"Ontem chorei, vi nos olhos de uma criança, um olhar sem amanhã."

* Mostrar a realidade

A minha intenção ao colocar estas postagens é de mostrar todos os problemas que envolvem as crianças abandonadas.
Tanto os problemas relacionados ao abandono, como também os traumas, as mentiras, os preconceitos. O que envolve os pais que abandonam, os pais que adotam e os filhos adotivos.
Quando se toma uma decisão de adotar é uma responsabilidade muito grande,pois se trata de um ser humano, e as marcas e recordações ficaram pra vida toda.

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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pais encontram na adoção lição de vida e amor

A paternidade é uma relação afetiva que liga a criança ao outro, ao mundo externo. O pai, diz a psicologia, é quem dá o limite, o contorno do diferente.

Hoje, garantem os psicólogos, os homens estão mais conscientes do seu papel e buscam cada vez mais atuar na construção psico-afetiva dos filhos, não apenas sendo o provedor do sustento como já foi no passado.

Esse desejo de cuidar se reflete também na adoção. A psicóloga Soraya Pereira, presidente da ONG Aconchego e que há 15 anos trabalha com a adoção no Distrito Federal, diz que o homem, quando toma a decisão de adotar, ou ser pai, é mais consciente. "Ele sabe do seu desejo e da batalha para realizá-lo e o que temos percebido nesses 15 anos é um desempenho cada vez melhor e mais proveitoso desses pais”.

Para Soraya é cada vez maior o número de homens que querem exercer a paternidade e que buscam a adoção de crianças e adolescentes. “Nos encontros sobre adoção realizados pela ONG é cada vez maior o número de homens interessados no assunto - principalmente na adoção tardia, quando o candidato não está a procura de um recém-nascido. Segundo a psicóloga, “os homens são mais tolerantes e investem no aprendizado da paternidade com muito carinho e disciplina”.

Dr. Benedito, como é conhecido, teve a vida transformada após a adoção. Médico há 38 anos, ele conheceu João Paulo nos corredores do Hospital Universitário de Brasília (HUB), enquanto fazia trabalhos voluntários no local. “Certo dia, eu fui instado por uma dedicada voluntária que visitasse uma criança na Enfermaria da Clínica de Cirurgia Pediátrica. Lá chegando, veio ao meu encontro uma criança correndo, trôpega, cabelos ralos, desnutrida, aparentando 1 a 2 anos, com colostomia, sonda na bexiga e arrastava uma bolsa coletora de urina. Ele me abraçou e disse: “papai””, lembra, emocionado. Acostumado a ver mazelas humanas, Benedito resume a experiência: “fui tocado pelo seu olhar que me convidava à uma grande e surpreendente viagem”.


Estar junto de João Paulo transmitia mais do que a vontade de ajudar, repassava uma verdadeira lição de vida. “Ele transmitia-me: olhe bem nos meus olhos, olhe forte e veja eu tenho um problema, mas não sou um problema. Venha, siga-me, eu o levarei a um mundo por todos sonhado, mas habitado por poucos. Um mundo de tolerância, generosidade, solidariedade e compaixão. Mesmo com meu sofrimento eu sou feliz e gostaria que você também experimentasse as emoções de amor e felicidade. Eu não preciso de pena ou caridade, mas de uma oportunidade de me tornar uma pessoa e ser útil ao mundo no qual eu vivo”, revela Benedito.

Naquela época, aos 64 anos, vivendo sozinho, pai de quatro filhos já adultos e avô de seis netos, ele não hesitou ao convite e ao desafio de ser pai. Foi quando começou uma longa história de superação. Não foram poucas as dificuldades devido a doença do filho, as inúmeras intervenções cirúrgicas e sofrimento. “João Paulo viveu em 20 metros no corredor daquela enfermaria por 3 anos”, relembra.

Hoje João Paulo é um adolescente de 15 anos e continua ensinando e aprendendo junto com o pai as grandes lições do amor incondicional. “Hoje decididamente não sou a mesma pessoa. A cada momento me convenço que acertei em aceitar aquele convite. Ele tem me ensinado o amor incondicional. Amor incondicional não é um sentimento focal, direcionado a uma pessoa ou coisa. É difuso, passa-se a gostar mais da vida, a acreditar que a raça humana é viável. O amor é terapêutico na medida em que cura nossos medos, dá verdadeiro sentido a vida. É transcendente, não é estático é dinâmico, gera anseio de evoluir através dele”, reflete.

Deusdedit também tem muito o que comemorar. Ele é pai de nove filhos, sendo quatro biológicos e cinco adotivos. Entre eles, gêmeos que chegaram em casa com quase 5 anos de idade. Hoje, os meninos que têm 16 anos riem ao lembrar do quanto chamava a atenção aquela família tão diferente, com pais brancos e filhos brancos e negros. Separado, hoje Deusdedit vive com cinco dos nove filhos, três adotados e dois biológicos - mas os laços de sangue não fazem a menor diferença para eles.

Geraldo vai ser pai no final do mês. Murilo será o primeiro menino de uma família também construída pela paternidade biológica e adotiva. Isadora, a filha mais velha, tem 10 anos. Depois veio Maria Vitória, que chegou por meio da adoção. A menina que está com quase três anos tem deficiência auditiva. Mas para Geraldo também não existe diferença.

Benedito, Deusdedit e Geraldo são apenas alguns pais modernos que acreditam e exercitam com consciência e determinação o cuidar, tão fundamental na vida de uma criança. São homens interessados em acertar e fortalecer a filiação e a paternidade. E acreditam que a adoção é apenas uma outra maneira de ser pai.



SAIBA MAIS

A ONG Aconchego faz palestras sobre adoção, abertas à comunidade, todo segundo sábado do mês, às 17 horas, no Colégio Leonardo da Vinci - Asa Sul (703 Sul). O Grupo de Adoção Tardia (para quem pretende adotar crianças com mais de 2 anos de idade) se reúne duas vezes por mês. Na primeira sexta-feira, às 19 horas, na sede do Aconchego CLN 106 bloco A - subsolo - loja 38). E no terceiro sábado do mês, às 9 horas no Colégio Leonardo da Vinci da Asa Sul. A entrada é sempre gratuita.



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