas crianças’. Eu saía desesperada de lá.
Quando Rivonete perdeu a guarda de suas crianças, Luciane Micharki era conselheira tutelar em Triunfo.
“O lugar onde eles moravam era um lugar inadequado, mesmo. Porque tinha um lixão aqui na cidade e eles moravam nesse lixão. Mas com todos os cuidados, principalmente da mãe. O pai era alcoólatra. Eu acho assim: o que faltava para eles era uma base, uma estrutura. Uma ajuda”m lembra Luciane.
“Às vezes uma família tem falhas? Sim, tem. Todos nós temos. A falha está prejudicando a criança? Então como corrigir essa falha? Por quê? Porque retirar a criança desse convívio familiar vai prejudicar muito mais a criança”, avalia o médico Nelson Arns.
Nelson Arns, representante mundial da Pastoral da Criança, trabalha com famílias que vivem dramas como o de Rivonete.
“O que a lei fala é que a primeira opção tem que ser a família. Quanto mais próximo, melhor. Mas às vezes o que o juiz quer, interpretando errado a lei, não é salvaguardar a criança, é punir o pai. O alcoolismo, por exemplo, é doença, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como doença. O juiz não pode dizer ‘é sem-vergonhice do pai ou da mãe que bebe e eu vou retirar’”, explica Arns.
Os pais só perdem o direito de criar seus próprios filhos em situações comprovadas de risco à saúde, à educação, à segurança. É o que diz a lei. Nesses casos, a Justiça tem a obrigação de procurar, primeiro, os parentes mais próximos. Depois, famílias que queiram adotar, na região, no estado ou no país. A adoção internacional é a última alternativa. E foi o que aconteceu com os filhos de Rivonete e Toninho.
Os sete irmãos foram adotados no exterior. Rivonete e Toninho, hoje, moram e trabalham na chácara da dona Deusita. Os filhos que ficaram continuam por perto.
Deusita: Deram moços trabalhadores. Não fumam, não bebem. Já são casados, são bons esposos, têm uma família. E são muito apegados com os pais. Todo domingo eles vêm ali, fazem um churrasquinho, acho tão bonito. Dias desses eu disse para o meu marido: ‘veja que lindo, eles estão ali reunidinhos’. Mas ela sempre com aquele ar de tristeza, sempre falando nos filhos. Nos outros que foram.
Depois que estivemos em Gaspar, gravando esta reportagem, Zilda e Manoel conseguiram a guarda provisória da pequena Maria Eduarda. Ela já deixou o abrigo e voltou para casa.
O casal, que tem condições de contratar um advogado, finalmente vai conseguir iniciar o processo de adoção da menina.
A história de Rivonete também já tem um fim. Ela sabe que os filhos estão longe, fora do Brasil.
Rivonete: Tem que se conformar, mas não se conforma, não adianta.
O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Nelson Calandra, tem uma explicação para as decisões apressadas que muitas vezes os juízes adotam: “Eu costumo dizer que a criança e o adolescente adotados não têm problemas. Quem tem problema é o adulto. Normalmente nós juízes recebemos pedidos ligados à infância e à juventude sempre em situação de emergência”.
Mas Wanderlino Nogueira Neto, representante das Nações Unidas discorda. Ele afirma que há juízes que simplesmente ignoram o que está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente: “Muitos juízes ainda aplicam o velho código de menores, que tinha a forma de adoção por abandono e o abandono é falta de condições materiais para manter aquele filho. O estatuto é de 1990. Não é possível mais que os magistrados não estejam imbuídos, não conheçam o estatuto”.
Ellen: O que se tem que avaliar é se está se investindo na prevenção, quanto é investido numa criança que está acolhida institucionalmente e quanto que poderia ser destinado pra fortalecer as famílias evitando o ‘abrigamento’ dessas crianças.
Nelson Arns: É mais difícil fazer a reestruturação familiar? Sim, mas resolve.
E Elaine? A história de Elaine ainda não acabou. A depressão está sob controle. Mas a saudade... Ela e André cuidam da caçula e mantêm arrumado o quarto das outras filhas. Sem saber se elas voltarão um dia.
“Agora eu estou vendo que eu estou diferente, que eu estou em condição novamente de cuidar, de sair com as minhas meninas de novo. Mas eu preciso delas. Porque não é só essa daqui que eu tenho. Eu tenho as minhas outras três meninas que eu quero perto de mim”, diz Elaine.
Depois de sofrer uma depressão, mulher tem as três filhas tiradas de casa. Por causa do marido alcoólatra, outra mulher perde sete filhos de uma vez.
Depois de sofrer uma depressão, uma mulher tem as três filhas tiradas de casa por ordem da Justiça. Por causa do marido alcoólatra, outra mulher perde sete filhos de uma vez.
Quando os pais não conseguem cuidar de suas crianças, qual a melhor saída? Afastar imediatamente os filhos ou manter a família unida e buscar uma solução?
Você vai conhecer agora histórias comoventes, que dividem as opiniões de especialistas.
Elaine: Eu tive depressão pós-parto depois da minha última menina, a Evelyn, de três anos.
Elaine trabalhava numa fábrica e cuidava de outras três filhas. Evelyn, hoje com 3 anos, era a menor. Mas, quando Elaine começou a tratar da depressão, a vida em família virou um inferno.
Elaine: O tratamento, em algum período, fez efeito. Mas depois foi tudo ao contrário.
Remédio, bebida. Elaine passava mal. E ficou mal vista na cidade onde mora, Gaspar, em Santa Catarina. Como se não tivesse condições de criar as filhas, ela foi denunciada à juíza da comarca. De uma hora para outra, policiais e conselheiras bateram na casa dela.
Fantástico: As crianças estavam em casa?
Elaine: Estavam em casa, elas estavam dormindo. Elas pegaram as meninas e saíram.
As crianças foram levadas para um abrigo público. Elaine conseguia visitá-las toda semana. De repente, as visitas foram proibidas.
Elaine: Chegamos no abrigo e disseram: ‘vocês não vão ver mais as meninas’.
No abrigo, disseram que a proibição de ver as filhas tinha um motivo.
Elaine: Disseram que o meu marido estava andando na rua bêbado, não estava trabalhando e estava pedindo comida na estrada, na rua e morando embaixo da ponte.
Fantástico: E isso era verdade?
Elaine: Não, não era. Não era.
Hoje, André trabalha na construção civil, como ajudante de pedreiro.
Andre: Minhas filhas são minha vida. Minha vida. Eu batalho para conseguir as coisas, para adquirir as coisas para elas. Todo dia de manhã, elas me beijavam, me abraçavam: ‘pai, tchau, pai. Vai com Deus trabalhar’.
Lá se vão oito meses e Elaine não consegue nem notícia das filhas.
Elaine: Como eu estou passando por esse processo todo, todas as crianças que a gente vê na rua é a minha menina mais nova, é a minha menina mais velha, é a minha menina de 6 anos.
Gaspar tem 60 mil habitantes, um quinto da população de Blumenau, cidade vizinha. Mas a relação nos números de adoção é bem diferente. Nos últimos seis anos, 37 crianças de Gaspar foram adotadas. Em Blumenau, foram 34.
Elaine: E as minhas meninas, só porque eu tive essa doença e não consegui me erguer muito rápido, eles foram lá, tiraram as meninas.
A ordem de tirar os filhos de Elaine foi da juíza Ana Paula Amaro da Silveira. Durante 11 anos, até dezembro de 2012, ela atuou na comarca de Gaspar, onde se dedicou a acelerar os processos de destituição do poder familiar. O primeiro passo para a adoção.
“Nós sabemos que o nosso cadastro de adoção, 90% das pessoas querem recém-nascidos até 2 anos. Nós começamos então a fazer com que os processos de destituição fossem mais rápidos e, aí, a dar uma chance real dessa criança ter uma família”, declara a juíza.
Zilda Giacomoni: A gente começou a correr. E pega advogado aqui e ‘pelo amor de Deus, não deixa a criança ir embora, não deixa a criança ir embora’.
Zilda e Manoel são donos de uma creche em Gaspar. Cuidam de 70 crianças. Uma delas era a filha recém-nascida de um sobrinho de Manoel.
Manoel Giacomoni: Eles nos convidaram para ser padrinho e colocaram a menina na creche. Eu ia buscar ela no dia a dia, o transporte de leva e trás da creche. E a gente começou a se apegar com ela.
A mãe da menina era uma jovem de 16 anos e com problemas psicológicos. Embora a criança estivesse sob os cuidados do tio, a destituição familiar foi pedida e cumprida na porta da creche.
Manoel Giacomoni: Nós viemos buscar a Maria Eduarda e vamos levar para o abrigo.
Zilda: No mesmo dia a gente entrou com um pedido de guarda.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, a preferência para a adoção é da família extensa. Quer dizer, dos parentes: tios, avós. Nem assim Manoel e Zilda conseguiram dar início ao processo.
Zilda: Ela alegou que a gente não tava inscrito no cadastro de adoção e por isso a gente não tinha direito na adoção dela.
Fantástico: A família extensa não é prioridade em um processo de adoção?
“Ela é prioridade desde que essa família extensa demonstre também que tenha atenção, carinho e cuidado com essa criança”, afirma a juíza.
Manoel: Ninguém da assistente social, do fórum, veio até nós fazer uma entrevista na nossa casa, ver que tipo de pessoas que a gente era.
Zilda: A gente tem uma filha, ela tem 20 anos. Está ela está estudando arquitetura, está no terceiro semestre. E, além de estudar, ela trabalha também ajudando a gente na creche.
Letícia Giacomoni: A minha mãe, meu pai, são uma família honesta, nunca aconteceu nada assim. E eu escutava a minha mãe chorar no banheiro. Meu pai foi ficando doente.
Depois que a menina foi levada para o abrigo, não foram poucas as vezes em que Manoel e Zilda tentaram visitá-la. Mas nunca conseguiram passar do portão.
O Fantástico foi conversar com a responsável pelo abrigo, Gislane dos Santos. “Tem situações que às vezes há proibição de visitas porque realmente o processo já está se levando pra uma destituição do poder familiar. Então a gente começa a fazer o rompimento dessa vinculação com a família”, ela diz.
Acelerar processos de adoção, em muitos casos, pode levar a Justiça a cometer equívocos, diz a promotora Ellen Sanchez.
“É o tempo que tem que orientar o processo. É o tempo que tem que orientar o bom senso. Porque, se a ação foi ajuizada, se todo mundo olhou, Ministério Público, advogados, equipe técnica, aí é uma decisão que traz uma segurança jurídica pra todos os envolvidos”, avalia a promotora.
Hellen Sanchez é coordenadora, no Ministério Público de Santa Catarina, do Centro de Apoio à Infância e Juventude. Segundo ela, alguns processos de destituição em Gaspar têm que ser revistos.
Ellen: Os procedimentos que estão previstos na lei, em muitos casos, não foram observados. Por isso que o Ministério Público está recorrendo.
Fantástico: Não foram observados em que sentido?
Ellen: No sentido de oportunizar a manifestação do Ministério Público, de ouvir as testemunhas que tivessem ou os familiares que tivessem o interesse em poder acolher essa criança.
Juíza: Todas as destituições são propostas pelo Ministério Público. Todas elas têm que ter o contraditório, todas.
O Ministério Público diz que, em algumas adoções e em algumas destituições, não foi ouvido. O Ministério Público não confirma essa informação.
Juíza: Então o Ministério Público está mentindo.
Fantástico: É verdade que muitos desses processos não foram sequer comunicados ao Ministério Público?
Ellen: Alguns processos em que isso aconteceu, estão sendo tomadas essas medidas judiciais para anular essa decisões.
O delicado problema da destituição familiar chama também a atenção em outras cidades do Sul do Brasil.
O Fantástico esteve em São João do Triunfo, no interior do Paraná. Há nove anos, Rivonete e Toninho tiveram sete filhos tirados de casa.
Rivonete: A pequenininha eles me tiraram do peito. Não gosto de me lembrar disso, Deus me livre.
Eram nove filhos. Apenas o mais velho, já adolescente, estava fora do alvo da Justiça. Luís, que é o segundo mais velho, diz que só não foi levado porque fugiu.
Fantástico: Você fugiu para onde?
Luis: Para o mato.
Fantástico: Mas eles foram atrás de você?
Luis: Foram atrás de mim.
Fantástico: Eles quem?
Luis: A polícia e o Conselho.
Fantástico: Conselho Tutelar.
Luis: Conselho Tutelar.
A ordem de levar as crianças era da promotora de Triunfo, Tarcila Teixeira, que, em seguida, conseguiu a destituição familiar.
Fantástico: Que tipo de risco essas crianças corriam?
Promotora: Risco de toda sorte, risco de doenças, risco de um problema com alimentação porque tinha um envolvimento com situações de uma alimentação não adequada que eu não quero entrar em detalhes.
O alcoolismo do pai seria uma das causas. Hoje, ele está em recuperação. E, apesar do problema em casa, Rivonete tentava manter a rotina dos filhos: deixá-los na creche municipal enquanto trabalhava como faxineira.
Fantástico: E a Rivonete trazia essas crianças todo dia pra cá?
Denise: Todo dia.
Fantástico: E essas crianças apresentavam algum sinal de maus-tratos?
Denise: Não. Que eu me lembre, não mesmo.
Fantástico: E a Rivonete cuidava dos filhos direitinho?
Denise: Não sei se era o cuidado adequado para todos. Mas cuidava.
Depois que os filhos foram levados, Rivonete os visitava no abrigo público. Ela diz que foram muitos os pedidos, feitos inclusive à promotora, para tê-los de volta.
Rivonete: Eu ia lá, eu conversava, às vezes ela mandava trancar a porta. A secretária até falava: ‘olha, me desculpe, mas a doutora Tarsila falou que não tem mais nada para conversar com você sobre suas crianças’. Eu saía desesperada de lá.
Quando Rivonete perdeu a guarda de suas crianças, Luciane Micharki era conselheira tutelar em Triunfo.
“O lugar onde eles moravam era um lugar inadequado, mesmo. Porque tinha um lixão aqui na cidade e eles moravam nesse lixão. Mas com todos os cuidados, principalmente da mãe. O pai era alcoólatra. Eu acho assim: o que faltava para eles era uma base, uma estrutura. Uma ajuda”m lembra Luciane.
“Às vezes uma família tem falhas? Sim, tem. Todos nós temos. A falha está prejudicando a criança? Então como corrigir essa falha? Por quê? Porque retirar a criança desse convívio familiar vai prejudicar muito mais a criança”, avalia o médico Nelson Arns.
Nelson Arns, representante mundial da Pastoral da Criança, trabalha com famílias que vivem dramas como o de Rivonete.
“O que a lei fala é que a primeira opção tem que ser a família. Quanto mais próximo, melhor. Mas às vezes o que o juiz quer, interpretando errado a lei, não é salvaguardar a criança, é punir o pai. O alcoolismo, por exemplo, é doença, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como doença. O juiz não pode dizer ‘é sem-vergonhice do pai ou da mãe que bebe e eu vou retirar’”, explica Arns.
Os pais só perdem o direito de criar seus próprios filhos em situações comprovadas de risco à saúde, à educação, à segurança. É o que diz a lei. Nesses casos, a Justiça tem a obrigação de procurar, primeiro, os parentes mais próximos. Depois, famílias que queiram adotar, na região, no estado ou no país. A adoção internacional é a última alternativa. E foi o que aconteceu com os filhos de Rivonete e Toninho.
Os sete irmãos foram adotados no exterior. Rivonete e Toninho, hoje, moram e trabalham na chácara da dona Deusita. Os filhos que ficaram continuam por perto.
Deusita: Deram moços trabalhadores. Não fumam, não bebem. Já são casados, são bons esposos, têm uma família. E são muito apegados com os pais. Todo domingo eles vêm ali, fazem um churrasquinho, acho tão bonito. Dias desses eu disse para o meu marido: ‘veja que lindo, eles estão ali reunidinhos’. Mas ela sempre com aquele ar de tristeza, sempre falando nos filhos. Nos outros que foram.
Depois que estivemos em Gaspar, gravando esta reportagem, Zilda e Manoel conseguiram a guarda provisória da pequena Maria Eduarda. Ela já deixou o abrigo e voltou para casa.
O casal, que tem condições de contratar um advogado, finalmente vai conseguir iniciar o processo de adoção da menina.
A história de Rivonete também já tem um fim. Ela sabe que os filhos estão longe, fora do Brasil.
Rivonete: Tem que se conformar, mas não se conforma, não adianta.
O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Nelson Calandra, tem uma explicação para as decisões apressadas que muitas vezes os juízes adotam: “Eu costumo dizer que a criança e o adolescente adotados não têm problemas. Quem tem problema é o adulto. Normalmente nós juízes recebemos pedidos ligados à infância e à juventude sempre em situação de emergência”.
Mas Wanderlino Nogueira Neto, representante das Nações Unidas discorda. Ele afirma que há juízes que simplesmente ignoram o que está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente: “Muitos juízes ainda aplicam o velho código de menores, que tinha a forma de adoção por abandono e o abandono é falta de condições materiais para manter aquele filho. O estatuto é de 1990. Não é possível mais que os magistrados não estejam imbuídos, não conheçam o estatuto”.
Ellen: O que se tem que avaliar é se está se investindo na prevenção, quanto é investido numa criança que está acolhida institucionalmente e quanto que poderia ser destinado pra fortalecer as famílias evitando o ‘abrigamento’ dessas crianças.
Nelson Arns: É mais difícil fazer a reestruturação familiar? Sim, mas resolve.
E Elaine? A história de Elaine ainda não acabou. A depressão está sob controle. Mas a saudade... Ela e André cuidam da caçula e mantêm arrumado o quarto das outras filhas. Sem saber se elas voltarão um dia.
“Agora eu estou vendo que eu estou diferente, que eu estou em condição novamente de cuidar, de sair com as minhas meninas de novo. Mas eu preciso delas. Porque não é só essa daqui que eu tenho. Eu tenho as minhas outras três meninas que eu quero perto de mim”, diz Elaine.
Adoção sem fronteiras
Adoção sem fronteiras
Os brasileiros começam a superar os preconceitos e aceitar crianças que estavam fadadas a crescer em abrigos: negras, mais velhas e com necessidades especiais
O ano era 1973. O Brasil da ditadura militar ainda nem sonhava com um estatuto que garantisse o direito das crianças e dos adolescentes, que só chegaria em 1990, após a redemocratização. Em Curitiba, no Paraná, Hália Pauliv, hoje com 75 anos, adotava duas meninas, ambas de pele branca, tal como a sua, e ainda bebês, como a sociedade preconizava. “Adotei num tempo em que havia muito preconceito. Só se escolhiam bebês e os maiores iam para reformatórios”, diz Hália, que atualmente coordena um grupo de apoio chamado Adoção Consciente. A transformação ocorrida nessas últimas quatro décadas pode ser ilustrada na experiência de uma de suas filhas, Fernanda, 39 anos. Em 2009, ela adotou as irmãs Maria Vitória, hoje com 8 anos, e Elizabete, de 11. No passado, adoções como essas, envolvendo crianças mais velhas, negras, grupos de irmãos ou com algum tipo de deficiência eram consideradas quase impossíveis. Com isso, essas pessoas fatalmente perdiam a oportunidade de recomeçar suas histórias em uma nova família. Mas números divulgados no fim de janeiro pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA), mostram que o Brasil está se redimindo desses longos anos de preconceito. Os pretendentes estão cada vez menos exigentes com relação à cor da pele, ao sexo e à idade. Além disso, ainda que de maneira mais lenta, estão mais abertos a adoções especiais, de crianças portadoras de algum tipo de enfermidade ou deficiência. Essa tendência, já bastante consolidada entre os adotantes estrangeiros, começa a diminuir as brutais diferenças entre o perfil requerido pelos pais e a realidade das crianças abrigadas no País.
Em 2010, 31% dos inscritos no cadastro se diziam indiferentes à cor da pele. Hoje, são 38%.
A mesma variação se vê no caso da idade. Há dois anos, quase 20% dos pretendentes exigiam crianças menores de um ano. No último levantamento do CNA, eles somam apenas 16% (leia quadro). O coordenador de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros, explica que a adoção de crianças mais velhas já é uma realidade no caso das adoções internacionais. Segundo um levantamento do TJ feito entre janeiro e junho de 2012, 36 das 49 adotadas por estrangeiros no Estado tinham mais de 6 anos. Para o desembargador, a mudança que estamos vivendo é reflexo da nova lei de adoção, de 2009. Ela obriga que os adotantes passem por uma orientação junto aos grupos de apoio antes de serem habilitados. “Esse trabalho de conscientização fez determinados preconceitos cair por terra”, afirma. A percepção é compartilhada por Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito da Família (Ibdfam). “A gente deve apresentar aos pretendentes a realidade nua e crua. A maior parte das crianças é negra, tem mais de 5 anos e algum tipo de doença”, diz. “Isso tem aberto o coração das pessoas para o fato de que filho a gente não escolhe, filho chega.”
Justamente por não se tratar da escolha de um produto em um supermercado, a adoção não está imune a eventuais conflitos e problemas, assim como acontece com a criação de um filho biológico. “Para muita gente, a adoção é um sonho, e não funciona assim”, afirma a administradora pública Cristiane Pinto, 35 anos, mãe de Aline, 16, adotada há quatro anos. “A nossa filha veio com uma bagagem muito pesada e a gente percebia isso nos pesadelos, na saúde, nas reações inconstantes. Tivemos de ter paciência, dialogar e dar muito amor para vencer essas barreiras.” É esse tipo de experiência que vem sendo compartilhada nos 124 grupos de adoção formais e informais espalhados pelo País, segundo a Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção. Eles vêm ajudando a desfazer mitos e a orientar os pais nos momentos mais difíceis. Roberto Beda, presidente do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo (Gaasp), afirma que, nos encontros que acontecem mensalmente e reúnem pretendentes e pais que já adotaram, os participantes têm a oportunidade de trocar informações sobre como proceder, por exemplo, em casos de regressão – uma reação bastante comum nas adoções tardias. “As crianças têm comportamentos que não condizem com a sua idade. Chupam chupeta, fazem xixi na cama. É como se eles tivessem que renascer na nova família”, diz. Beda afirma que esse é um indicador positivo de adaptação, mas pode ser mal interpretado se os pais não tiverem conhecimento anterior.
Foi justamente a participação em um desses grupos que revirou o entendimento que a oficial de justiça Paula Cury, 43 anos, tinha sobre a adoção. “Em 2006, quando dei entrada na minha habilitação, achava que só se adotavam bebês”, diz. Hoje ela é mãe de Rodrigo, 6 anos, diagnosticado com paralisia cerebral, de Maria Luiza, 5 anos, portadora do vírus HIV, dos irmãos biológicos Laura, de 15, e Alexandre, 13, além de Maria Eduarda, que tem 7 anos e sofre de hidroanencefalia, macrocefalia, paralisia cerebral grave e epilepsia. Ela também coordena um fórum na internet com a intenção de informar as pessoas sobre a adoção de crianças com alguma necessidade especial. “Não pode ser um ato de caridade, porque você logo vai cobrar da criança uma gratidão que não existe. A adoção tem de ser muito consciente”, afirma.
Esse entendimento cuidadoso do processo, que preza pela real capacidade do adotante de satisfazer os interesses da criança, ficou plasmado na nova lei de adoção. Nela, o Estado brasileiro vê os pretendentes como parte da solução para o problema das crianças sem família, e não o contrário. “Não se buscam crianças adequadas às famílias, mas famílias adequadas às crianças”, diz Roberto Beda. É importante, portanto, que pais e mães que desejam adotar tenham plena consciência do que os motiva. Segundo a psicóloga Cintia Liana Reis de Silva, que atua na organização italiana Senza Frontiere Onluz de adoção internacional, é preciso identificar o que desperta o desejo de adotar. “Se a vontade do adotante é legítima e saudável, o sucesso está quase garantido”, afirma.
A analista de departamento pessoal Andréa Sampaio, 40 anos, carregou essa vontade desde a infância. Quando pequena, pediu que sua mãe lhe comprasse uma boneca negra que vinha com certificado de adoção. A certeza de que seria mãe adotiva foi compartilhada mais tarde com o marido, Eduardo Giraldi, e culminou com a adoção, em 2003, de um menino negro de apenas 3 meses que estava abrigado em Salvador, na Bahia. “As pessoas não queriam fazer uma adoção inter-racial por ter medo de falar sobre adoção”, diz. Diego, hoje com 9 anos, logo pediu uma irmã aos pais. Vitória chegou em 2008, aos 2 anos e meio, depois de ser abandonada em um centro de acolhimento, em São Paulo. Sobre o preconceito, Andréa sentencia: “As mudanças culturais que geraram novas estruturas familiares estão abrindo caminho para a quebra dos velhos estigmas.” Além disso, recentes estudos mostram que a aceitação e a vivência da diversidade pela família são positivas para o desenvolvimento dos adotados. Uma pesquisa publicada em 2010 pela professora Gina Miranda Samuels, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, revela que o aprofundamento da identidade racial é extremamente importante para o filho fruto de uma adoção inter-racial – conclusão que coloca em juízo a prática de não assumir as diferenças na cor da pele. Esse tipo de esclarecimento é fundamental para quem se sente inseguro na hora de delimitar o perfil da criança a ser adotada.
“Nós nunca sofremos nenhum tipo de preconceito, mas eu vivo me preparando para isso”, afirma a gerente de marketing Maria Aparecida Vasconcelos, mãe de Catarina, 4 anos, que foi adotada há um ano e meio, em São Paulo. A sua estratégia para trabalhar as diferenças é a transparência. “Ainda que ela veja tudo de maneira lúdica, explico que ela não nasceu da minha barriga, apesar de eu ser sua mãe.” A mesma filosofia foi aplicada por Alessandra Marangoni, mãe da menina N.L., que hoje tem 2 anos e cuja mãe biológica era portadora de HIV. “N.L. não nasceu de mim, mas para mim. Ela tem uma história que precisa ser respeitada e eu não vou tirar esse direito dela”, afirma. Sobre a decisão de adotar uma criança com possibilidade de ter Aids – recentes exames constataram que ela era negativa para o vírus –, Alessandra afirma que tinha mais medo de que um de seus dois filhos biológicos morresse de asma. “É uma doença? É. Tem chance de morte? Tem. Mas não é um bicho de sete cabeças.” Dados do CNJ de 2012 mostram que 1107 crianças aptas à adoção têm problemas de saúde. Dessas, 144 têm o HIV.
A Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav), de Curitiba, é um dos centros de acolhimento que recebem apenas portadores do vírus. Ao longo de duas décadas, a organização já atendeu mais de 120 crianças e jovens. A fundadora Maria Rita Teixeira, 60 anos, que tem três filhos biológicos e um adotado, ressalta que, uma vez superado o preconceito, o mais difícil é transpor os obstáculos da Justiça. “As crianças que recebemos são encaminhadas pelo juiz e logo esquecidas. As destituições familiares, essenciais para as adoções, simplesmente não acontecem.” Uma situação similar impediu que, em 2010, Aristéia Rau, 48 anos, e seu marido Alberto, 55, adotassem quatro crianças portadoras de HIV em Curitiba. Mesmo depois de conseguir a guarda de duas crianças do Rio de Janeiro, Mateus, 15 anos, e Daniele, 11, o casal resolveu se manifestar contra a falta de justificativas da Vara da Infância e fundou o Movimento Nacional das Crianças Inadotáveis (Monaci). O objetivo é chamar a atenção para os abrigados que ainda não estão na lista do CNA por conta da demora nos processos. “A situação das crianças em abrigos é uma verdadeira caixa-preta”, afirma Aristéia. O CNJ estima que 43.915 crianças estejam em centros de acolhimento em todo o País. Dessas, apenas 5.499 estão aptas à adoção.
Gabriel Matos, juiz auxiliar do conselho, afirma que “existe um preconceito de que a criança destituída ficará sem família durante o período de acolhimento, o que gera certa letargia do Judiciário na hora de julgar esses casos”. Para resolver esse problema, o Conselho promete adotar um sistema integrado de informações com o Ministério Público e o Ministério de Desenvolvimento Social e fazer um levantamento do número de crianças abrigadas que ainda precisam passar pelo processo. Segundo a juíza Maria Lucia de Paula Espíndola, da 2ª Vara da Infância e Juventude de Curitiba, a destituição deveria durar até 120 dias, mas a dificuldade de encontrar todos os familiares e conseguir todas as negativas necessárias para entregar a criança à adoção atrasa o processo. “Entendemos que os trâmites não podem ser rápidos porque temos de ter responsabilidade. Mas é fato que nosso Judiciário não está bem estruturado”, afirma Antonio Carlos Malheiros. “As nossas varas ainda não são especializadas e precisamos quadruplicar o número de técnicos.” Considerando que, apesar da paulatina mudança de comportamento dos brasileiros, o passar do tempo ainda reduz substancialmente as chances de essas crianças serem adotadas, a mudança é urgente.
Os brasileiros começam a superar os preconceitos e aceitar crianças que estavam fadadas a crescer em abrigos: negras, mais velhas e com necessidades especiais
O ano era 1973. O Brasil da ditadura militar ainda nem sonhava com um estatuto que garantisse o direito das crianças e dos adolescentes, que só chegaria em 1990, após a redemocratização. Em Curitiba, no Paraná, Hália Pauliv, hoje com 75 anos, adotava duas meninas, ambas de pele branca, tal como a sua, e ainda bebês, como a sociedade preconizava. “Adotei num tempo em que havia muito preconceito. Só se escolhiam bebês e os maiores iam para reformatórios”, diz Hália, que atualmente coordena um grupo de apoio chamado Adoção Consciente. A transformação ocorrida nessas últimas quatro décadas pode ser ilustrada na experiência de uma de suas filhas, Fernanda, 39 anos. Em 2009, ela adotou as irmãs Maria Vitória, hoje com 8 anos, e Elizabete, de 11. No passado, adoções como essas, envolvendo crianças mais velhas, negras, grupos de irmãos ou com algum tipo de deficiência eram consideradas quase impossíveis. Com isso, essas pessoas fatalmente perdiam a oportunidade de recomeçar suas histórias em uma nova família. Mas números divulgados no fim de janeiro pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA), mostram que o Brasil está se redimindo desses longos anos de preconceito. Os pretendentes estão cada vez menos exigentes com relação à cor da pele, ao sexo e à idade. Além disso, ainda que de maneira mais lenta, estão mais abertos a adoções especiais, de crianças portadoras de algum tipo de enfermidade ou deficiência. Essa tendência, já bastante consolidada entre os adotantes estrangeiros, começa a diminuir as brutais diferenças entre o perfil requerido pelos pais e a realidade das crianças abrigadas no País.
Em 2010, 31% dos inscritos no cadastro se diziam indiferentes à cor da pele. Hoje, são 38%.
A mesma variação se vê no caso da idade. Há dois anos, quase 20% dos pretendentes exigiam crianças menores de um ano. No último levantamento do CNA, eles somam apenas 16% (leia quadro). O coordenador de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros, explica que a adoção de crianças mais velhas já é uma realidade no caso das adoções internacionais. Segundo um levantamento do TJ feito entre janeiro e junho de 2012, 36 das 49 adotadas por estrangeiros no Estado tinham mais de 6 anos. Para o desembargador, a mudança que estamos vivendo é reflexo da nova lei de adoção, de 2009. Ela obriga que os adotantes passem por uma orientação junto aos grupos de apoio antes de serem habilitados. “Esse trabalho de conscientização fez determinados preconceitos cair por terra”, afirma. A percepção é compartilhada por Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito da Família (Ibdfam). “A gente deve apresentar aos pretendentes a realidade nua e crua. A maior parte das crianças é negra, tem mais de 5 anos e algum tipo de doença”, diz. “Isso tem aberto o coração das pessoas para o fato de que filho a gente não escolhe, filho chega.”
Justamente por não se tratar da escolha de um produto em um supermercado, a adoção não está imune a eventuais conflitos e problemas, assim como acontece com a criação de um filho biológico. “Para muita gente, a adoção é um sonho, e não funciona assim”, afirma a administradora pública Cristiane Pinto, 35 anos, mãe de Aline, 16, adotada há quatro anos. “A nossa filha veio com uma bagagem muito pesada e a gente percebia isso nos pesadelos, na saúde, nas reações inconstantes. Tivemos de ter paciência, dialogar e dar muito amor para vencer essas barreiras.” É esse tipo de experiência que vem sendo compartilhada nos 124 grupos de adoção formais e informais espalhados pelo País, segundo a Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção. Eles vêm ajudando a desfazer mitos e a orientar os pais nos momentos mais difíceis. Roberto Beda, presidente do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo (Gaasp), afirma que, nos encontros que acontecem mensalmente e reúnem pretendentes e pais que já adotaram, os participantes têm a oportunidade de trocar informações sobre como proceder, por exemplo, em casos de regressão – uma reação bastante comum nas adoções tardias. “As crianças têm comportamentos que não condizem com a sua idade. Chupam chupeta, fazem xixi na cama. É como se eles tivessem que renascer na nova família”, diz. Beda afirma que esse é um indicador positivo de adaptação, mas pode ser mal interpretado se os pais não tiverem conhecimento anterior.
Foi justamente a participação em um desses grupos que revirou o entendimento que a oficial de justiça Paula Cury, 43 anos, tinha sobre a adoção. “Em 2006, quando dei entrada na minha habilitação, achava que só se adotavam bebês”, diz. Hoje ela é mãe de Rodrigo, 6 anos, diagnosticado com paralisia cerebral, de Maria Luiza, 5 anos, portadora do vírus HIV, dos irmãos biológicos Laura, de 15, e Alexandre, 13, além de Maria Eduarda, que tem 7 anos e sofre de hidroanencefalia, macrocefalia, paralisia cerebral grave e epilepsia. Ela também coordena um fórum na internet com a intenção de informar as pessoas sobre a adoção de crianças com alguma necessidade especial. “Não pode ser um ato de caridade, porque você logo vai cobrar da criança uma gratidão que não existe. A adoção tem de ser muito consciente”, afirma.
Esse entendimento cuidadoso do processo, que preza pela real capacidade do adotante de satisfazer os interesses da criança, ficou plasmado na nova lei de adoção. Nela, o Estado brasileiro vê os pretendentes como parte da solução para o problema das crianças sem família, e não o contrário. “Não se buscam crianças adequadas às famílias, mas famílias adequadas às crianças”, diz Roberto Beda. É importante, portanto, que pais e mães que desejam adotar tenham plena consciência do que os motiva. Segundo a psicóloga Cintia Liana Reis de Silva, que atua na organização italiana Senza Frontiere Onluz de adoção internacional, é preciso identificar o que desperta o desejo de adotar. “Se a vontade do adotante é legítima e saudável, o sucesso está quase garantido”, afirma.
A analista de departamento pessoal Andréa Sampaio, 40 anos, carregou essa vontade desde a infância. Quando pequena, pediu que sua mãe lhe comprasse uma boneca negra que vinha com certificado de adoção. A certeza de que seria mãe adotiva foi compartilhada mais tarde com o marido, Eduardo Giraldi, e culminou com a adoção, em 2003, de um menino negro de apenas 3 meses que estava abrigado em Salvador, na Bahia. “As pessoas não queriam fazer uma adoção inter-racial por ter medo de falar sobre adoção”, diz. Diego, hoje com 9 anos, logo pediu uma irmã aos pais. Vitória chegou em 2008, aos 2 anos e meio, depois de ser abandonada em um centro de acolhimento, em São Paulo. Sobre o preconceito, Andréa sentencia: “As mudanças culturais que geraram novas estruturas familiares estão abrindo caminho para a quebra dos velhos estigmas.” Além disso, recentes estudos mostram que a aceitação e a vivência da diversidade pela família são positivas para o desenvolvimento dos adotados. Uma pesquisa publicada em 2010 pela professora Gina Miranda Samuels, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, revela que o aprofundamento da identidade racial é extremamente importante para o filho fruto de uma adoção inter-racial – conclusão que coloca em juízo a prática de não assumir as diferenças na cor da pele. Esse tipo de esclarecimento é fundamental para quem se sente inseguro na hora de delimitar o perfil da criança a ser adotada.
“Nós nunca sofremos nenhum tipo de preconceito, mas eu vivo me preparando para isso”, afirma a gerente de marketing Maria Aparecida Vasconcelos, mãe de Catarina, 4 anos, que foi adotada há um ano e meio, em São Paulo. A sua estratégia para trabalhar as diferenças é a transparência. “Ainda que ela veja tudo de maneira lúdica, explico que ela não nasceu da minha barriga, apesar de eu ser sua mãe.” A mesma filosofia foi aplicada por Alessandra Marangoni, mãe da menina N.L., que hoje tem 2 anos e cuja mãe biológica era portadora de HIV. “N.L. não nasceu de mim, mas para mim. Ela tem uma história que precisa ser respeitada e eu não vou tirar esse direito dela”, afirma. Sobre a decisão de adotar uma criança com possibilidade de ter Aids – recentes exames constataram que ela era negativa para o vírus –, Alessandra afirma que tinha mais medo de que um de seus dois filhos biológicos morresse de asma. “É uma doença? É. Tem chance de morte? Tem. Mas não é um bicho de sete cabeças.” Dados do CNJ de 2012 mostram que 1107 crianças aptas à adoção têm problemas de saúde. Dessas, 144 têm o HIV.
A Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav), de Curitiba, é um dos centros de acolhimento que recebem apenas portadores do vírus. Ao longo de duas décadas, a organização já atendeu mais de 120 crianças e jovens. A fundadora Maria Rita Teixeira, 60 anos, que tem três filhos biológicos e um adotado, ressalta que, uma vez superado o preconceito, o mais difícil é transpor os obstáculos da Justiça. “As crianças que recebemos são encaminhadas pelo juiz e logo esquecidas. As destituições familiares, essenciais para as adoções, simplesmente não acontecem.” Uma situação similar impediu que, em 2010, Aristéia Rau, 48 anos, e seu marido Alberto, 55, adotassem quatro crianças portadoras de HIV em Curitiba. Mesmo depois de conseguir a guarda de duas crianças do Rio de Janeiro, Mateus, 15 anos, e Daniele, 11, o casal resolveu se manifestar contra a falta de justificativas da Vara da Infância e fundou o Movimento Nacional das Crianças Inadotáveis (Monaci). O objetivo é chamar a atenção para os abrigados que ainda não estão na lista do CNA por conta da demora nos processos. “A situação das crianças em abrigos é uma verdadeira caixa-preta”, afirma Aristéia. O CNJ estima que 43.915 crianças estejam em centros de acolhimento em todo o País. Dessas, apenas 5.499 estão aptas à adoção.
Gabriel Matos, juiz auxiliar do conselho, afirma que “existe um preconceito de que a criança destituída ficará sem família durante o período de acolhimento, o que gera certa letargia do Judiciário na hora de julgar esses casos”. Para resolver esse problema, o Conselho promete adotar um sistema integrado de informações com o Ministério Público e o Ministério de Desenvolvimento Social e fazer um levantamento do número de crianças abrigadas que ainda precisam passar pelo processo. Segundo a juíza Maria Lucia de Paula Espíndola, da 2ª Vara da Infância e Juventude de Curitiba, a destituição deveria durar até 120 dias, mas a dificuldade de encontrar todos os familiares e conseguir todas as negativas necessárias para entregar a criança à adoção atrasa o processo. “Entendemos que os trâmites não podem ser rápidos porque temos de ter responsabilidade. Mas é fato que nosso Judiciário não está bem estruturado”, afirma Antonio Carlos Malheiros. “As nossas varas ainda não são especializadas e precisamos quadruplicar o número de técnicos.” Considerando que, apesar da paulatina mudança de comportamento dos brasileiros, o passar do tempo ainda reduz substancialmente as chances de essas crianças serem adotadas, a mudança é urgente.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Sistema de consulta pública permite visualizar dados sobre crianças registradas no Cadastro Nacional de Adoção
O sistema de consulta pública do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) permite que pessoas pretendentes a realizar adoção visualizem dados sobre as crianças inseridas no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Através do sistema, é possível acessar informações sobre as crianças e adolescentes disponíveis para adoção em cada unidade judicial de todas as comarcas do Poder Judiciário baiano.
No sistema, os interessados podem também visualizar dados sobre a quantidade de crianças e adolescentes para adoção sob as categorias etnia, sexo e faixa etária. Na 1ª Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Salvador, por exemplo, existem 66 crianças inscritas no CNA, das quais 42 são negras, 21 são pardas e três são brancas. Nesta mesma vara, 51 das 66 crianças têm entre seis e 15 anos. Apenas oito crianças cadastradas têm cinco anos ou menos.
Segundo estudo elaborado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ) do CNJ, a faixa etária de zero a cinco anos é requerida por nove em cada dez pais que desejam adotar no Brasil. Essa preferência dos pretendentes é o principal empecilho à adoção no País, uma vez que apenas nove em cada 100 crianças inseridas no CNA tem menos de cinco anos. No Nordeste, apenas 16,9% das crianças se encaixam nesse perfil. Em Salvador, o número de crianças e adolescentes com menos de cinco anos disponíveis para adoção é ainda menor, totalizando 12%.
Para realizar a consulta de crianças incluídas no Cadastro Nacional de Adoção, basta acessar o portal da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça da Bahia, clicar no ícone “Cadastros da Infância e da Juventude” na parte inferior do site, e, posteriormente, no ícone “Consulta Pública”. O sistema também pode ser acessado através de link direto.
No sistema, os interessados podem também visualizar dados sobre a quantidade de crianças e adolescentes para adoção sob as categorias etnia, sexo e faixa etária. Na 1ª Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Salvador, por exemplo, existem 66 crianças inscritas no CNA, das quais 42 são negras, 21 são pardas e três são brancas. Nesta mesma vara, 51 das 66 crianças têm entre seis e 15 anos. Apenas oito crianças cadastradas têm cinco anos ou menos.
Segundo estudo elaborado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ) do CNJ, a faixa etária de zero a cinco anos é requerida por nove em cada dez pais que desejam adotar no Brasil. Essa preferência dos pretendentes é o principal empecilho à adoção no País, uma vez que apenas nove em cada 100 crianças inseridas no CNA tem menos de cinco anos. No Nordeste, apenas 16,9% das crianças se encaixam nesse perfil. Em Salvador, o número de crianças e adolescentes com menos de cinco anos disponíveis para adoção é ainda menor, totalizando 12%.
Para realizar a consulta de crianças incluídas no Cadastro Nacional de Adoção, basta acessar o portal da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça da Bahia, clicar no ícone “Cadastros da Infância e da Juventude” na parte inferior do site, e, posteriormente, no ícone “Consulta Pública”. O sistema também pode ser acessado através de link direto.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Escola de menino que foi morto por manicure vai exigir fotos de todos os responsáveis
Mãe da acusada entregou à polícia uma carta em que filha revela plano de sequestro de criança
Carta encontrada pela mãe da maicure acusada de matar criança em Barra do Piraí. A carta tinha detalhes de um plano de sequestro do garoto Luiz Ackermann / Extra
RIO e BARRA DO PIRAÍ — O Instituto de Educação Nossa Senhora Medianeira, em Barra do Piraí, anunciou na noite desta segunda-feira, em reunião com os pais dos alunos, que vai cobrar uma ficha com foto de todos os responsáveis pelas crianças. A informação é do site do jornal "Extra". A decisão foi tomada após a morte de João Felipe Bichara na última segunda-feira, asfixiado pela manicure Suzana Figueiredo. A mulher se passou pela mãe do menino de seis anos no telefone e foi buscá-lo na escola. Ele foi liberado pelos funcionários do portão.
Especialista diz que houve negligência de escola em liberação de menino em Barra do Piraí
Agora, a saída dos alunos será feita pelos professores diretamente aos responsáveis cadastrados.
- A liberação por telefone não será mais aceita sob nenhuma condição. Não vamos tolerar mais erros, por isso revimos todo nosso esquema de segurança - afirmou a diretora do colégio, irmã Irena Boritza.
Ela também afirmou que os funcionários serão remanejados dos cargos, mas ninguém será demitido.
- As duas funcionárias que estavam na portaria na hora da saído no dia do assassinato estão de licença, em estado de choque. Elas continuam no nosso quadro de funcionários, afirmou irmã Irene.
O colégio retomou as aulas nesta segunda-feira. Os alunos estavam em casa desde terça-feira da semana passada em razão do assassinato da criança. Como medida de segurança, a escola instalou câmeras e adotará novas normas para liberação das crianças.
Carta com o plano
Mais cedo, em depoimento prestado na 88ª DP (Barra do Piraí), Simone de Oliveira, mãe da manicure, informou que a filha tinha um relacionamento estável com um homem e, além disso, mantinha um caso com outro, mais velho, a quem chamava de “coroa”. Simone não soube dizer o nome do amante de Suzana, que confessou ter matado o menino João Felipe Bichara, em Barra do Piraí. O delegado José Mario Omena, que acompanha o caso, suspeita que ela estava se referindo ao pai de João, o empresário Heraldo Bichara Jr.
Segundo o delegado, a dúvida será tirada com o depoimento de Heraldo, marcado para esta segunda-feira. Ex-namorado de Suzana, Maicon Santiago Olímpio, de 25 anos, foi ouvido na delegacia e contou que se separou da manicure em julho do ano passado. Segundo ele, a jovem dizia ter ódio de João Felipe e, se fosse mãe do menino, já teria batido nele várias vezes.
— Quando eu morava com ela, ela era maneira. Isso tem entre um ano e 10 meses. Ela falava comigo que o marido da Aline (mãe de João) ficava assediando ela. Se é mentira ou verdade, eu não sei. Ela falava que ia continuar fazendo unha. Ela falava que não tinha nada com ele. Falava que odiava o filho dela (de Aline), que ele batia nela, que se fosse filho dela iria dar uns tapas. Eu falava pra ela sair, mas ela dizia que precisava — disse Heraldo ao site G1.
Pela manhã, a mãe da manicure apresentou à polícia uma carta em que a manicure revela o plano de sequestrar uma criança e pedir resgate. A carta, escrita em duas folhas de caderno, foi achada da casa de Susana.
— Pelo contexto, só pode ser do João — afirmou ao delegado José Mario Omena ao G1.
Segundo o delegado, ela descreveu o plano, detalhando que ligaria para escola, pegaria a vítima e reservaria o quarto de hotel. De acordo com Omena, não há menção de pagamento a terceiros, reforçando a tese de que ela agiu sozinha.
— Se ela ia pedir resgate depois, a gente não deu tempo para isso, pois ela ia pedir com a criança morta mesmo — afirmou o delegado.
Para o delegado, mesmo com os detalhes do plano de sequestro, Susana não tinha intenção de devolver o menino.
— Em momento algum ela pensou em devolver a criança para a família. Uma coisa que me causou estranheza foi ela escrever para si mesma — afirmou o delegado.
A polícia ainda analisará as ligações feitas e recebidas no celular da manicure.
Vídeo mostra manicure com menino
Um vídeo exibido no Fantástico, da TV Globo, mostrou imagens de câmeras de segurança do Hotel São Luís, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, que mostram os momentos em que a manicure entra com o menino andando e sai com o corpo dele no colo. Suzana ligou para o Colégio Nossa Senhora Medianeira pedindo para que ele fosse liberado da aula. Depois de mandar um táxi buscá-lo, Suzana o levou até o hotel e lá matou o menino asfixiado. O corpo foi achado em uma mala, na casa da manicure. A criminosa contou várias versões para o crime: ela chegou a dizer que teve a ajuda do taxista e do recepcionista do hotel, além de ter afirmado que havia tido um caso amoroso com o pai do menino. O delegado Omena espera concluir o caso com o depoimento do pai de João Felipe, Heraldo Bichara.
— O certo é que Suzana matou João Felipe porque estava com muita raiva e para se vingar provavelmente de Heraldo ou da mãe de João Felipe. Por quê? Ainda não sei. Apenas o pai poderá tirar essa dúvida. Quero saber se eles realmente foram amantes e, se foram qual o grau desse relacionamento. Investigo ainda, a informação de que Suzana teria feito um aborto há cerca de três meses, de um filho que estaria esperando do empresário — disse o delegado.
Com medo de represálias, mãe de manicure se muda para São Paulo
Com medo de represálias, a doméstica Simone de Oliveira, mãe de Suzana Figueiredo, deixou sua casa, no bairro Boa Sorte, e se refugiou em São Paulo. Segundo o Extra, no local, um homem, que se identifica como segurança, explicou que ela está à base de medicamentos e que saiu do local por orientação da polícia:
— Ela foi embora daqui. Estou tomando conta da casa porque sempre tem uns palhaços querendo fazer uma graça. Dona Simone está tomando remédios e a própria polícia pediu para ela se afastar.
O delegado titular da 88ª DP, José Mário Omena, que está cuidando do caso, nega ter orientado Simone a deixar a cidade. Omena explica que a procurou para tentar ter mais informações sobre Suzana:
— Eu tentei falar com a Simone para traçar o perfil psicológico da Suzana, ver se ela sofreu algum tipo de abuso, algum trauma de infância.
As aulas no Colégio Nossa Senhora Medianeira, onde o menino João Felipe estudava, recomeçaram nesta segunda-feira. Elas estavam suspensas desde terça-feira passada, em sinal de luto pelo assassinato. Para reforçar a segurança, foram instaladas câmeras na unidade.
A missa de sétimo dia da morte do menino João Felipe Eiras Santana Bichara, de 6 anos, está marcada para às 18h30m, da próxima quarta-feira, na Igreja Matriz de São Benedito, em do Barra do Piraí.
Carta encontrada pela mãe da maicure acusada de matar criança em Barra do Piraí. A carta tinha detalhes de um plano de sequestro do garoto Luiz Ackermann / Extra
RIO e BARRA DO PIRAÍ — O Instituto de Educação Nossa Senhora Medianeira, em Barra do Piraí, anunciou na noite desta segunda-feira, em reunião com os pais dos alunos, que vai cobrar uma ficha com foto de todos os responsáveis pelas crianças. A informação é do site do jornal "Extra". A decisão foi tomada após a morte de João Felipe Bichara na última segunda-feira, asfixiado pela manicure Suzana Figueiredo. A mulher se passou pela mãe do menino de seis anos no telefone e foi buscá-lo na escola. Ele foi liberado pelos funcionários do portão.
Especialista diz que houve negligência de escola em liberação de menino em Barra do Piraí
Agora, a saída dos alunos será feita pelos professores diretamente aos responsáveis cadastrados.
- A liberação por telefone não será mais aceita sob nenhuma condição. Não vamos tolerar mais erros, por isso revimos todo nosso esquema de segurança - afirmou a diretora do colégio, irmã Irena Boritza.
Ela também afirmou que os funcionários serão remanejados dos cargos, mas ninguém será demitido.
- As duas funcionárias que estavam na portaria na hora da saído no dia do assassinato estão de licença, em estado de choque. Elas continuam no nosso quadro de funcionários, afirmou irmã Irene.
O colégio retomou as aulas nesta segunda-feira. Os alunos estavam em casa desde terça-feira da semana passada em razão do assassinato da criança. Como medida de segurança, a escola instalou câmeras e adotará novas normas para liberação das crianças.
Carta com o plano
Mais cedo, em depoimento prestado na 88ª DP (Barra do Piraí), Simone de Oliveira, mãe da manicure, informou que a filha tinha um relacionamento estável com um homem e, além disso, mantinha um caso com outro, mais velho, a quem chamava de “coroa”. Simone não soube dizer o nome do amante de Suzana, que confessou ter matado o menino João Felipe Bichara, em Barra do Piraí. O delegado José Mario Omena, que acompanha o caso, suspeita que ela estava se referindo ao pai de João, o empresário Heraldo Bichara Jr.
Segundo o delegado, a dúvida será tirada com o depoimento de Heraldo, marcado para esta segunda-feira. Ex-namorado de Suzana, Maicon Santiago Olímpio, de 25 anos, foi ouvido na delegacia e contou que se separou da manicure em julho do ano passado. Segundo ele, a jovem dizia ter ódio de João Felipe e, se fosse mãe do menino, já teria batido nele várias vezes.
— Quando eu morava com ela, ela era maneira. Isso tem entre um ano e 10 meses. Ela falava comigo que o marido da Aline (mãe de João) ficava assediando ela. Se é mentira ou verdade, eu não sei. Ela falava que ia continuar fazendo unha. Ela falava que não tinha nada com ele. Falava que odiava o filho dela (de Aline), que ele batia nela, que se fosse filho dela iria dar uns tapas. Eu falava pra ela sair, mas ela dizia que precisava — disse Heraldo ao site G1.
Pela manhã, a mãe da manicure apresentou à polícia uma carta em que a manicure revela o plano de sequestrar uma criança e pedir resgate. A carta, escrita em duas folhas de caderno, foi achada da casa de Susana.
— Pelo contexto, só pode ser do João — afirmou ao delegado José Mario Omena ao G1.
Segundo o delegado, ela descreveu o plano, detalhando que ligaria para escola, pegaria a vítima e reservaria o quarto de hotel. De acordo com Omena, não há menção de pagamento a terceiros, reforçando a tese de que ela agiu sozinha.
— Se ela ia pedir resgate depois, a gente não deu tempo para isso, pois ela ia pedir com a criança morta mesmo — afirmou o delegado.
Para o delegado, mesmo com os detalhes do plano de sequestro, Susana não tinha intenção de devolver o menino.
— Em momento algum ela pensou em devolver a criança para a família. Uma coisa que me causou estranheza foi ela escrever para si mesma — afirmou o delegado.
A polícia ainda analisará as ligações feitas e recebidas no celular da manicure.
Vídeo mostra manicure com menino
Um vídeo exibido no Fantástico, da TV Globo, mostrou imagens de câmeras de segurança do Hotel São Luís, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, que mostram os momentos em que a manicure entra com o menino andando e sai com o corpo dele no colo. Suzana ligou para o Colégio Nossa Senhora Medianeira pedindo para que ele fosse liberado da aula. Depois de mandar um táxi buscá-lo, Suzana o levou até o hotel e lá matou o menino asfixiado. O corpo foi achado em uma mala, na casa da manicure. A criminosa contou várias versões para o crime: ela chegou a dizer que teve a ajuda do taxista e do recepcionista do hotel, além de ter afirmado que havia tido um caso amoroso com o pai do menino. O delegado Omena espera concluir o caso com o depoimento do pai de João Felipe, Heraldo Bichara.
— O certo é que Suzana matou João Felipe porque estava com muita raiva e para se vingar provavelmente de Heraldo ou da mãe de João Felipe. Por quê? Ainda não sei. Apenas o pai poderá tirar essa dúvida. Quero saber se eles realmente foram amantes e, se foram qual o grau desse relacionamento. Investigo ainda, a informação de que Suzana teria feito um aborto há cerca de três meses, de um filho que estaria esperando do empresário — disse o delegado.
Com medo de represálias, mãe de manicure se muda para São Paulo
Com medo de represálias, a doméstica Simone de Oliveira, mãe de Suzana Figueiredo, deixou sua casa, no bairro Boa Sorte, e se refugiou em São Paulo. Segundo o Extra, no local, um homem, que se identifica como segurança, explicou que ela está à base de medicamentos e que saiu do local por orientação da polícia:
— Ela foi embora daqui. Estou tomando conta da casa porque sempre tem uns palhaços querendo fazer uma graça. Dona Simone está tomando remédios e a própria polícia pediu para ela se afastar.
O delegado titular da 88ª DP, José Mário Omena, que está cuidando do caso, nega ter orientado Simone a deixar a cidade. Omena explica que a procurou para tentar ter mais informações sobre Suzana:
— Eu tentei falar com a Simone para traçar o perfil psicológico da Suzana, ver se ela sofreu algum tipo de abuso, algum trauma de infância.
As aulas no Colégio Nossa Senhora Medianeira, onde o menino João Felipe estudava, recomeçaram nesta segunda-feira. Elas estavam suspensas desde terça-feira passada, em sinal de luto pelo assassinato. Para reforçar a segurança, foram instaladas câmeras na unidade.
A missa de sétimo dia da morte do menino João Felipe Eiras Santana Bichara, de 6 anos, está marcada para às 18h30m, da próxima quarta-feira, na Igreja Matriz de São Benedito, em do Barra do Piraí.
quarta-feira, 13 de março de 2013
Ser a outra...
Coloquei na minha página do face sobre ser a outra mãe, quando se é mãe adotiva, mas acho que ninguém entendeu meu ponto de vista. Essa é uma verdade que não se pode discutir. Desde o momento que um bebe nasce ele sai de uma mulher(mãe), e o destino é que o leva para outros braços. Mas a mãe biologica não deixa de existir. Nem mesmo quando não consta o nome dela na certidão de nascimento. Pra mim isso não é triste, isso é realidade. E nós mães adotivas ficamos presas a esse fato pelo resto de nossas vidas. Fiquei por mais de vinte anos guardando esse segredo. No entanto ele foi descoberto, mas qual não foi minha surpresa, meu filho nem quiz e nem quer saber da histótia de sua mãe biologica. Disse que me ama, é grato por tudo, e que sou sua mãe. Graças a Deus não o perdi, pois esse era meu maior temor. Talvez sentisse uma pontinha dse ciumes se tivesse que dividi-lo com outra. Mas a verdade é que ela existe e pra mim sempre ira sempre existir mesmo que seja no silêncio.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Em Mato Grosso, 76 crianças estão prontas para a adoção
Exigências de pretendentes diminuem; maior idade é preocupação para a Ceja
Elaine Zorgetti, secretária-geral da Ceja: "Adoção só deve ser feita da forma legal. 'Pegar pra criar' não pode existir"
KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
Dados estatísticos da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) revelam uma mudança no perfil das pessoas interessadas em adorem uma criança, em Mato Grosso.
Os quesitos sexo, cor, idade, possuir alguma doença já não são tão determinantes, como em anos anteriores.
“Em 2007, o perfil que tínhamos de escolha em Mato Grosso era assim: meninas brancas, de até dois anos de idade, sem problemas de saúde e sem irmãos. Esse era um perfil quase que nacional. Depois da realização de muitas campanhas de conscientização, isso foi mudando. E teve também a nova Lei da Adoção, que obriga os pretendentes a fazer um curso de adoção. Neste curso, a pessoa muda alguns valores e entende que todas as crianças merecem ter uma família. Dessa forma, as exigências vão mudando”, explicou Elaine Zorgetti Pereira, secretária-geral da Ceja.
Em 2009, de 105 pedidos de adoção, 29 queriam uma criança branca e apenas duas escolheram uma criança negra.
"Meninas brancas, de até dois anos de idade, sem problemas de saúde e sem irmãos. Esse era um perfil quase que nacional. Depois da realização de muitas campanhas de conscientização, isso foi mudando"
Em 2012, de 74 pedidos, 13 queriam uma criança branca, dois preferiam crianças negra e para 38 dos pretendentes a cor era indiferente.
Atualmente, Mato Grosso possui 799 crianças e adolescentes recolhidas em abrigos; destas, 76 estão disponíveis para a adoção. São 42 meninos e 34 meninas, com idades entre dois e 17 anos.
Só podem ser adotadas crianças e adolescentes com até 18 anos, cujos pais forem falecidos, desconhecidos ou tiverem sido destituídos do poder familiar.
De acordo com o Novo Código Civil, maiores de 18 anos também pode ser adotados. Neste caso, a adoção depende da assistência do Poder Público e de sentença constitutiva. O adotado deve ser, pelo menos, 16 anos mais novo que o adotante.
“Existe ainda uma cultura de ‘pegar pra criar’, isso não pode. Esse tipo de adoção, firmada entre pais biológicos e pais adotivos, sem a presença do Judiciário, dá problema para as duas partes. Depois da criança já apegada com os pais adotivos, a mãe se arrepende e quer o filho de volta. Com certeza, ela vai conseguir, se não tiver perdido o pátrio poder. Não tem jeito. Aí, é sofrimento para quem adotou de boa fé, para a criança, para a mãe. Não pode existir esse tipo de adoção. Se quer adotar, se alguém te ofereceu uma criança, se dirija até uma Vara da Família e faça o pedido de forma legal”, explicou Elaine.
Como adotar
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, podem adotar homens e mulheres, não importando o estado civil, que sejam maiores de 18 anos. Não podem adotar os irmãos ou avós dos adotados.
“Sempre preferimos que a criança fique com a família. Pais e mães biológicos, e também a família extensa, que são tios, avós. Caso isso não seja possível à criança vai para o cadastro de adoção. Hoje temos todos os tipos de pretendentes, mulheres solteiras, casais e até casais homoafetivos. Já tivemos um caso de adoção homoafetiva no Estado. Antes esses casais adotavam sempre no nome de um dos parceiros, agora como a legislação permite, passaram a fazer o cadastro no nome dos dois”, informou Elaine.
De acordo com Elaine, as buscas por lares para as crianças que vivem em abrigos passam por quatro esferas.
"Primeiramente, procuramos na própria comarca, depois no cadastro estadual e nacional; em último caso, recorremos para a adoção internacional. Antes da criação do Ceja, era comum que crianças brasileiras fossem adotadas por estrangeiros. Hoje, uma das principais preocupações é que as crianças fiquem no território nacional", explicou.
A Ceja também prepara as pessoas que estão dispostas a adotar. Quem decide adotar deve procurar o Fórum de sua cidade, com os documentos pessoais e fazer o cadastro de pretendente.
Depois da análise e aprovação da documentação, psicólogos e assistentes sociais fazem entrevistas e visitas na casa do requerente.
A parte final de todo o processo é o curso preparatório para adoção. Finalizado o curso e com a aprovação em todos os quesitos, a pessoa está habilitada para adotar.
Estando em ordem a documentação, em média, o cumprimento dos atos processuais já enumerados leva 15 dias, entre o ajuizamento e a decisão.
Abrigos
Elaine informou que em todo o Estado são cerca de 60 unidades de acolhimento, para receber crianças dos 141 municípios.
"Muitos se acostumaram com a vida nos lares de amparo, que passa a ser toda a referência deles. Quando esses adolescentes completam 18 anos têm que sair dos lares e muitos não têm pra onde ir"
Em Cuiabá, existe o Lar da Criança, que atende crianças de zero a 12 anos. Depois disso, as meninas são levadas para a Casa de Retaguarda e os meninos, para o Projeto Nossa Casa.
Em Várzea Grande, são quatro casas lares, do Projeto Vida Nova. São duas casas de meninas e duas para meninos. As crianças são separadas por idade.
“Infelizmente, nós temos poucas unidades de acolhimento e elas estão superlotadas. Há muitos problemas de acolhimento, que lotam os lares. São casos de maus tratos, risco de vida e as crianças que passam por isso são recolhidas até que o problema seja resolvido”, disse.
Maior idade é preocupante
Um das grandes preocupações da Ceja, segundo Elaine Zorgetti, é a maior idade das crianças que passaram a vida toda em abrigos. Ao completar 18 anos, os adolescentes são obrigados a deixar as instituições de acolhimento e viver por conta própria.
“Temos muita preocupação em resolver esse problema. Essas crianças passam a vida toda nas instituições. Algumas, quando completam 12 anos, não querem mais ser adotadas, acostumaram com a vida nos lares de amparo, que passa a ser toda a referência deles. Quando esses adolescentes completam 18 anos têm que sair dos lares e muitos não têm pra onde ir”, explicou.
Elaine disse que a Ceja tem buscado parceria com os governos do Estado e Federal para incluir esses adolescentes no cadastro de beneficiários preferenciais do projeto Minha Casa Minha Vida. Para eles terem um teto para onde ir, quando tiveram que sair dos abrigos.
“Conseguimos fazer isso com um menor. Hoje ele trabalha, faz faculdade e tem a sua casa própria. Ficamos felizes com história dele, que está mudando. Mas, temos casos de crianças que deixaram as unidades e caíram no mundo do crime. Teve também o caso de um adolescente que acabou morrendo, devido ao envolvimento com drogas”, disse.
Projeto padrinho
A Ceja também desenvolve o Projeto Padrinhos, que tem por objetivo promover a participação da sociedade por meio de pessoas com perfil altruísta, que não tem interesse definido para o momento em adoção ou guarda, mas que possa apadrinhar crianças ou adolescentes acolhidos em instituições.
Podem ser apadrinhadas crianças acima de sete anos de idade, que estão destituídas do poder familiar ou afastadas do convívio familiar por um tempo significativo.
"Qualquer pessoa com mais de 18 anos de idade pode apadrinhar, independentemente da classe social, profissão, credo, raça ou sexo"
Qualquer pessoa com mais de 18 anos de idade pode apadrinhar, independente da classe social, profissão, credo, raça ou sexo. Também podem apadrinha empresas, instituições, escolas, clubes de serviço, entidades de classe e associações.
São três tipos de apadrinhamento. O “padrinho afetivo” é aquele que visita regularmente a criança ou adolescente, buscando-o para passar os fins de semana, feriados ou férias escolares. A companhia do padrinho proporciona à criança a promoção social e afetiva.
O “padrinho prestador de serviços” é o profissional liberal que se cadastra para atender às crianças participando do projeto conforme sua especialidade de trabalho.
Já o “padrinho provedor” é aquele que dá suporte material e financeiro à criança ou adolescente, seja com a doação de material de necessidade deste. O padrinho pode fazer o patrocínio de cursos profissionalizantes, reforço escolar, prática esportiva e até mesmo contribuição mensal em dinheiro.
A Ceja é vincula ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e tem sua sede dentro do próprio TJ, localizado no Centro Político Administrativo (CPA). O telefone é 65-3617-3121 ou 3617-3330.
Elaine Zorgetti, secretária-geral da Ceja: "Adoção só deve ser feita da forma legal. 'Pegar pra criar' não pode existir"
KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
Dados estatísticos da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) revelam uma mudança no perfil das pessoas interessadas em adorem uma criança, em Mato Grosso.
Os quesitos sexo, cor, idade, possuir alguma doença já não são tão determinantes, como em anos anteriores.
“Em 2007, o perfil que tínhamos de escolha em Mato Grosso era assim: meninas brancas, de até dois anos de idade, sem problemas de saúde e sem irmãos. Esse era um perfil quase que nacional. Depois da realização de muitas campanhas de conscientização, isso foi mudando. E teve também a nova Lei da Adoção, que obriga os pretendentes a fazer um curso de adoção. Neste curso, a pessoa muda alguns valores e entende que todas as crianças merecem ter uma família. Dessa forma, as exigências vão mudando”, explicou Elaine Zorgetti Pereira, secretária-geral da Ceja.
Em 2009, de 105 pedidos de adoção, 29 queriam uma criança branca e apenas duas escolheram uma criança negra.
"Meninas brancas, de até dois anos de idade, sem problemas de saúde e sem irmãos. Esse era um perfil quase que nacional. Depois da realização de muitas campanhas de conscientização, isso foi mudando"
Em 2012, de 74 pedidos, 13 queriam uma criança branca, dois preferiam crianças negra e para 38 dos pretendentes a cor era indiferente.
Atualmente, Mato Grosso possui 799 crianças e adolescentes recolhidas em abrigos; destas, 76 estão disponíveis para a adoção. São 42 meninos e 34 meninas, com idades entre dois e 17 anos.
Só podem ser adotadas crianças e adolescentes com até 18 anos, cujos pais forem falecidos, desconhecidos ou tiverem sido destituídos do poder familiar.
De acordo com o Novo Código Civil, maiores de 18 anos também pode ser adotados. Neste caso, a adoção depende da assistência do Poder Público e de sentença constitutiva. O adotado deve ser, pelo menos, 16 anos mais novo que o adotante.
“Existe ainda uma cultura de ‘pegar pra criar’, isso não pode. Esse tipo de adoção, firmada entre pais biológicos e pais adotivos, sem a presença do Judiciário, dá problema para as duas partes. Depois da criança já apegada com os pais adotivos, a mãe se arrepende e quer o filho de volta. Com certeza, ela vai conseguir, se não tiver perdido o pátrio poder. Não tem jeito. Aí, é sofrimento para quem adotou de boa fé, para a criança, para a mãe. Não pode existir esse tipo de adoção. Se quer adotar, se alguém te ofereceu uma criança, se dirija até uma Vara da Família e faça o pedido de forma legal”, explicou Elaine.
Como adotar
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, podem adotar homens e mulheres, não importando o estado civil, que sejam maiores de 18 anos. Não podem adotar os irmãos ou avós dos adotados.
“Sempre preferimos que a criança fique com a família. Pais e mães biológicos, e também a família extensa, que são tios, avós. Caso isso não seja possível à criança vai para o cadastro de adoção. Hoje temos todos os tipos de pretendentes, mulheres solteiras, casais e até casais homoafetivos. Já tivemos um caso de adoção homoafetiva no Estado. Antes esses casais adotavam sempre no nome de um dos parceiros, agora como a legislação permite, passaram a fazer o cadastro no nome dos dois”, informou Elaine.
De acordo com Elaine, as buscas por lares para as crianças que vivem em abrigos passam por quatro esferas.
"Primeiramente, procuramos na própria comarca, depois no cadastro estadual e nacional; em último caso, recorremos para a adoção internacional. Antes da criação do Ceja, era comum que crianças brasileiras fossem adotadas por estrangeiros. Hoje, uma das principais preocupações é que as crianças fiquem no território nacional", explicou.
A Ceja também prepara as pessoas que estão dispostas a adotar. Quem decide adotar deve procurar o Fórum de sua cidade, com os documentos pessoais e fazer o cadastro de pretendente.
Depois da análise e aprovação da documentação, psicólogos e assistentes sociais fazem entrevistas e visitas na casa do requerente.
A parte final de todo o processo é o curso preparatório para adoção. Finalizado o curso e com a aprovação em todos os quesitos, a pessoa está habilitada para adotar.
Estando em ordem a documentação, em média, o cumprimento dos atos processuais já enumerados leva 15 dias, entre o ajuizamento e a decisão.
Abrigos
Elaine informou que em todo o Estado são cerca de 60 unidades de acolhimento, para receber crianças dos 141 municípios.
"Muitos se acostumaram com a vida nos lares de amparo, que passa a ser toda a referência deles. Quando esses adolescentes completam 18 anos têm que sair dos lares e muitos não têm pra onde ir"
Em Cuiabá, existe o Lar da Criança, que atende crianças de zero a 12 anos. Depois disso, as meninas são levadas para a Casa de Retaguarda e os meninos, para o Projeto Nossa Casa.
Em Várzea Grande, são quatro casas lares, do Projeto Vida Nova. São duas casas de meninas e duas para meninos. As crianças são separadas por idade.
“Infelizmente, nós temos poucas unidades de acolhimento e elas estão superlotadas. Há muitos problemas de acolhimento, que lotam os lares. São casos de maus tratos, risco de vida e as crianças que passam por isso são recolhidas até que o problema seja resolvido”, disse.
Maior idade é preocupante
Um das grandes preocupações da Ceja, segundo Elaine Zorgetti, é a maior idade das crianças que passaram a vida toda em abrigos. Ao completar 18 anos, os adolescentes são obrigados a deixar as instituições de acolhimento e viver por conta própria.
“Temos muita preocupação em resolver esse problema. Essas crianças passam a vida toda nas instituições. Algumas, quando completam 12 anos, não querem mais ser adotadas, acostumaram com a vida nos lares de amparo, que passa a ser toda a referência deles. Quando esses adolescentes completam 18 anos têm que sair dos lares e muitos não têm pra onde ir”, explicou.
Elaine disse que a Ceja tem buscado parceria com os governos do Estado e Federal para incluir esses adolescentes no cadastro de beneficiários preferenciais do projeto Minha Casa Minha Vida. Para eles terem um teto para onde ir, quando tiveram que sair dos abrigos.
“Conseguimos fazer isso com um menor. Hoje ele trabalha, faz faculdade e tem a sua casa própria. Ficamos felizes com história dele, que está mudando. Mas, temos casos de crianças que deixaram as unidades e caíram no mundo do crime. Teve também o caso de um adolescente que acabou morrendo, devido ao envolvimento com drogas”, disse.
Projeto padrinho
A Ceja também desenvolve o Projeto Padrinhos, que tem por objetivo promover a participação da sociedade por meio de pessoas com perfil altruísta, que não tem interesse definido para o momento em adoção ou guarda, mas que possa apadrinhar crianças ou adolescentes acolhidos em instituições.
Podem ser apadrinhadas crianças acima de sete anos de idade, que estão destituídas do poder familiar ou afastadas do convívio familiar por um tempo significativo.
"Qualquer pessoa com mais de 18 anos de idade pode apadrinhar, independentemente da classe social, profissão, credo, raça ou sexo"
Qualquer pessoa com mais de 18 anos de idade pode apadrinhar, independente da classe social, profissão, credo, raça ou sexo. Também podem apadrinha empresas, instituições, escolas, clubes de serviço, entidades de classe e associações.
São três tipos de apadrinhamento. O “padrinho afetivo” é aquele que visita regularmente a criança ou adolescente, buscando-o para passar os fins de semana, feriados ou férias escolares. A companhia do padrinho proporciona à criança a promoção social e afetiva.
O “padrinho prestador de serviços” é o profissional liberal que se cadastra para atender às crianças participando do projeto conforme sua especialidade de trabalho.
Já o “padrinho provedor” é aquele que dá suporte material e financeiro à criança ou adolescente, seja com a doação de material de necessidade deste. O padrinho pode fazer o patrocínio de cursos profissionalizantes, reforço escolar, prática esportiva e até mesmo contribuição mensal em dinheiro.
A Ceja é vincula ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e tem sua sede dentro do próprio TJ, localizado no Centro Político Administrativo (CPA). O telefone é 65-3617-3121 ou 3617-3330.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
HISTÓRIA DE MARIA LUIZA.(Visitem seu blog www.nascidosdocoracao.blogspot.com.br)
Minha mãe aproveitava as férias para visitar sua família na praia. Já meu pai seguia seu trabalho em São Paulo. Eu estava embrulhada para presente aguardando a hora exata para entrar em cena.
A cegonha deveria deixar um bebêzinho na porta da casa de meus pais já que estavam casados há muitos anos, mas ela insistia em passar na casa de meus tios. Meu pai gostava de brincar com meus primos e minha mãe ficava encantada com a doçura de minhas primas, mas eles queriam mais... Queriam padecer no paraíso.
Colocaram seus nomes na lista de adoção à brasileira (muito utilizada antigamente e não recomendada!) de uma enfermeira que trabalhava no hospital de uma cidade catarinense. Sabiam que demoraria a chegar a princesa do lar, pois tinham alguns casais na frente a espera de uma criança, por isso se quer decoraram o quartinho ou compraram roupinhas.
Sua filha nasceu". Foi numa simples ligação telefônica que minha mãe recebeu a notícia que mudaria todas as noites de sua vida (e suas férias também). Tão pronto ela avisou meu pai que agora não seria apenas marido, mas seria, sim exemplo de um pequeno ser que estava a caminho de casa.
O casal mencionado acima segue um estilo discreto. Acampamento, escalada ou qualquer aventura deste segmento jamais entraria no repertório dele! Entretanto a aventura estava apenas começando quando decidiram me buscar.
Ah, vocês devem pensar... Mas eles não arrumaram nada para minha chegada? Não! Pela lógica eu não deveria chegar naquela época do ano... Quer dizer, não deveria ser entregue a eles. Acontece que todos os casais antecedentes aguardavam a chegada de menino, e meus pais eram os primeiros na lista que tinham preferência por menina. Mas posso dizer que o motivo de eu ter chegado nesta família é que Deus quis assim (e não tinha escolha melhor!).
Maria Luiza. Nome português escolhido por meu pai. Fui registrada antes mesmo do1º encontro com meus pais. Diz minha mãe que seu coração pressentiu que tudo caminharia bem e que realmente sua filha havia nascido e já que não havia dúvida foram ao cartório e lá tiraram minha certidão de nascimento.
A história continua...
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Minha experiência com filhos adotados.
Falar sobre o assunto de adoção é complicado. Pais adotivos nunca querer falar sobre o assunto e os filhos parecem ter vergonha.
No meu caso gostaria que minha experiencia com a adoção de meus filhos fosse divulgada por todos os meios de comunicação, pois sei que é um exemplo para pessoas que gostariam de adotar e tem medo.
Agora eu posso me abrir e falar livremente sobre o assunto, pois a pouco tempo, por meios pouco desejaveis, meus filhos acabaram descobrindo que eram adotados, e foi uma benção, acabaram aceitando e demonstrando gratidão, e parece que agora são muito mais amorosos comigo. Bom, eles com 16 e 22 anos, eu nunca tinha contado a verdade pelo medo da revolta e rejeição. Mas agradeço a Deus pelos filhos amados que tenho. Sou feliz e realizada por te-los ao meu lado. Estou agora livre para continuar a minha batalha a favor da adoção. E gritar ao mundo que nem todos os filhos adotados ou não, são marginais!!!!
O preconceito é grande, mesmo camuflado na piedade de poucos.
No meu caso gostaria que minha experiencia com a adoção de meus filhos fosse divulgada por todos os meios de comunicação, pois sei que é um exemplo para pessoas que gostariam de adotar e tem medo.
Agora eu posso me abrir e falar livremente sobre o assunto, pois a pouco tempo, por meios pouco desejaveis, meus filhos acabaram descobrindo que eram adotados, e foi uma benção, acabaram aceitando e demonstrando gratidão, e parece que agora são muito mais amorosos comigo. Bom, eles com 16 e 22 anos, eu nunca tinha contado a verdade pelo medo da revolta e rejeição. Mas agradeço a Deus pelos filhos amados que tenho. Sou feliz e realizada por te-los ao meu lado. Estou agora livre para continuar a minha batalha a favor da adoção. E gritar ao mundo que nem todos os filhos adotados ou não, são marginais!!!!
O preconceito é grande, mesmo camuflado na piedade de poucos.
Destino das crianças adotadas.
1) DESTINO DAS CRIANÇAS ADOTADAS
Tradução e resenha :Eliezer de Hollanda Cordeiro
Referências: Christine Angiolini : Jornal Le Monde (10.12.2011) ; L'origine de l'histoire - Paroles d'adoptés from Njaylarage on Vimeo.
Muitos psicólogos , psiquiatras e psicanalistas já estudaram ‘’os ferimentos das crianças adotadas e as dificuldades das familias adotantes. Mas o que se passa com essas crianças quando alcançam a idade adulta? Uma possibilidade é que a ferida original, provocada pelo abandono, cicatrize graças ao amor da família adotiva e ao sentimento de filiação que ela engendra’’. Viadeo Cet élément a bien été ajouté aux favoris de votre classeur. Cet élément a bien été supprimé des favoris de votre classeur.A ferida original d
Outra possibilidade é que ‘’ os segredos de famílias tornem as feridas ainda mais dolorosas e lancinantes’’ Para os que foram adotados, a questão é melindrosa. Muitos temem nunca poderem se livrar da etiqueta de criança abandonada. Como se a sociedade considerassem-nos como seres diferentes,marcados na carne com ferro quente.’’
"Quando conto a alguém que fui adotada,isto provoca frequentement um mal-estar’’, diz Hélène J., 34 anos de idade, de pais desconhecidos, adotada aos 3 meses e meio. As pessoas curiosas respondem quase sempre : Desculpe-me, sinto muito, eu não sabia.Ora, tive muita sorte de ter sido adotada. Não foi um abandono, mas uma dádiva". No LeMonde.fr, Laurent , 38 anos, testemunha : "Fui realmente adotado. Isto me honra e eu não dissimulo este fato, muito pelo contrário. Mas sobretudo, nunca agradecerei suficientemente minha mãe por me ter dado uma família verdadeira. Hoje,sou casado,tenho tres filhos.E sou são de espírito."
Diane Drory, psicóloga, psicanalista co-autora com Colette Frère do livro Le Complexe de Moïse. Paroles d'adoptés devenus adultes (O Complexo de Moisés. Palavras de adotados que se tornaram adultos) , realça a importância de não se estigmatizar as pessoas adotadas. "Se elas puderam superar as duras provas da adoção, foi graças a incrivel energia vital que possuem. É preciso ter muita confiança nelas , não considerá-las como vítimas. E não atribuir-lhes todas as dificuldades que encontram na adoção."
"DUPLA LEALDADE"
As crianças adotadas são confrontadas a uma dívida dupla, que os psicoterapeutas de família chamam "dupla lealadade ". Como explica Nicole Prieur, psicoterapeuta, filósofa e autora de Raconte-moi d'où je viens (Bayard Jeunesse, 2007) (Conte-me de onde venho), elas recebem a vida da mãe biológica, e os meios de vivê-la de maneira digna de sua família adotiva, o que provoca conflitos. "Frequentemente, a criança adotada quer ser leal à sua família adotiva, respondendo até demais, às espectativas existentes nas outras famílias’’, ajunta Nicole Prieur.
Esta exacerbação da lealdade nos adotados pode se traduzir em escolhas profissionais contrariadas,correspondendo mais aos desejos dos pais do que aos seus próprios desejos. "Conseguir tornar-se um traidor feliz não é nada fácil",salienta Nicole Prieur. As vezes,as relações dos adotados com os outros sofrem porque eles precisam evitar conflitos. Enfim, sobre o aspecto amoroso, alguns vão se interessar por seres que têm as mesmas feridas, esperando assim reparar suas próprias histórias dolorosas. Entretanto, Nicole Prieur salienta o perigo de um investimento excessivo do casal e dos filhos pela pessoa adotada, prejudicando os ajustes necessários ao equilíbrio familiar.
A questão das origens pode ressurgir com muita força, quando ocorrem certos acontecimentos na vida destas pessoas: nascimentos, luto, fracasso profissional, ruptura amorosa... No livro, L’enfant et la séparations parentale’’, Diane DRORY descreve O complexo de Mosés., Ela conta o exemplo de Marie-Claire, que sentiu muito a ausência de sua mãe biológica quando ela ficou grávida : "Tua ausência, eu domino, eu a sufoco. Porém ,quando meu ventre se torna mais redondo,eu não suporto mais.. A vida mexe em mim da mesma maneira que ela mexeu contigo. E você não a enfrentou, você desapareceu." Uma etapa dolorosa, mas às vezes salvadora : "O fato de ser mãe e de não abandonar o seu bebê, repara alguma coisa da história dessas mulheres."
Sem dúvida, os homens vivem menos intensamente uma situação de abandono(...) mas, quando o pai olha o rosto de sua criança, ele acha por exemplo que ela parece com ele. Isto lhe faz lembrar, naturalmente, suas origens’’, diz Diane Drory.
UNE IDENTIDADE EM PERMANENTE CONSTRUÇÃO
Quando envelhecemos, a questão de saber donde viemos se torna mais insistente. No LeMonde.fr, Claude , 70 anos, adotado aos 2 anos, evoca sua história. "Minha vida tornou-se agora permanentemente dolorosa, embora eu nunca tivesse pensado nisso no passado. Não suporto mais o grito, o riso, a movimentação duma criança no terraço de um café", contou. Colocamos tais questões existenciais nesta idade da vida. Ora, na história dos adotados, existe um pedaço amputado que é preciso restaurar.
Os adotados interessam muito a fotógrafa Hélène Jayet, que criou um projeto fotográfico cujo objetivo é uma exposição , um webdocumentário e um livro. O projeto busca apoios para terminar a produção das imagens. Desde a escola das Belas-Artes (Beaux-Arts), seus dezenhos já falavam de identidade. Ela fotografava e filmava os adotados, dáva-lhes a palavra. Ela continua lutando para criar um documentário sobre o assunto. Seus objetivos ? Acabar com certos clichês ("Os adotados são sempre infelizes"), ajudar famílias adotivas e, sobretudo, oferecer aos adotados a possibilidade de falar sobre suas histórias. De fato, os adotados evocam com muita dificuldades o que ressentem.A resiliência, esta capacidade das pessoas a se recobrar ou se adaptar às provações da vida, depende também da criatividade. Entretanto, a resiliência não é adquirida de maneira definitiva.Nossa identidade está sempre em construção. "A resiliência do adotado é sem dúvida a aceitação, como todo o mundo, que a identidade é movediça", salienta ainda Diane Drory.A " ferida do abandono deu-me muita força, revindica Hélène Jayet. É esta força que dá uma grande sensibilidade aos adotados e uma abertura ao mundo."
Tradução e resenha :Eliezer de Hollanda Cordeiro
Referências: Christine Angiolini : Jornal Le Monde (10.12.2011) ; L'origine de l'histoire - Paroles d'adoptés from Njaylarage on Vimeo.
Muitos psicólogos , psiquiatras e psicanalistas já estudaram ‘’os ferimentos das crianças adotadas e as dificuldades das familias adotantes. Mas o que se passa com essas crianças quando alcançam a idade adulta? Uma possibilidade é que a ferida original, provocada pelo abandono, cicatrize graças ao amor da família adotiva e ao sentimento de filiação que ela engendra’’. Viadeo Cet élément a bien été ajouté aux favoris de votre classeur. Cet élément a bien été supprimé des favoris de votre classeur.A ferida original d
Outra possibilidade é que ‘’ os segredos de famílias tornem as feridas ainda mais dolorosas e lancinantes’’ Para os que foram adotados, a questão é melindrosa. Muitos temem nunca poderem se livrar da etiqueta de criança abandonada. Como se a sociedade considerassem-nos como seres diferentes,marcados na carne com ferro quente.’’
"Quando conto a alguém que fui adotada,isto provoca frequentement um mal-estar’’, diz Hélène J., 34 anos de idade, de pais desconhecidos, adotada aos 3 meses e meio. As pessoas curiosas respondem quase sempre : Desculpe-me, sinto muito, eu não sabia.Ora, tive muita sorte de ter sido adotada. Não foi um abandono, mas uma dádiva". No LeMonde.fr, Laurent , 38 anos, testemunha : "Fui realmente adotado. Isto me honra e eu não dissimulo este fato, muito pelo contrário. Mas sobretudo, nunca agradecerei suficientemente minha mãe por me ter dado uma família verdadeira. Hoje,sou casado,tenho tres filhos.E sou são de espírito."
Diane Drory, psicóloga, psicanalista co-autora com Colette Frère do livro Le Complexe de Moïse. Paroles d'adoptés devenus adultes (O Complexo de Moisés. Palavras de adotados que se tornaram adultos) , realça a importância de não se estigmatizar as pessoas adotadas. "Se elas puderam superar as duras provas da adoção, foi graças a incrivel energia vital que possuem. É preciso ter muita confiança nelas , não considerá-las como vítimas. E não atribuir-lhes todas as dificuldades que encontram na adoção."
"DUPLA LEALDADE"
As crianças adotadas são confrontadas a uma dívida dupla, que os psicoterapeutas de família chamam "dupla lealadade ". Como explica Nicole Prieur, psicoterapeuta, filósofa e autora de Raconte-moi d'où je viens (Bayard Jeunesse, 2007) (Conte-me de onde venho), elas recebem a vida da mãe biológica, e os meios de vivê-la de maneira digna de sua família adotiva, o que provoca conflitos. "Frequentemente, a criança adotada quer ser leal à sua família adotiva, respondendo até demais, às espectativas existentes nas outras famílias’’, ajunta Nicole Prieur.
Esta exacerbação da lealdade nos adotados pode se traduzir em escolhas profissionais contrariadas,correspondendo mais aos desejos dos pais do que aos seus próprios desejos. "Conseguir tornar-se um traidor feliz não é nada fácil",salienta Nicole Prieur. As vezes,as relações dos adotados com os outros sofrem porque eles precisam evitar conflitos. Enfim, sobre o aspecto amoroso, alguns vão se interessar por seres que têm as mesmas feridas, esperando assim reparar suas próprias histórias dolorosas. Entretanto, Nicole Prieur salienta o perigo de um investimento excessivo do casal e dos filhos pela pessoa adotada, prejudicando os ajustes necessários ao equilíbrio familiar.
A questão das origens pode ressurgir com muita força, quando ocorrem certos acontecimentos na vida destas pessoas: nascimentos, luto, fracasso profissional, ruptura amorosa... No livro, L’enfant et la séparations parentale’’, Diane DRORY descreve O complexo de Mosés., Ela conta o exemplo de Marie-Claire, que sentiu muito a ausência de sua mãe biológica quando ela ficou grávida : "Tua ausência, eu domino, eu a sufoco. Porém ,quando meu ventre se torna mais redondo,eu não suporto mais.. A vida mexe em mim da mesma maneira que ela mexeu contigo. E você não a enfrentou, você desapareceu." Uma etapa dolorosa, mas às vezes salvadora : "O fato de ser mãe e de não abandonar o seu bebê, repara alguma coisa da história dessas mulheres."
Sem dúvida, os homens vivem menos intensamente uma situação de abandono(...) mas, quando o pai olha o rosto de sua criança, ele acha por exemplo que ela parece com ele. Isto lhe faz lembrar, naturalmente, suas origens’’, diz Diane Drory.
UNE IDENTIDADE EM PERMANENTE CONSTRUÇÃO
Quando envelhecemos, a questão de saber donde viemos se torna mais insistente. No LeMonde.fr, Claude , 70 anos, adotado aos 2 anos, evoca sua história. "Minha vida tornou-se agora permanentemente dolorosa, embora eu nunca tivesse pensado nisso no passado. Não suporto mais o grito, o riso, a movimentação duma criança no terraço de um café", contou. Colocamos tais questões existenciais nesta idade da vida. Ora, na história dos adotados, existe um pedaço amputado que é preciso restaurar.
Os adotados interessam muito a fotógrafa Hélène Jayet, que criou um projeto fotográfico cujo objetivo é uma exposição , um webdocumentário e um livro. O projeto busca apoios para terminar a produção das imagens. Desde a escola das Belas-Artes (Beaux-Arts), seus dezenhos já falavam de identidade. Ela fotografava e filmava os adotados, dáva-lhes a palavra. Ela continua lutando para criar um documentário sobre o assunto. Seus objetivos ? Acabar com certos clichês ("Os adotados são sempre infelizes"), ajudar famílias adotivas e, sobretudo, oferecer aos adotados a possibilidade de falar sobre suas histórias. De fato, os adotados evocam com muita dificuldades o que ressentem.A resiliência, esta capacidade das pessoas a se recobrar ou se adaptar às provações da vida, depende também da criatividade. Entretanto, a resiliência não é adquirida de maneira definitiva.Nossa identidade está sempre em construção. "A resiliência do adotado é sem dúvida a aceitação, como todo o mundo, que a identidade é movediça", salienta ainda Diane Drory.A " ferida do abandono deu-me muita força, revindica Hélène Jayet. É esta força que dá uma grande sensibilidade aos adotados e uma abertura ao mundo."
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